PDV. Guilherme
A forma como tinha tratado a Lúcia matou-me por dentro. Quase nem olhei para ela apesar de toda a vontade que tinha de a abraçar e beijar. Quando fui para a aula ainda reconsiderei a minha posição, pedir-lhe desculpas e recebê-la como tanto sonhei, mas quando ela me perguntou se a tinha trocado pela a Andreia, a minha ideia dissipou-se. Depois de tanto tempo fora era mesmo aquela pergunta que ela tinha para fazer?
Também não agistes bem. Lembrou-me o meu cérebro. Talvez não, mas esperava mais dela, uma preocupação mínima em dizer algo diferente daquilo, mas não. Depois a conversa do "agora ou nunca", se naquele momento eu falasse com ela, se conversássemos sobre o assunto nunca mais voltaríamos a falar na vida. As palavras que tinha entaladas na garganta não eram as mais bonitas, e ia-me arrepender. Ela não falou comigo quase três meses. Podia estar longe, mas se realmente quisesse arranjava uma solução, afinal não era ela que arranjava uma solução para tudo?
Quando se afastou de mim senti uma dor no peito, foi como se a tivesse perdido para sempre, mas eu ainda tinha esperanças que íamos tentar resolver tudo, mais tarde, tínhamos um ano lectivo inteiro pela frente. Depois o abraço ao Gabriel. Ele tinha feito aquilo com que eu tanto tinha sonhado, abraça-la e tê-la junto a mim. Não fizeste porque não quiseste.
- Então como é que correu? – Perguntou o António. Íamos ter aulas ao lado um do outro.
- Mal.
- Então?
- Não quis falar com ela. – Vi-o a arregalar os olhos. – Ia dizer coisas que me ia arrepender. – Respondi, e ele abanou a cabeça em tom de reprovação.
- Vou dar-lhe uma palavrinha na aula. – Falou.
- Não é preciso, de certeza que vamos resolver o problema. – Eu tentava mostrar-me otimista. – Boa aula! – Desejei entrando na sala.
***000***
Quando cheguei a casa, ignorei completamente a minha mãe, que me continuava a chatear com o assunto "Lúcia". Estava farto, principalmente tendo em conta que tudo tinha acabado. Ouvi-a a chamar-me, mas fui para o meu quarto sem pronunciar uma única palavra. Lindo filho que te tornaste.
Em cima da minha cama tinha um envelope. Peguei nele, lendo o remetente: Lúcia Clarke. Merda. Logo agora é que a carta tinha que chegar, não podia ter sido ontem? Na realidade eu nem sabia se o que estava lá escrito iria mudar a minha opinião.
Sentei-me na cama, e abri o envelope. Tinha uma folha de papel dobrada em quatro. Estava toda escrita até ao último espacinho em branco, a letra dela redondinha e grandinha ocupava tudo. Tinha tanta coisa para me dizer. Estava com medo de ler. Podia encontrar palavras que me iam magoar, e fazer ver como tinha sido infantil. Tu sabes que foste. Avisou o meu cérebro.
"Querido Guilherme,
Desculpa não ter dado noticias mais cedo, mas não tenho acesso à internet, é verdade em pleno seculo XXI ainda existem sítios onde não há internet. Tentei ir à cidade, mas era lenta e muito cara, por isso só consegui por aquele post no meu Facebook, para que todos soubessem que estava bem.
Antes de tudo tenho que te dizer que estou cheia de saudades tuas, mal posso esperar para regressar e para te abraçar, tenho saudades dos teus abraços, beijos, e dos teus olhos. Espero que não tenhas arranjado uma substituta para mim, e que te tenhas divertido.
Se esta carta chegar no teu dia de anos, Parabéns, se ainda falta, salta esta parte, e lê só quando chegar ao dia, não quero dar azar, amor!! Mas se já passou, desculpa por não ter estado aí, contudo espero que o teu dia tenha sido perfeito, alegre e juntos dos que mais amas!
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Love Will Tell Us Where to Go || ✔️
Teen Fiction[COMPLETA] Quem conhece Lúcia, sabe do que ela é capaz, ou seja de tudo. Doida e amante de pura adrenalina, atrai confusões por natureza. Por outro lado Guilherme veio ali parar por engano, mas rapidamente começa a derreter corações, mas apena...