59. O que é que eu fiz?

302 35 1
                                    

Olá.

Antes de mais, desculpem por ter estado tanto tempo sem atualizar, mas além de falta de inspiração, também tenho tido falta de tempo. 

Espero que gostem e boas leituras!

PDV Guilherme

- Eu ainda não acredito que tu e o Gabriel se entenderam… - Comentou o António depois de ouvir a minha aventura do dia anterior.

- O mais esquisito foi quando ele perguntou o que eu tinha que ele não… - Falei ainda estranhando as minhas palavras. – Ele não tem tanta confiança como aparenta. – Comentei.

O Gabriel para mim, desde do primeiro dia, era um exemplo de um rapaz confiante nas suas capacidades, que não se sentiria inferior a quem quer que seja. Mesmo nos treinos ele mostrava algo que mais ninguém tinha, nem mesmo eu, que apesar de tudo considero ter uma auto-estima razoável. Todos o respeitavam e isso era o que eu mais admirava nele.

- Tu tens uma imagem dele que não corresponde necessariamente à verdade. – Falou o António, enquanto acenava a uns rapazes que passaram por nós.

- O que é que sabes dele?

- Algumas coisas. – Respondeu vagamente.

- Mas vocês dão-se? – Insisti. Notei que quando foi a confusão com a Lúcia a relação deles não era a melhor. Havia ressentimento no olhar e nos gestos deles, no entanto não estava com disposição para comentar o assunto no momento e acabei por adiar.

- Não.

- Porquê?

- Não interessa.

- Então e qual foi a razão para o Sandro te ter ligado quando eu fui à procura da Lúcia? – Perguntei, aproveitando a deixa.

- O que é que isso tem a haver? – Questionou, ignorando subtilmente a minha pergunta.

- Pelo que sei não são amigos, e aliás quando tiveste no hospital e eu te fiz a mesma pergunta, tu disseste que explicavas mais tarde. – Respondi, mostrando gloriosamente a minha magnífica memória.

O António não falou, ia para falar, contudo, conteve-se, e eu não insisti. Ele ia falar, eu sabia que sim, apenas tinha que ser paciente.

Chegamos à sala e sentamo-nos nos bancos de pedra frios, sentindo o meu corpo a gelar, quando contactei com a pedra fria. Notei que ele tentava construir uma linha de pensamento, ou pelo menos tentava conversar. O António precisava de confiar em mim, ou em alguém, para libertar o peso que estava sobre ele.

- Porque é que és tão cusco? – Perguntou.

- Não sei, já minha mãe queixa-se do mesmo. – Respondi, fazendo-me desentendido. Ele deu uma gargalhada.

- Eu tenho um ódio ao Sandro. – Afirmou, não fiz perguntas, apenas me mantive em silêncio à espera que ele continuasse. – Eu namorei com a Sara no ano anterior. Eu gostava, não, ainda gosto – Corrigiu. – Muito dela, contudo ele não aprovou a nossa relação. – Na voz dele identificava-se o desprezo que ele sentia e a dor. – Ninguém lhe pediu opinião, mas ele, senhor do mundo – exagerou, transbordando raiva pelos olhos vermelhos. – Achou que eu não era digno da irmã.

- Estás a gozar? – Perguntei estupefacto.

- Não. – Respondeu saturado. – Ele afirmou-o na minha cara. “A minha irmã nunca namorará contigo”. – Exemplificou. – A Sara nunca teve um namoro por causa dele. O Joel é apenas um acessório, nada mais…

Engoli em seco. Eu tinha noção que o Sandro não era flor que se cheirasse, no entanto, não o via tão retrógrado e tão controlador. Ele estava a condenar a vida da irmã, e ainda pensava que estava a fazer uma grande coisa.

Love Will Tell Us Where to Go || ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora