Escape

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Os meus olhos quase saltaram dos seus lugares e eu me tremi de medo quando Ariana me disse àquelas palavras.

– Não. – Eu sussurrei, não querendo acreditar.

Ariana virou a sua cabeça para trás e deixou escapar um riso abafado, o seu peito vibrava contra o meu enquanto ela ria.

– Sim, é verdade. Deus, Camilinha, eu esperei por este momento durante meses. – Ela disse, e eu me encolhi com o apelido. – Eu só tinha de te trazer aqui, para a minha casa, mas precisava da sua confiança antes. E eu sabia que a ia ter, eu tinha os meus olhos postos em você desde que chegou a Weckleniffe. Você é tão linda, com esse lindo cabelo comprido. – Ela disse encantada, torcendo um fio do meu cabelo nos seus dedos.

Os meus lábios estavam tremulos e o meu corpo tremia, tentando me mater afastada dela enquanto ela permanecia como se eu nunca a tivesse desafiado.

– Sua pele é tão adorável. – Ariana disse num sussurro.

Os seus dedos arrastaram-se levemente nos meus braços, depois no meu pescoço, e no meu rosto. Com cada arrasto do seu dedo, o meu coração começava a bater mais rápido e mais rápido, como se estivesse prestes a explodir no meu peito. Virei a minha cabeça para o lado mas isso apenas lhe permitiu mais acesso para o outro lado do meu rosto.

– A Sra. Jude disse que você tinha estado fora da cidade quando aquelas moças foram assassinadas. – Eu disse como se a afirmação fosse fazer algo de bom. 

Lágrimas agora estavam caindo livremente dos meus olhos.

Recebi outra risada alta em reposta enquanto o seu dedo percorria a parte de baixo dos meus olhos para parar as lágrimas.

– Não é surpresa nenhuma ela ter dito isso. Quer dizer, é claro que a minha própria mãe iria me proteger.

Com o medo se sobrepondo aos meus pensamentos, levei um pouco para processar o que ela tinha dito. A Sra. Jude era sua mãe.

– Mas chega de conversas por agora, querida. Vamos nos diveritr. – Ela sussurrou, com a sua respiração descendo até o meu pescoço.

Eu vou morrer.

Neste momento, eu pensei em Lauren. Ela tinha razão em relação a Ariana todo este tempo, eu devia tê-la ouvido. Ela tinha perdido a Emily para esta mulher cruel que eu já pensei ser minha amiga. E agora ela iria me perder. Eu imaginei-a em sua cela, lágrimas caindo dos eus olhos enquanto ela se lamentava ainda mais pela morte de mais uma pessoa que se preocupava com ela. Mas não, eu não podia deixar isso acontecer. Ela não marecia isso. Eu tinha que sobreviver.

Esta nova descoberta misturou força com o meu medo e adrenalina cresceu dentro de mim. Os meus músculos gritavam para eu fugir enquanto Ariana tirava uma faca de seu bolso.

Lançei o meu joelho até à sua virilha e imediatamente pisei-a com o meu sapato. Estava agradecida por tê-los calçados. Ariana grunhiu em dor enquanto se inclinava, me largando. Eu me virei e corri mas Ariana foi rápida em se recuperar. Ela correu atrás de mim e agarrou num livro grande da mesa de centro no meio da divisão, lançando-o para a minha cabeça. Ela acertou no seu alvo e o objeto me bateu, deixando a minha cabeça rodando com o impacto. Se o objetivo era me deixar inconsciente, ela quase conseguiu.

Eu ainda conseguia pensar, a minha mente cambaleava enquanto o meu corpo cambaleava junto. Ariana caminhou para perto de mim, com os seus olhos percorrendo pelo meu corpo em busca de movimento. Mas eu não me atrevi a mexer um músculo. Deixei-a pensar que eu estava inconsciente.

– Mmm. – Ela murmurou em aprovação.

Ouvi os seus passos desaparecerem pelo corredor, abrindo imediatamente os meus olhos para poder observar o local em busca de uma arma improvisada. Mas não havia nada para ser encontrando. Cedo o suficiente, ouvi Ariana voltando, tendo pegado seja o que fosse que ela precisasse. Eu tentava pensar rápido, mas eu não tinha tempo para pensar, por isso, agarrei no objeto mais próximo; um pedaço de madeira para a lareira. 

– Ahhh! – Gritei, esmagando o pedaço de madeira na sua cabeça com a máxima de força possível.

Assim que a minha arma temporária desceu, o corpo de Ariana caiu no chão imóvel. Não perdi tempo para ver se ela estava consciente ou não e os meus pés me carregaram até porta a fora. Corri pela relva e pelos bosques. Eu corria o mais rápido que as minhas pernas podiam me levar. Eu acelerei o máximo que podia, criando o máximo de espaço possível entre mim e Ariana.

Porque eu sabia que ela viria atrás de mim, e as probabilidades de eu sobreviver eram menores a cada passo que eu dava.

DINAH POV;

Acordei assustada, um som parecido com uma batida na porta me acordou do meu sono. Os meus olhos se abriram rapidamente enquanto eu inclinava a minha cabeça em direção à porta, ainda sonolenta e pouco consciente. Me concentrei no barulho e tentei decifrar se o som era real ou se eu estava sonhando. Mas não ouvi nada. Tinha sido um sonho, eu decidi e me virei, tentando adormecer novamente.

Ouvi outra batida.

Me sentei rapidamente, encarando a porta do meu quarto. Eu tinha definitivamente ouvido desta vez. Alguém estava na minha casa. Eu puxei as minhas pernas para o lado da cama, me afastando do lençol quente. Espreitei apreensiva pela porta, abrindo-a o mais silenciosamente possível.

– Quem está aí? – Eu perguntei. Não responderam.

Caminhei mais pela escuridão, prestes a entrar na cozinha até ouvir um barulho de respirações ofegantes, como o barulho de um peixe fora da água. Acendi o interruptor à minha esquerda, revelando a fonte dos sons misteriosos.

Assim que a luz iluminou o espaço da minha cozinha, me engasguei com a vista atrás de mim. Camila estava deitada à frente da porta como se estivesse incapaz de estar de pé devido à exaustão evidente no seu corpo. Eu corri até ela rapidamente, caindo de joelhos a seu lado.

– Meu Deus, Camila! Você está bem!? O que aconteceu!?

Ela mal sacudiu a cabeça em resposta, como se não tivesse energia suficiente para isso. A sua garganta estava repleta de exaustão, respirando irregularmente. O seu coque que costumava estar no topo da cabeça tinha caido em ondas bagunçadas ao longo das suas feições, e o seu uniforme estava manchado de relva tal como o seu doce rosto. O seu joelho estava raspado e um pouco de sangue caia de sua ferida para o meu carpete.

– Alguém te machucou!? – Eu perguntei.

O seu corpo tremulo e as suas bochechas coradas cheias de lágrimas me diziam que um criminoso estava envolvido. A maneira cansada dela assentir com a sua cabeça me deu mais uma confirmação. Eu não iria interrogá-la mais, ela não estava muito pronta para uma conversa no momento.

– Ok. – Eu disse. – Vamos te levar para o sofá.

O meu braço se curvou abaixo da sua cintura, arrastando-a para a sua posição, atravessando a porta. Ela me forneceu alguma ajuda, arrastando os seus pés pelo chão enquanto eu a levava para a outra divisão. Soltei o seu corpo nas almofadas e corri para o cozinha para pegar um copo de água e curativos para os seus joelhos.

Andei de volta na sua direção com os objetos em mãos, deixando-os na mesa de centro ao lado do sofá. A respiração de Camila tinha se estabilizado um pouco, e o seu corpo tremulo tinha diminuído de intensidade. Eu lhe dei o copo de água e ela o tirou de minhas mãos, engolindo audivelmente o conteúdo do copo em segundos, deixando sair um grande suspiro assim que acabou.

– O-Obrigada. – Ela disse claramente apesar da sua voz ter uma rouquidão imensa. 

Eu assenti e esperava pacientemente pela sua história me sentando no sofá, ao seu lado. Ela olhou para mim, um choque aparecendo nos seus olhos assustados.

– V-Você n-não vai acreditar no que acabou de a-acontecer.

WeckleniffeOnde histórias criam vida. Descubra agora