Lauren POV;
Visão. Audição. Tato. Paladar. Olfato. Os comuns e vulgares cinco sentidos. Todos eles são usados ao longo de cada dia da tua vida. Eu tinha aprendido muito rapidamente, porém, estes não eram tudo o que haviam. Havia um outro sentido, o sentido de sentir. E não era como o sentido do tato, para sentir um tecido ou uma superfície lisa. Não era esse tipo de sentimento, mas sim algo dentro de você. Os cinco sentidos incluem a experiência de muitas coisas, mas não dor. Não o amor. Não o medo. E esse sexto sentido, o sentido de sentir, era o pior de todos, porque era o único que existia em meus pesadelos.
Eu não me lembro do toque quando acordo. Eu não me lembro de ver alguma coisa para provocar o medo. Não me lembro de todos os sons horríveis, gostos terríveis, ou maus cheiros. Eu só me lembro de sentir. O que senti não era certo mas era algo horrível. Talvez tenha sido a dor de ser chicoteada na pele das minhas costas, era nada além de uma confusão de costas sangrentas. Talvez tenha sido a tortura horrível de sentir cada nervo, músculo e osso do meu corpo tremendo com espasmos elétricos. Ou talvez fosse a dor mais profunda da perda de entes queridos que fizeram os pesadelos tão aterrorizantes.
Aquele que eu tive esta noite foi o pior de todos até agora. O meu corpo subiu tão de repente que doeu, como um rumo, um grito estrondoso rasgou a minha garganta. A única coisa que se ouviu foi o grito rouco de loucura sendo ecoado pelos corredores no meio da noite. O meu peito arfava e o meu corpo estava encharcado com meu próprio suor, quente com adrenalina induzida pelo sono bombeando nas minhas veias. Por um momento eu estava paralisada de medo e os meus olhos estavam arregalados enquanto eu procurava por um vislumbre de luz. Eu não podia ver e todas as ideias de onde eu poderia estar eram ausentes. Mas depois me lembrei; Weckleniffe. Sim, isso era onde eu estava. Na minha cela. Foi apenas um pesadelo. Os horrores que deixaram de ser lembrados não eram reais. Ou talvez fossem, mas não estavam presentes no momento. Agora, eu estava bem.
– Foda-se. – Respirei.
E juntamente com uma onda de alívio, os sentidos voltaram. Eu pude sentir a alvenaria das paredes estreitas e mal ver os meus lençóis brancos. Eu pude ver meu uniforme espalhado pelo chão, estava vestindo apenas minha calcinha e sutiã durante a noite aparentemente por causa do calor. Debaixo de mim eu conseguia sentir as molas do colchão e as gotas de suor na minha testa. Eu pude ouvir minha respiração obsoleta e meus próprios suspiros no ar. Pude cheirar este lugar sujo. E, o melhor de tudo, eu não senti nenhuma dor. Foi a primeira vez que eu estava realmente feliz por estar deitada naquela cela, em vez de noutro lugar.
Seria muito melhor se tivesse Camila do meu lado, para acalmar meus medos vagos e vir novamente à realidade. Mas ela estava a um corredor de distância. Eu me perguntava o que ela estaria fazendo. Também estava tendo pesadelos? Ela acordava desejando que eu estivesse do seu lado? Ou ela tinha sorte e conseguia dormir? Não havia forma de descobrir, por isso, tudo o que eu podia fazer era me encostar à parede fria, me enrolar no lençol enquanto dava o meu melhor para ficar acordada.
Camila POV;
As palavras frequentemente utilizadas para este estado anual de mim e da Lauren é esta: Falta de noção. Nós não estávamos só numa perda de conhecimento no amor, mas também na evasão.
Nas camadas mais íntimas da realidade onde a presença foi exigida, o amor era o que tinha tendência. Eu nunca tinha estado encantada por esta mistica magia, e a Lauren tinha uma vez. Mas, considerando que desta vez ela estava sob circunstâncias diferentes, ambas estranhávamos o sentimento. E, apesar do que todo mundo diz, o amor tem sido bem fácil até agora.
Este fato de amor devia ter me acalmado, já que a maioria usa ele para infundir felicidade. Mas havia outra camada de realidade.
E esta foi certamente a fuga vital. Nós precisávamos escapar deste inferno e precisávamos fazer isso o mais rápido possível. Mas muito parecido com o amor, nós não éramos exatamente peritas. Nenhuma de nós já tinha escapado de uma instituição mental antes. E a feliz briza do nosso caminho uma pela outra fez pouco para disfarçar o peso da tarefa em questão. Tudo o que tínhamos eram vagas ideias fantasmas, pensamentos que eram difíceis até pensamentos de como sair daqui. Primeiro, nós iríamos precisar de um mapa, ou talvez apenas um simples desenho de Weckleniffe, para encontrar uma possível saída.
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Weckleniffe
RomanceUma nova paciente chega em Weckleniffe. Seu nome é Lauren Jauregui; Camila é uma enfermeira que trabalha na instituição. Lauren é diferente, ela é obscura, intimidante e inteligente com cada movimento seu. Havia muitos segredos escondidos por trá...