Nightmare

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Existem muitos tipos de medo. A maioria deles são egoístas. Como o medo paralisante da sua morte, o estranho e sinistro medo de estar sozinho à noite. Estamos muitas vezes com medo da dor infiltrada nas nossas próprias emoções e nos nossos próprios corpos. Às vezes é impossível não ter medo.

O pior medo era ter medo dos outros. Quando você ama alguém mais do que você se ama e o que pode ou não acontecer com ela te assusta. E eu tenho suportado este medo mais do que uma vez. Eu tinha tido medo e continuava com medo pela Lauren cada vez que ela se encontrava em algum tipo de problema, o que parecia acontecer muitas vezes. No dia em que eu ouvi o seu grito rouco na sala de terapia elétrica, eu senti um medo maior do que eu pensei ser possível.

E quando Norman se aproximou de mim, eu não fiquei assustada.

O seu uniforme era muito grande, quase um pijama. Ele tinha um sorriso repugnante e os seus dentes estavam endurecidos com um escuro apodrecimento. A sua cabeça careca e obviamente a idade fazia a sua aproximação ainda mais aterrorizante. A tatuagem de uma cobra juntamente com o descontentamento das suas feições, tornava-o o homem mais assustador que eu tinha alguma vez visto.

O ritmo do meu já avançado bater de coração acelerou quando ele estava a alguns metros. Ok, talvez eu estivesse com medo, não apenas o quanto devia estar. Mas eu iria defender a minha posição. Ele não podia fazer nada comigo aqui, com várias pessoas observando.

O Norman deslizou para a cadeira ao meu lado, e eu tentei não vomitar. Os meus nervos e o cheiro da sua horrível respiração não ajudavam.

– Se lembra de mim Camila? – A sua voz era grossa.

Eu não pude evitar o arrepio que involuntariamente percorreu a minha espinha. Não havia resposta a dar, por isso não dei.

– Você quer saber de uma coisa? Eu sonhei com você. – Ele disse sem perder tempo. – Não tem muita coisa para fazer quando se está em coma, então eu sonhei. E você estava em todos meus sonhos. E meu último sonho foi; eu tentando te tocar no escuro até que sua namoradinha apareceu e arruinou a brincadeira.

– Se colocar um dedo em mim ela te coloca em coma de novo. – Eu disse, esperando soar menos medrosa do que estava. 

O discurso do Norman era estranho e instável. Não soava bem e era evidente na sua face que algo não estava certo na sua mente. Mas ele pareceu perceber a minha resposta.

Ele não gostou. Talvez fossem as memórias da sua cabeça sendo esmagada contra a parede ou outra coisa, mas ele começou a abanar a sua cabeça freneticamente.

– Nãonãonãonãonão. – Os seus dentes estavam cerrados e as suas mãos apertando os punhos. – Ela não vai.

A expressão que ele tinha parecia zangada, como se estivesse incomodado e não desejando o pensamento que estava vindo a sua mente. E, como se eu fosse o pensamento, ele se levantou da sua cadeira frustrado e se afastou de mim. Eu suspirei aliviada. Isto tinha sido muito mais rápido e fácil do que eu esperava. Ele andou para algum lugar atrás de mim e levou os meus medos com ele.

Mas eu tinha o hábito de pensar cedo demais; Aparentemente, o seu destino atrás de mim tinha sido exatamente atrás de mim. Aquela boca nojenta estava tão perto da minha orelha que eu saltei quando ele sussurrou asperamente. 

– Não. Eu vou ter certeza de que ela não vai estar presente, e vou terminar o que comecei.

Lauren POV;

A noite estava escura. Silenciosa. Não era totalmente silenciosa, mas não havia tantos barulhos do que costumava ter. Na ausência de luzes, os meus olhos podiam apenas ver formas abstratas, mas embora invisíveis as formas eram familiares, por isso não me preocupei. O meu corpo estava deitado no topo de um colchão almofadado. Eu estava sozinha mas confortável na solidão, a escuridão do quarto me engolia num sono obscuro. Não tinha certeza de onde estava, mas isso não pareceu importar. Nada parecia importar, cada músculo do meu corpo estava muito relaxado. Eu estava segura. 

WeckleniffeOnde histórias criam vida. Descubra agora