Camila POV;
Uma semana. Exatamente uma semana desde que a Sra. Jude retirou o meu rótulo de sã e me mandou para os cantos de uma cela escura, onde eu não pertencia. Eu era agora considerada mentalmente instável para aqueles que não me conheciam. E, talvez eu fosse. Mas com certeza não o suficiente para estar presa em Weckleniffe. Este lugar era ainda mais horrível quando você é uma paciente. O que era mais irritante sobre isto era que, eu estava aqui por nenhuma razão. Eu não havia feito nada em que provasse que eu era perigosa ou louca. Mas eu estava aqui de qualquer maneira.
E se eu fosse gritar que não sou louca, isso me faria parecer ainda mais. Qualquer visitante ou jornalista não pensaria duas vezes sobre a minha sanidade. Eu estava numa areia movediça, de qualquer forma, me afundando ainda mais. A única saída era com a ajuda de Dinah ou Lily, mas elas podiam estar muito assustadas para cair em si mesmas. De qualquer forma, a palavra fuga era o único pensamento que se repetia na minha mente.
Estava tentando armar um plano de fuga, apesar de ser difícil. A segurança havia sido reforçada e nós estávamos constantemente acompanhados por um guarda onde quer que fossemos. Não havia formas de fazer qualquer coisa, mesmo remotamente suspeito sem ser pegado; eu tinha aprendido da pior maneira, quando a Lauren tinha acabado ensanguentada, com a pele rasgada. Então, por agora, estávamos as duas presas em Weckleniffe até pensar em algo útil. Presa aqui comendo comida horrível, dormindo em camas elásticas e me sentando com psicopatas.
Mas como em todas as situações, havia um lado bom; a Lauren. Não era o fato de eu estar com ela, era o fato de ela não estar mais sozinha. Haviam agora em Weckleniffe duas pessoas racionais que tinham sido acusadas injustamente. Nós podíamos conversar, jogar Clue e encontrar uma maneira de sair daqui juntas. Ela tinha a mim e eu tinha a ela. Mesmo que ficássemos presas aqui por muito tempo, então, pelo menos, iríamos enlouquecer juntas. Nenhuma de nós teria que passar por isto sozinha.
E, eventualmente, ambas iríamos escapar. Tínhamos que escapar. Eu tinha prometido a Lauren vezes e vezes sem conta que iríamos. Essa era a única maneira de eu enfrentar isto, se eu dissesse a mim mesma que não ia demorar; eu esperava encontrar uma saída. Eu tinha que manter a esperança acesa, porque esperança era o que ainda me restava.
Do lado de fora eu não tinha muita coisa. Apenas eu e as coisas no meu apartamento. Mas pelo menos tinha liberdade, as escolhas e as oportunidades. Em Weckleniffe eu não tinha nada disso. O que eu tinha, era uma compreensão muito mais clara de Weckleniffe. Em vez de ser apenas o meu local de trabalho, agora era a minha casa. E passar aqui uma semana me fez abrir os olhos para um monte de coisas que eu normalmente não iria notar. Agora, quando vou para uma das atividades diárias criadas para pacientes “melhorarem”, eu passei pela entrada. Entrando pela porta lateral como empregada, eu não tinha visto este lugar. Mas agora, percebia cada dia, e eu pensava muito nisso.
Haviam crianças, mães e pais à espera para serem atendidos. As suas mentes sãs estavam escorregando e eles queriam a admissão para eles mesmos ou para os seus entes queridos. Eu queria tanto poder dizer à eles que este não era o lugar que eles pensavam que era. Ou isso, ou pedir ajuda para sair daqui. Mas novamente, ao implorar para sair apenas iria piorar as coisas em vez de as melhorar. Essas pessoas iriam provavelmente olhar para mim com medo e esperariam que um guarda me levasse. Era uma coisa engraçada realmente, o quanto o rótulo de loucura podia mudar as coisas. Quando as pessoas me viam passar pelo arco, entre a entrada e o resto da instituição, medo invadia os seus olhos e eles desviavam o olhar como se tivessem medo de encontrar o meu. Eles nem sequer tinham conhecimento do por quê eu estava em Weckleniffe, mas assumiam que eu era louca e isso os assustava.
Se eles soubessem...
Eu também tinha percebido que haviam mais médicos e psicólogos rastejando em torno deste local. Normalmente eu iria trabalhar, fazer o meu trabalho, e depois sair sem falar com ninguém, exceto Dinah, Lily e Lauren. Mas estando aqui por um total de 168 horas até agora, eu tinha visto muitas mais pessoas com casacos brancos e fatos agradáveis. Ao descer os corredores, eu normalmente não via. Eu via muita gente, eu não interagia com eles. Eles pareciam ser terapeutas e doutores/enfermeiros por todos os corredores e eu ainda não tinha visto todos eles. Isto para não mencionar os empregados da Ala C.
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Weckleniffe
RomansaUma nova paciente chega em Weckleniffe. Seu nome é Lauren Jauregui; Camila é uma enfermeira que trabalha na instituição. Lauren é diferente, ela é obscura, intimidante e inteligente com cada movimento seu. Havia muitos segredos escondidos por trá...