Tomorrow

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Lauren POV;

Começou um pesadelo.

Os dias se arrastavam através de gritos e sussurros loucos, minutos que não acabavam e pouco tempo passado com a Camila. Era dormir, tomar café, almoçar, jantar, dormir outra vez, tudo isso com as atividades de grupo de merda pelo meio. Era uma rotina. Nada estava fora do comum, estava tudo normal para uma instituição mental. Os funcionários estavam trabalhando e os pacientes faziam o que eles sabiam fazer de melhor; nada.

Ou pelo menos era isso que acontecia a todos, exceto ao nosso pequeno grupo de quatro. Lily e Dinah estavam nos dando discretamente o que precisávamos com o máximo de cuidado, enquanto eu e Camila dávamos o nosso melhor para sairmos rapidamente.

E eu tinha que ser gentil com a Lily e Dinah porque elas estavam arriscando o emprego por nós. Apesar de não conseguir muito eu estava realmente agradecida, especialmente com a Lily que tinha sido sempre simpática. Elas pareciam torcer realmente por nós.

E agora nós tínhamos um plano em andamento. Era muito arriscado, muito específico. Mas se tivéssemos mesmo a oportunidade de sair daqui nas próximas duas semanas, eu estava pronta. Porque cada segundo com a Camila me torturava ao saber o que podia acontecer se ficássemos aqui. Eu precisava tirá-la daqui, e rápido. 

E então eu tive um pesadelo.

Estava frio e escuro e eu estava completamente alheia de qualquer perigo que me espreitasse. Só que de repente comecei a correr. Eu não conseguia lembrar do quê exatamente, mas tudo o que eu via era o esboço fraco das árvores desfiguradas. Os meus pés me levavam juntamente com o vento no meu cabelo passando pela minha pele. Eu corria e corria, como se estivesse numa competição, corria com uma velocidade que meus pulmões fumadores mal conseguiam me acompanhar. E algo como uma corrente elétrica de adrenalina atravessou o meu corpo. Comecei a sentir uma excitação surgindo dentro de mim enquanto eu simplesmente corria através da relva com meus pés descalços. O vento me levava com ele enquanto rugia nos meus ouvidos e o meu coração batia aceleradamente. Eu tinha estado presa por tanto tempo e me sentia finalmente invencível naquele momento.

Presa. A minha mente alegra ponderou isso. Presa? Onde eu estava presa?

Weckleniffe.

De repente me lembrei porque estava correndo. Os meus passos rápidos começaram a diminuir e o meu sorriso começou a desaparecer. Havia algo que eu estava me esquecendo. Faltava alguma coisa. As minhas pernas desaceleraram. As árvores agora estavam mais visíveis sob a luz da lua, isso me dava uma sensação de perigo. Comecei a andar. Um corvo que voava pelo céu crocitou como um outro aviso.

O meu coração ainda pulsava como louco no meu peito, mas não da exaustão. O ar frio batia sobre a minha pele. Havia uma sensação sinistra no ar. Ele me arrepiava. 

Mas eu continuei andando relutantemente através da névoa, pela relva e árvores intimidadas. Meus olhos avistaram uma espécie de lago. Mesmo isso não parecendo estar certo, eu me aproximei da borda e fiquei lá por um momento, ouvindo os sons que confirmavam as minhas suspeitas de medo. Olhei para o cinza pálido nas ondulações sobre o crepúsculo à procura de um possível predador.

Havia algo na água. Escuro e enrolado em si mesmo. Eu decidi dar um passo, a minha bota tocou no lago gelado. E, em seguida, outro passo. E novamente mais um, até que a imagem ficou mais clara. Era o cabelo de uma garota, flutuava como um peso morto. Eu podia sentir o sangue escorrendo do meu rosto. E, eu não queria virá-la porque eu sabia que não era só uma garota, mas sim uma garota morta, a fonte do meu medo. Mas ainda assim, a minha mão se estendeu sobre as suas madeixas escuras. Estremeci e relutantemente virei-a.

WeckleniffeOnde histórias criam vida. Descubra agora