53. Era disto que eu precisava.

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PDV. Lúcia

                Saí do hospital dois dias depois. Infelizmente em nenhum desses dias consegui ter contacto com o Guilherme. Pelo que o meu irmão me disse, ele estava noutra ala, e não me queriam deixar ir ter com ele. Gritei, disparatei, mas ninguém me deu ouvidos, e proibiram-me de sair do quarto. A única coisa que sabia dele, era que tinha o braço partido, e a perna não estava muito boa, mas voltaria à escola na mesma altura que eu.

                Sentia-me culpada. Tudo o que tinha acontecido era culpa minha. O Guilherme estava magoado fisicamente, por minha culpa, e de certeza que também estava afetado psicologicamente.

Não parti nada, apenas tinha os pulsos, e os tornozelos doridos e com marcas de ter estado amarrada com força, mas se fisicamente não estava muito mal, psicologicamente estava arrasada. Cada vez que fechava os olhos, via-o a vir para cima de mim, a beijar-me, e não conseguia estar calma até voltar a abrir os olhos, e perceber que estava tudo bem, mas também aí tive um problema, quando abria os olhos via tudo escuro e entrava em pânico, como que não soubesse onde estava, obrigando as enfermeiras a ter de deixar as cortinas afastadas, para que a pequena lâmpada que estava no parapeito da janela, ilumina-se o quarto. Não partilhei estes receios com nenhum familiar, diriam que eu estava louca, e obrigavam a ter mais horas com o psicólogo.

Se não bastasse, o meu primo, depois de recuperar do susto, voltou ao ataque, e a frase era sempre a mesma: “perdeste a aposta, ainda é só dia 13 de Fevereiro e já estás metida em confusões.”. Desesperei, já me sentia mal com tudo o que se tinha passado, com a vinda da minha mãe em definitivo para Portugal, e ainda ter que levar com comentários infantis do meu primo, era como atingir um limite.

                                                               ~000~

Estava deitada na cama, a olhar para o teto. Eram 2 horas da manhã, e não tinha sono. Cada vez que os meus olhos fechavam, imagens assustadoras assombravam a minha mente, e faziam com que os meus olhos abrissem de imediato.

Tinha a luz acesa. O meu quarto era do lado contrário à estrada, e não havia nenhum candeeiro naquele lugar. Nada que desse uma réstia de luz para que eu cada vez que abrisse os olhos conseguisse ver onde estava, e principalmente que estava tudo bem.

Mesmo assim, tinha medo de os fechar, de quando acordasse estar amarrada, como tinha acontecido, afinal foi no escuro que tudo aconteceu.

Nunca mais vou ser capaz de ir ao piso de baixo durante a noite sozinha.

Mesmo de dia, e apesar de não estar completamente sozinha em casa, senti receito de o fazer. Só de pensar as minhas mãos tremem, e o medo apodera-se de mim, como algo que eu não consigo controlar.

Olhei para o telemóvel, e os minutos passavam, e eu ali a olhar para o teto branco, para as paredes brancas, à espera que o tempo passasse e fosse de manhã.

Odeio a noite. – Pensei.

Peguei no telemóvel, e passei pelos contactos, precisava de falar com alguém, mas quem me atenderia o telemóvel às 2 horas da manhã? Achariam que eu estava louca, o que não é propriamente mentira. Mesmo assim continuei a passear pela minha lista de contactos, e parei no numero do Guilherme.

Estará ele bem? Acordado?

Apetecia-me ligar-lhe, falar com ele, ouvir a sua voz, mas o horário não era o melhor, por isso, voltei a colocar o telemóvel em cima da mesinha de cabeceira e tentei dormir.

“As mãos dele tocavam em todo o meu corpo, enquanto a sua língua tentava tocar na minha. Senti nojo, arrepios. Apenas me apetecia bater-lhe, mas em vez disso, calei-me.

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