Punishment

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CAMILAPOV;

O silêncio na sala era tão evidente como a tensão. A Sra. Jude sugeriu aquilo que eu sabia que era inevitavel, mas eu continuava a não acreditar. Eu tinha que sair. Eu iria perder o meu emprego; lá se vai o meu futuro carro, a minha renda, o meu dinheiro. Lá se vai a Lauren. Os meus olhos se deslocaram para ela, olhando para a sua reação. A ruga entre as suas sobrancelhas tinha voltado, mas não sem uma expressão de medo e tristeza. A sua cara estava pensativa. Ela olhou pensativa para suas mãos por um momento, com a respiração firme. O seu olhar cansado veio para cima como se ela tivesse medo do que estava prestes a fazer. Eu podia ver a esmeralda nos seus olhos mesmo que não estivesse olhando para mim, o seu olhar estava fixo na diretora.

– Sra. Jude. – Ela disse, enchendo a sala com a sua voz rouca. – Não mande a Camila embora. Não foi culpa dela, foi minha. Eu... eu a ataquei. Eu a beijei à força, ela não fez nada de mal.

A sala se tornou ainda mais silenciosa. Eu não ouvi um único som. Ou talvez houvessem barulhos, eu só estava chocada demais para ouvi-los. O meu maxilar caiu imediatamente enquanto eu olhava para Lauren admirada. Eu sabia que ela sentia alguma coisa por mim, mas não imaginava que fosse tão forte a ponto disso. Eu não podia a deixar sofrer todas as consequências por isto, quando eu fui a principal culpada.

Os seus olhos saíram da Sra. Jude e vieram na minha direção. Eu percebi cada detalhe. A maneira de como suas pestanas rodeavam os seus lindos olhos, tocando no topo das suas bochechas quando ela piscava. Aqueles olhos podiam revelar qualquer coisa, se eu quisesse saber o que ela estava sentindo, bastava olhar para eles uma única vez. As suas maçãs do rosto e o seu maxilar delineavam perfeitamente a sua cara. Veias pouco proeminentes traçavam as suas mãos que descansavam no seu colo, fortes o suficiente para esmagar a cabeça de um homem contra uma parede de tijolos, mas delicada o suficiente para traçar círculos nas minhas ancas enquanto nos beijavamos. O meu olhar voltou para o seu rosto, as suas feições suavisaram. Ela estava segurando o seu lábio superior com os dentes e seus olhos estavam nervosos enquanto me encaravam. Parecia muito mais nova do que o normal, como se fosse uma criança perdida, admitindo ter feito uma coisa má à sua mãe.

Ela não quebrou o nosso olhar e eu não conseguia encontrar forças para desviar também. Se os olhos pudessem ser fortes e hipnotizantes, os de Lauren eram.

Houve um pequeno movimento da sua cabeça, tão discreto que eu duvidei que a Sra. Jude tivesse percebido. Mas eu tinha. Era como se ela tivesse dizendo que estava tudo bem, que ela iria ficar bem. E se ela dizia, eu iria fazer isso.

– Bom, nesse caso, um castigo diferente irá ser posto aqui. – A Sra. Jude falou.

Eu estava apenas ali sentada em antecipação, me perguntando o que raio o que ela iria fazer. Olhei simpaticamente para Lauren mas ela estava olhando para a Sra. Jude, então o meu olhar seguiu o dela. Sra. Jude estava fixada entre mim e Lauren como se estivesse ciente da nossa ansiedade, balançando à sua chave na nossa frente.

– Ponham as algemas em Lauren. –  Ela finalmente falou.

Os guardas deviam estar habituados à estas situações, sabendo o que fazer. Brad e outro homem avançaram e agarraram cada um dos braços de Lauren. Ela olhou com preocupação para ambos, o medo de criança continuava presente nos seus olhos. Eles rasgaram a parte da frente de seu uniforme, fazendo-o cair um pouco, expondo tudo o que estava acima da sua cintura. A minha respiração foi interrompida enquanto eles a puxavam para frente, empurrando-a para o chao, de modo a ela ficar de joelhos. A Sra. Jude levantou-se e a minha respiração se preencheu quando eles tiraram as algemas do bolso, trancando um par para cada uma das mãos de Lauren, ligando os seus pulsos aos espaços padronizados nas bordas da mesa da Sra. Jude.

– O que vai fazer com ela? – Perguntei, embora ninguém parecesse ter me ouvido. 

Estava tudo acontecendo rápido demais. A Sra. Jude abriu o guarda-roupa, ela olhou para ele durante um tempo, antes de alcançar o que estava no interior. Quando se afastou do armario, ela trazia nas mãos um longo chicote.

– Vai chicotea-la!? – Protestei com a voz mais alta e estridente do que eu pretendia.

À apenas uns segundos atrás Lauren estava sentada a meu lado, segura, enquanto estava quieta em cima das almofadas castanhas. E agora ela estava indefesa e amarrada, a ponto de suportar os mais dolorosos dos castigos.

– Eu não vou fazer isso. – Sra. Jude disse, enquanto o resto do quarto estava calado. – Você vai.

Os meus olhos se arregalaram e o meu coração bateu como uma marreta no meu peito. Eu não podia fazer isso. Eu sabia que a Sra. Jude estava fazendo isso para me testar, mas não importava, eu não podia machucar a Lauren deste jeito.

– Faça isso, Camila. Eu mereço. – Lauren disse do outro lado da sala.

O olhar da Sra. Jude me provocava arrepios na espinha. Eu havia concordado em seguir com a mentira de Lauren para não ser demitida, mas isso eu não iria fazer.

– Não. E-Eu não posso c-chicotear alguém Sra. Jude.

EspecialmenteaLauren. Eu pensei.

Os olhos da Sra. Jude escureceram por eu ter negado o seu comando. Ela provavelmente não estava habituada a ser contrariada.

– Tudo bem. – Ela disse com uma voz monótona. – Guardas, tirem a Camila daqui.

Os dois homens se afastaram de Lauren e, antes que eu percebesse o que estava acontecendo, cada um deles agarrou nos meus braços.

– Vamos! – Um dos guardas exigiu.

Lauren virou-se o melhor que podia, ficando apenas com um lado do rosto visível para me ver.

– Não toquem nela! – Ela gritou.

O seus braços ficavam vermelhos enquanto ela tentava se soltar. O silêncio anterior da sala havia sido substituído por um ruído caótico. Lauren estava gritando com os guardas que estavam me arrastando, as suas mãos me apertavam fortemente e o medo de Lauren ser machucada me fazia gritar.

– Me larguem! Não machuquem a Lauren. Foi culpa minha! Eu a beijei! – As palavras escaparam pelos meus lábios em forma de gritos, então a Sra. Jude não as entendeu.

Lauren estava gritando, eu estava gritando, e os guardas grunhiam enquanto tentavam me convencer a cooperar, pois eu pontepeava e me contorcia nos seus braços.

Apenas a Sra. Jude estava em silêncio. Eu não percebi isso na hora porque, estava sendo puxada centímetro a centímetro para fora do escritório. Embora aquilo fosse mais como uma câmara de tortura. Eu vi a Lauren. Eu podia ver a suavidade das suas costas e braços nus, músculos tensos sob a sua pele pálida, com a cabeça para o lado tentando ver o meu rosto. A sua imagem ficou distante enquanto eu me afastava do local, perto da entrada e longe da porta. Mas eu ainda a via. O meu olhar estava fixo nas suas costas, nuas e vulneravelmente expostas. Mas de repente, uma linha fina preta passou pela minha visão, o objeto descia até Lauren com força. As suas costas se arquearam de dor enquanto ela soltava um grito rouco. Substituindo a linha do chicote estava o sangue de Lauren.

E essa foi a última coisa que eu vi antes da porta de madeira se fechar.

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