61. Boa pergunta!

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PDV. Lúcia

Não voltei a dirigir a palavra ao Rodrigo. Quando voltámos à escola, para os últimos dias de aulas antes das férias da Páscoa, ignorei-o. A Inês continuava a choramingar pelos cantos, tentando disfarçar, mas sem sucesso. Senti-me impotente quando a ouvir dizer: "Eras a minha última esperança". Ela acreditava que eu conseguia colocar juízo na cabeça do Rodrigo, mas tal como eu, desiludiu-se. O Duarte, armando-se em protetor, foi, também, falar com o namorado da irmã. Não foi de modo algum uma conversa suave, e simpática, mas sim uma troca de insultos. Mesmo assim, a Inês e o Rodrigo não acabaram oficialmente a relação, por sua vez adiaram conversar e insistiam em arrastar a situação.

Por mais que me custasse ver a minha melhor amiga a sofrer, desde do dia em que falei com o Rodrigo, prometi não me meter mais em assuntos que não me diziam respeito diretamente. Depois de uma longa reflexão, apercebi-me que passava mais tempo a preocupar-me com os problemas dos outros, do que com os meus. O mesmo se aplicava para o caso do António. Se ele queria contar à Sara o que realmente tinha acontecido com os irmãos dela, ou não, era exclusivamente problema dele, e teria de ser o próprio a viver com as consequências dos seus actos.

Quem me apoiou nesta minha nova resolução foi o Guilherme, que apesar de insistir em não desistir do António, achou que estava na hora de me retirar de todas as confusões e focar-me na escola, na minha família, e segundo ele, no meu namorado.

~000~

Era a última semana de aulas, e para os professores que mais lentos era a altura ideal de entregar os testes e os trabalhos que tínhamos feito ao longo dos últimos três meses de aulas.

A professora de português, durante toda a aula queixou-se de que não tinha tempo para corrigir os testes, e que assim apenas nos poderia entregar os testes no último dia, no qual, só por acaso, não tínhamos aula de português.

- Stora, mas eu não venho no último dia. - Informou a Jéssica.

- E a menina não vem porquê? - Questionou a professora, com um tom de voz autoritário.

A Jéssica estava hesitante em responder. - Vou de férias. - Respondeu finalmente.

- A menina vai faltar às aulas para ir de férias? - Interrogou. - Que atitude lamentável. - Resmungou, causando um burburinho na sala. - A mim não me interessa para onde vai ou deixa de ir, só entrego no último dia, se não vem, recebe e Abril, quando voltarmos novamente.

Tocou para sair, e o tema de conversa era a rabugice da professora. Eu pessoalmente nunca fui muito com a cara dela, e as atitudes que ela costuma ter, deixa sempre muito a desejar, principalmente porque acha que ela é que tem sempre razão.

O Guilherme estava já fora da sala quando eu saí. A Andreia estava sentada ao seu lado, acompanhada pela Jéssica, que estava visivelmente envergonhada pelo que tinha acontecido dentro da sala de aula. Aproximei-me do meu namorado, acabando por ouvir também a conversa deles.

- Não podes ligar à stora, já conheces como a casa funciona. - Falou a Andreia, acariciando o braço da amiga.

- Mesmo assim... ela envergonhou-me em frente à turma. - Respondeu triste.

- Não podes dar atenção ao que aquela mulher fala, ela implica com todos os que interferem com os planos dela. - Falei, aproximando-me deles, e sentando-me entre o Guilherme e a Andreia, para a arrelia da última.

- A Lúcia tem razão. - Concordou com Guilherme. - Ela comigo cada vez que não trago o manual faz um filme. - Contou. - E com a Lúcia também, quando ela chega atrasada. - Falou.

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