A previsão anterior de "coisa ruim" que eu tinha previsto que estava prestes a acontecer, não chegou a acontecer. Bem, ainda não. Em algum lugar na minha mente eu sabia que estava prestes a chegar, que isto era apenas a calma antes da tempestade. A nossa felicidade era sempre pouca e a nossa sorte acabava rápido. Eu tinha aprendido que não devia me habituar a qualquer conforto ou esperança porque ela seria acabada no segundo em que eu começasse. Por isso, eu não gostava muito do fato de termos estado em paz durante estes dias.
Mas eu aproveitei-os o melhor possível. Porque o meu guarda parecia ser perfeitamente normal, não falava muito, me levava onde era preciso. O diabo da Sra. Jude tinha desaparecido por agora, e Ariana, Austin, e até o Norman estavam se afastando. Houve uma falta de aflições comuns que eram lançadas sobre nós.
E para não mencionar que o paraíso que a Lauren falou era muitas vezes obscurecido por tempestades estrondosas de medo, tornando-se difícil acreditar que ele existia. Mas ela parecia sempre encontrá-lo novamente. Fosse escapando para despensa, esperar que o local estivesse vazo para roubar um beijo, ou até mesmo descansar a mão no meu joelho debaixo da mesa do almoço. Havia sempre uma maneira de arranjar felicidade. Claro que não podíamos estar juntas totalmente como queríamos e precisávamos. Mas ainda havia forma de satisfazer as nossas vontades. A Lauren conjurava sempre um esquema para passar pela vigilância dos guardas; e ela fazia isso muitas vezes, não me deixando ficar muito tempo sem seu toque. Especialmente nos últimos dias, quando, talvez duas vezes por dia, nós nos encontrávamos com os cabelos emaranhados entre os dedos e os lábios sobre os lábios em algum lugar fora de vista.
Podiam juntar nossos momentos amorosos e adicionar um pouco de música para torná-los em algo de uma montagem de um filme de romance adolescente. Cada vez parecia mais emocionante e gratificante que o último.
Ontem tinha sido o meu momento favorito.
Tudo começou com a Normani e o seu livro. Ela estava sentada quando eu entrei para almoçar, se encostando satisfeita na sua cadeira de plástico. Os seus antebraços repousavam sobre a borda da mesa. Mas havia alguma coisa com ela, entre suas mãos, algo que eu tinha saudades de quando estava no meu apartamento e realmente tinha um pouco de liberdade.
– Onde arranjou isso? – Lhe perguntei, intrigada.
– Isto? – Ela perguntou, segurando o livro.
– Sim. Trouxe de sua casa para a instituição?
– Não. – Ela respondeu, enquanto Lauren observava a nossa conversa do seu lugar ao pé da mesa. – Eu peguei da biblioteca.
– Que biblioteca? – Insisti.
Um livro me parecia uma maneira perfeita de ver um mundo diferente sem ser esta confusão.
– Uma por aqui, duh. – Ela disse como se fosse óbvio.
– Espera... – Lauren cortou. – Este lugar tem uma biblioteca?
– Sim... Não sabia disso?
– Não. – Disse ela, quase chocada por não saber. – Desde quando?
– Não sei. – Disse a Normani numa voz monótona. – Parece nova, provavelmente só tem uns poucos anos.
– Como que descobriu? – Perguntei.
– Ei, vai com calma. – Disse ela, pondo as mãos para o alto dramaticamente em defesa. – Eu apenas perguntei ao meu guarda se haviam livros aqui e ele me levou lá.
Os olhos de Lauren se arregalaram em surpresa.
– Eu vou lá agora mesmo.
– Espera até o final do almoço. – Eu pedi, não contendo um sorriso. – Eu também quero ir. – Puxei uma cadeira e me sentei.
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Weckleniffe
RomanceUma nova paciente chega em Weckleniffe. Seu nome é Lauren Jauregui; Camila é uma enfermeira que trabalha na instituição. Lauren é diferente, ela é obscura, intimidante e inteligente com cada movimento seu. Havia muitos segredos escondidos por trá...