PDV. Guilherme
Estava curioso para saber o que tinha acontecido, mesmo que ela não tivesse feito nada ou visto nada, teria de ter havido alguma coisa, pois não andavam atrás dela.
Ela estava ao meu lado, com o olhar direccionado para os seus pés, as suas mãos, entrelaçavam-se uma na outra. Eu olhava para ela ternamente, custava-me vê-la assim, tão triste, tão desanimada. Fazia-me lembrar a Lúcia que eu vi no parque, assustada, que não tinha nada a ver com a Lúcia que sorria e cantava alegremente esta semana, nada mesmo.
Ouvi barulho vindo do local onde estavam o António e os outros. Tinham-se aproximado os rapazes que vinham atrás dela. Eles berravam, e não estavam com cara de quem quisesse chegar a um acordo. O António chegou-se á frente.
- Vamos a ter calma. – Falou levantando as mãos em gesto de paz, mas o rapaz que estavam na sua frente não devia ser pacifista e empurrou-o para trás. Mesmo assim ele voltou a aproximar-se e a dizer. – Vamos ter calma. – Mas o rapaz voltou a empurra-lo, fazendo-o desta vez cair no chão, fazendo levantar uma nuvem de pó, pois onde eles estavam era só brita.
A Lúcia tentou levantar-se quando o viu a cair, mas eu agarrei-a no braço impedindo-a de se movimentar. Olhou para mim, e eu apenas sussurrei “Senta-te”, e ela obedeceu sem protestar. Aproximei-me dela, colocando o meu braço por cima dos seus ombros, puxando-a para mim, envolvendo-a nos meus braços.
Voltei a desviar a minha atenção para o António que ainda permanecia no chão, tinha vontade de o ir ajudar, e tinha intenção disso, mas antes de se levantar, ele olhou para mim, fazendo sinal para não me mexer. Não sabia o porquê, mas não era altura para contestar. Olhei para a Lúcia que assistia a toda a cena encostada ao meu peito, aproximei os meus lábios da testa dela e depositei um beijo, fazendo-a desviar o olhar para cima, encontrando-se com o meu, e eu apenas sorri.
O António levantou-se e desta vez foi o rapaz que o tinha empurrado que se aproximou dele com um sorriso trocista estampado no rosto, dizendo “Vamos ter calma”, imitando a voz do António. Este apenas se aproximou dele e disse:
- Vai meter a calma no cu da tua mãe. – Falou, embatendo com o punho na face lateral da cara do que tinha gozado com ele.
Nunca pensei ver o António a bater em ninguém, ele não é nada de guerras, gosta sempre de dialogar primeiro. Como é obvio o outro não se ficou a rir e atirou se a ele, dando-lhe murros com força. Foi nesse momento que saiu em defesa dele o Pedro, o Rafael e o Jorge, que foram interpelados pelos outros dois rapazes que estavam até ao momento a assistir á cena.
Apeteceu-me deixar a Lúcia e ir ajudá-los, mais um par de mãos ia dar jeito. Mas depois pensei, “É isso mesmo que eles querem que eu a deixe sozinha”. Olhei para o Leonardo e o Filipe que estavam horrorizados. Com os braços protegiam os seus preciosos computadores, compreendia-os, para eles aqueles montes de peças eram a sua vida.
Eu nas minhas mãos tinha uma vida, uma miúda que tinha um apresso especial por andar metida em confusões. Olhei para ela, observava tudo com atenção, as lágrimas teimavam em escorrer-lhe pela face avermelhada. Ela deve ter reparado que eu estava a olhar para ela e olhou para mim também.
- Eu só faço asneiras. – Falou fechando os olhos, fazendo mais lágrimas saírem. Eu com os dedos limpei-lhe as lágrimas carinhosamente.
- Esquece, agora já não há nada a fazer. – Tentei consola-la. Ela tinha razão só fazia asneiras, e das grandes, mas também não é toda a gente que tinha amigos prontos a andarem á batatada por causa dela, e só por isso ela devia estar feliz. Não que fosse bonito, ou que ela se devesse orgulhar, mas acho que qualquer rapariga ou até mesmo rapaz, ficaria feliz de saber que tinha amigos como os dela.
Os rapazes ainda continuavam á chapada e aos murros. Como era um sítio um pouco resguardado do resto da escola e por ser hora de almoço, não havia ninguém a assistir ao espectáculo, e por essa razão ainda nenhum funcionário tinha dado a graça da sua presença. O que se por um lado é mau porque significa que eles não iam acabar tão cedo, por outro é bom, porque ir parar ao gabinete da diretora não deve ser muito agradável.
Olhei á minha volta e vi mais um grupo de rapazes a aproximar-se. Não os reconhecia, mas percebi que a Lúcia sim. Ao vê-los ela virou o rosto enterrando-o no meu peito. Não sabia o que ia acontecer, nem o que havia de fazer, resumindo não sabia nada.
Fiquei a olhar para a situação apático e exteriormente sereno, tentando mostrar que não tinha medo, que não tinha nada a temer. O mesmo não podia dizer do leo e o Filipe, que continuavam agarrados aos seus computadores como que estivessem a proteger as suas próprias vidas.
Reparei que o grupo vinha na minha direção e não na da luta, que já estava prestes a terminar, com a chegada do Duarte e do Rui, que estavam a tentar apaziguar as coisas, mas não estavam a ter muito sucesso.
O meu cérebro tinha congelado, o meu corpo estava imóvel, apenas puxava a Lúcia mais para mim, não sabia o que fazer, se ficava no mesmo sitio, se os enfrentava como se fosse o Hércules, ou se me punha a correr feito uma menina. Mas algo me perturbava a mente, talvez o facto de me terem dito “Vai para junto da Lúcia, e não saias de lá, até tudo estar resolvido.”. “Não a posso deixar sozinha, mas posso levá-la comigo”, não era uma má ideia, mas o que iam pensar de mim? Que era um medricas? Não, isso não podia ser.
Levantei-me, obrigando a Lúcia a levantar-se também, sem se largar de mim, e dirigi-me até á porta da sala do lado. Não tinha ideia do que ia fazer, apenas estava a seguir os meus instintos, e a pensar pouco.
Quando cheguei á porta, separei-me da Lúcia com muito custo, e encostei-a á porta. A sua face estava lavada em lágrimas, as suas mãos tremiam, ainda mais do que antes, quando estava agarrada a mim. Com a mão levantei-lhe delicadamente o queixo, fazendo involuntariamente que o olhar dela se cruze com o meu. Tentei limpar as lágrimas dela, mas ela voltou a baixar o rosto, como sou insistente, voltei a levantá-lo para cima, e com a outra mão, comecei a limpar as lágrimas que estavam constantemente a escorrer-lhe pela cara. Ela tentava virar a cara para os lados para não me ter de olhar mas eu não deixava, olhei para o fundo dos olhos dela, e apenas sorri.
- Vai ficar tudo bem. – Sussurrei, fazendo essa frase já parte do vocabulário que usava quando estava com ela.
- Não, não vai. – Respondeu, fazendo mais uma lágrima cair pelo seu rosto. Levei a minha mão a limpa-la.
Tinha-me aproximado bastante dela, conseguia sentir a sua respiração acelerada, a embater na minha, que também deixava transparecer que eu estava nervoso, mesmo eu não querendo que ela notasse.
O olhar dela estava fixado em mim, e as nossas caras estavam cada vez mais a aproximas. Tinha vontade de juntar os meus lábios aos dela, mas o meu cérebro dizia que não era a altura certa, mas o meu coração empurrava-me para mais perto dela.
A Lúcia não se mexia, pelo olhar dela parecia estar a apreciar toda aquela minha indecisão. As nossas bocas estavam cada vez mais próximas, quando eu tomo a iniciativa e as juntar de vez.
Os nossos lábios encaixaram-se num beijo calmo e sereno. As nossas línguas exploravam a boca do outro, de uma forma organizada, como que soubesse onde estavam, e ao mesmo tempo como que se estivessem á muito tempo á espera de se encontrarem. Coloquei os braços á volta dela, agarrando-a pela cintura, puxando-a para mim, enquanto ela enrolou os braços á volta do meu pescoço.
Não sabia o que ia acontecer depois, eu só queria saber do que estava a acontecer naquele momento.
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Olá. espero que tenham gostado! A foto ao lado é do Guilherme.
Acham que é desta que eles se entendem?
- o que estão a achar?, gostava mesmo que me respondenssem. Se nao tiverem conta no wattpad, falem pelo twitter, pelo polyvore ou pelo ask.fm (ambos os links estão no meu perfil), mas deêm-me a vossa opinião se faz favor. :)
Beijinhos e Boa Páscoa *-*
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Love Will Tell Us Where to Go || ✔️
Teen Fiction[COMPLETA] Quem conhece Lúcia, sabe do que ela é capaz, ou seja de tudo. Doida e amante de pura adrenalina, atrai confusões por natureza. Por outro lado Guilherme veio ali parar por engano, mas rapidamente começa a derreter corações, mas apena...