Weckleniffe

Mysteries

Cynthia Porter. Esse era o nome dela. Eu sabia quem era Cynthia Porter, eu tinha falado com Cynthia Porter, eu gostei da Cynthia Porter. Eu tinha lembranças dela, embora fossem poucas, elas continuavam a ser memórias. Ela estava na instituição como uma paciente. Ela tem estado no escritóri da Lily para os check-ups mensais. O único problema é que ela não existia. Ou pelo menos, a Sra. Jude não sabia. Lembrei-me como essa teoria de perplexidade tinha acontecido à alguns dias, quando fui ter com a Lily e lhe perguntei se a Cynthia deveria estar na cirurgia. Lily não parecia se lembrar de Cynthia, mas ela disse que estava ficando velha e estava tendo mais dificuldade em lembrar-se de todos os pacientes daqui, por isso era normal. Mas, ela afirmou que não tinha admitido ninguém à cirurgia na semana passada.

Então o que lhe aconteceu? Como a Lily não sabia nada dela, fui ao escritório da Sra. Jude para saber mais sobre a situação. Eu estava nervosa enquanto falava com ela. Não só porque ela é minha chefe, mas porque é uma pessoa intimidante, em geral, com a sua atitude condescendente e superior. Ela estava surpreendida ao me ver entrar e ficou ainda mais quando eu lhe disse o que aconteceu. Questionei-a sobre o misterioso funcionário e sobre o que aconteceu com a Cynthia e ela me respondeu. 

– O funcionário que você viu pode ter sido o Connor que acabou de ser transferido do segundo andar. Ele é completamente inofensivo. E quanto a essa garota, você deve ter se enganado. Supervisiono tudo o que se passa em Weckleniffe e, como a Lily disse, não houve qualquer cirurgia na semana passada. Tem certeza se Connor não foi lá sozinho para obter suprimentos ou algo assim? – A sua expressão era condescendente e a sua voz me fez lembrar a de uma bruxa gargalhando.

– Não, ele tinha uma paciente com ele. Por isso é que eu estava confusa. – Expliquei. – Eu não sei porque isto aconteceu e eu estou preocupada.

A Sra. Jude suspirou com irritação.

– Qual era o nome da paciente? – Perguntou ela.

– Cynthia Porter. 

Assim que eu disse o nome, algo mudou. O rosto da Sra. Jude brilhou numa expressão que eu não conseguia decifrar. Podia ser estresse ou até mesmo preocupação. Mas não havia nenhum vestigio de qualquer emoção agora. As suas feições se tornaram frias e duras segundos depois. Ela permaneceu em silêncio por breves momentos, parecendo reunir os seus pensamentos, e me olhou então bem nos olhos.

– Você deve ter se enganado Camila. Não há aqui nenhuma paciente com o nome Cynthia Porter.

Eu podia sentir as minhas sobrancelhas unidas em confusão com aquela declaração. Isso não podia ser verdade.

– Sra. Jude, eu não quero contradizê-la mas existe sim. Eu já falei com ela e a vi à poucos minutos atrás.

A Sra. Jude continuou a argumentar comigo. Ela continuava a negar a existência de Cynthia nesta instituição, o que era uma absoluta palhaçada. Lhe descrevi a Cynthia, tentando refrescar a sua memória. Andamos às voltas no assunto e eu tentei ser o máximo educada possível para a minha chefe, ainda que, a minha paciência estivesse acabando. Mas, eventualmente, exigi que ela verificasse os seus arquivos para encontrar o nome.

– Olhe nos seus arquivos, o nome dela está lá; tem que estar. – Eu disse.

O que ela fez a seguir me irritou e me preocupou. Ela riu para mim, mas foi uma risada de desprezo condescendente como se ela tivesse pena de mim.

– Camila, querida, eu sei de tudo o que se passa em Weckleniffe. Conheço cada membro da equice e cada paciente e posso lhe garantir, não há aqui uma única pessoa com o nome Cynthia Porter. Você deve estar vendo coisas. Você está bem? – Perguntou ela sem um pingo de preocupação na sua voz.