10. O Bilhete Maldito

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PDV. Lúcia

Não acreditava no que estava a ver, não acreditava que me tinha esquecido que o atrasado do dia anterior andava na minha escola.

Li vezes sem conta aquele bilhete maldito que dizia “Estás linda hoje, mas não me esqueci de ontem, tenho algo que quero terminar”

Não podia acreditar, estava nas mãos dele, e não podia fazer nada para mudar isso. Não o podia denunciar, ia arranjar mais problemas, apenas podia rezar para que ele encontra-se outro alvo e se esquecesse de mim mais cedo ou mais tarde. Estremeci ao ver uma sombra, na minha frente, ainda pensei que fosse ele, mas depois pensei “Ele não é burro o suficiente, para me ameaçar á frente de tanta gente”, levantei a cabeça lentamente, retirando os olhos do bilhete, como medo do que pudesse ver, mas era apenas o Guilherme.

- O que se passa? – Disse eu com um olhar preocupado.

- Nada, não se passa nada. – Disse eu fechando o bilhete, que ainda se encontrava nas minhas mãos.

- Esse bilhete é dele não é? – Disse ele me olhando nos olhos.

- Que bilhete? – Disse eu, enquanto acabava de o meter no bolso do casaco.

- O que estavas a ler com um ar preocupado. – eu revirei os olhos – Lúcia, olha para mim. – eu olhei contrariada e interrompi-o

- Porque é que dizes que eu recebi um bilhete dele? – disse arqueando as sobrancelhas.

- Porque ele está ali ao pé das grades a olhar para ti como um cão a olhar para um naco de carne. – á medida que ele ia falando, a minha expressão facial foi mudando, a minha respiração acelerou e um nó na minha garganta se formou, impedindo-me de falar. Ele olhou para mim, com um olhar terno, colocou a mão dele sobre a minha lentamente e falou – Eu estou aqui para o que precisares, pelo que parece sou o único que sabe. – ele suspirou – Tens a certeza que não queres fazer queixa?

- Vai ser pior… - disse eu trincando o lábio inferior – Desculpa…

- Desculpa, porquê? – falou ele confuso

- Porque mal te conheci meti-te logo nesta confusão, porque só te dou trabalho, porque estraguei o teu momento com a Andreia, porque só… - ele interrompeu-me.

- Primeiro, fui eu que me meti na confusão, porque fui eu que te ajudei, porque eu quis. Segundo, não estás a dar trabalho, porque nem sequer me deixas ajudar-te. E terceiro, não estragas-te nenhum momento com a Andreia, porque ele nunca existiu. Ok? – eu sorri fraco, não sabia o que dizer, ele estava a ser tão prestável, amável…

Os meus pensamentos foram cortados, quando eu vi alguém a vir na minha direcção, a minha respiração que já tinha voltado á normalidade, tinha voltado a acelerar, o nó na garganta tinha voltado a tentar formar-se, a minha expressão facial também estava a mudar. Quando o sujeito se aproximou é que eu reparei que era apenas o António. Mas será que agora cada vez que uma pessoa se aproximar de mim, eu vou entrar em eclipse, cheia de medo?

Ele chegou-se ao pé de mim e do Guilherme, ao chegar lançou um olhar meio esquisito ao Guilherme, que eu não entendi, mas ele apenas revirou os olhos, “Deve ser alguma coisa deles”, pensei eu.

- Estás bem Lu? – Perguntou ele com um ar preocupado. Mas será que hoje toda gente se preocupa comigo?

- Sim, estou. – respondi, mostrando um sorriso fraco.

- De certeza? – eu acenei afirmativamente com a cabeça. – Estás com uma cara tão preocupada…

- É impressão tua António. – disse o Guilherme, antes que eu pudesse falar alguma coisa. – A Lúcia está ótima. Simplesmente teve um pequeno arrufo com o Gabriel. – ele piscou-me o olho, eu apenas concordei com o que ele estava a dizer.

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