Weckleniffe

She's frightening

Camila POV;

Cordelia estava morta.

Este era um fato que eu admitia com grande pena, Lauren estava habituada a perder pessoas. Me partia o coração com esta verdade, mas todos os que a amavam tinham-se perdido nas mãos da morte. Por isso, a morte de Cordelia, embora ela tivesse tomado a responsabilidade e a culpa sobre os seus próprios ombros, não doía tanto o coração.

Mas eu, no entanto, não estava habituada. Eu tinha a sorte de não ter passado por muitas perdas durante minha vida. Então, a Cordelia, embora eu não tinha a conhecido muito bem, ela deixou uma raiva e uma tristeza dentro de mim que me deixava com um humor horrível.

Mesmo agora que estávamos pintando para deixar sair as nossas emoções como algum tipo de forma ridícula de terapia, uma atividade que eu esperava desde o primeiro dia da minha entrada, tudo o que eu podia fazer era me sentar e olhar para a tela em branco. Os outros pacientes estavam espalhados por todo o lado da divisão, arrastando vigorosamente os pincéis sobre a tela. E eu não senti nenhum pingo de inspiração considerando os acontecimentos.

E eu fiquei ali pensando em nada, até ouvir uma voz rouca perto do meu ouvido.

– Essa sua tela em branco está incrível, amor. Diz muita coisa.

Pulei surpresa, virando-me para encontrar o rosto de Lauren que pairava sobre o meu ombro. Eu ri quando ela me deu um sorriso pateta.

– Está mesmo maravilhosa, não é? Eu sou uma grande artista. – Eu disse sarcasticamente. Depois, mais séria, acrescentei. – Eu simplesmente não consigo pensar em nada.

– Eu estou falando sério. – Argumentou ela, caminhando até a tela. – É fascinante. Esta arte está falando comigo.

– Cala a boca. – Eu ri. – Vamos ver se consegue pintar alguma coisa.

– Ok. – Ela concordou, aceitando o desafio.

Havia uma mesa perto de mim cheia de cores e pincéis. Ferramentas inofensivas para os grupos de pacientes pintarem. Lauren escolheu um azul profundo e um pincel grande e grosso. Ela agitou a tinta e eu observei-a girar sua pequena tampa, antes de molhar o pincel com cor e sacudir o punho na direção da tela. Ela criou manchas salpicadas em todo o espaço em braco.

Repetiu a ação, mas antes disso agitou seu pulso na minha direção. Soltei um pequeno grito quando o líquido colidiu com a minha bochecha. Lauren começou a rir e eu tentei evitar que o meu sorriso crescesse.

– Por que fez isso!? – Exigi, rindo.

– Eu não sei. Acho que foi apenas para aliviar o humor. 

Ela deu um passo na minha direção com o pincel, mas eu agarrei seu pulso com minha mão antes dela se aproximar. Ela deve ter visto o meu sorriso desaparecer rapidamente, porque suspirou, e depois seu sorriso também desapareceu.

– Olha, eu sei que foi difícil receber aquela notícia. – Ela me disse. – Mas nós não podemos ficar assim. Eu sei que ela tinha um filho e que não merecia isso, mas se nós continuarmos a pensar nestas coisas tristes vamos ficar loucas. Não podemos fazer nada sobre isso.

Assenti e forcei um sorriso, mas ainda não sentia que o assunto estivesse resolvido.

– Ei, olha para mim. – Pediu Lauren, colocando sua mão na minha bochecha. – Não pense muito nas coisas que estão acontecendo aqui. Eu vou te tirar daqui um dia. Eu prometo que não haverá mais mortes, cirurgias ou torturas. Vamos fugir e eu vou te manter segura, ok?

– Ok. – Assenti com a minha cabeça contra sua mão enquanto ela me puxava, juntando os nossos lábios.

Nós fomos apenas poupadas uns segundos antes de chamarem nossa atenção, por isso, o beijo terminou cedo.