49. Ele tem que ceder.

426 51 14
                                    

PDV. Guilherme

                Passei pelo snack-bar que costumo frequentar para comprar um hambúrguer, não tinha nada no estômago, desde do dia anterior, e com todas as preocupações que tinha tido no intervalo anterior, acabei por nem chegar a aproximar-me do bar, e o meu corpo estava a começar a dar sinais de fraqueza, tanto físicos como emocionais, e esses estavam cada vez mais fortes.

Era quase impossível encontrá-la sem a ajuda do Sandro, a única pessoa que sabia onde ela se encontrava, e por mais que eu não quisesse dar ouvidos ao António, ele tinha razão, a possibilidade de a encontrarmos era mínima. Era como procurar uma agulha num palheiro, e era isso que me estava a fazer desesperar.

Deambulei pela cidade, por cantos que nem conhecia, por locais que certamente nem no mapa estavam, sempre esperando que algum dos outros rapazes me ligasse a dizer que a tinha encontrado e que podíamos ir para casa descansar. Mas essa tão desejosa chamada estava a custar a chegar.

Será que falaram com o irmão dela?

Não era muito provável, mas visto que o Gabriel é praticamente chegado ao Rúben, poderia eventualmente ter avisado, mas se isso tivesse acontecido, a polícia já estaria à procura da Lúcia.

Senti o telemóvel a vibrar e rapidamente o retirei do bolso, quase o deixando cair, as minhas esperanças atingiram o máximo, mas quando vi o nome do Sandro no visor, esmoreci um bocado, mas resolvi atender.

Pode ser que tenha mudado de ideias.

- O que queres? – Perguntei, sem dar tempo para que ele falasse alguma coisa. Tentei mostrar-me calmo, e não demonstrar o nervosismo, medo que a minha voz teimava em querer denunciar.

- Ainda andas à procura da miúda? – Questionou. Será que ele acha que eu desisto tão facilmente?

- Ando, já que não me ajudas tenho que resolver à minha maneira. – Resmunguei. Queria que ele sentisse o peso na consciência, que deixasse de ser estúpido e me ajudasse.

- Se eu te disser onde ela está, tu vais buscá-la e…

- Como é óbvio. Achas que a vou deixar à mercê daquele monstro em forma de jovem sedutor? – Perguntei, interrompendo a sua fala.

- Ele vai-te desfazer. – Avisou.

- Diz-me onde a posso encontrar, por favor. – Supliquei. Detesto ter que suplicar a quem quer que seja por algo.

- Isso era atirar-te para a boca do lobo.

- Eu gosto mesmo dela, ela faz-me feliz…

- Ela é louca, não é rapariga para um primo meu. – Gritou, interrompendo-me.

- Ela é companheira, não recusa ajudar ninguém, e eu quero ser o herói dela. – Desabafei.

- Nem sempre o herói acaba bem no final da história, isto não é um conto de fadas onde no final é sempre “E viveram felizes para sempre”…

- Eu sei. Mas diz-me, por favor. – Supliquei novamente. Ouvi-o a bufar do outro lado da linha. Ele tem que ceder.

- Vou-te mandar uma mensagem com a morada, mas muito cuidado.

- Muito, muito, muito obrigado. – Agradeci.

Desliguei a chamada e esperei pela morada, mas finalmente um sorriso estava estampado no meu rosto. Eu ia encontrá-la, vê-la, salvá-la. Claro que apesar de tudo eu tinha a plena noção que tudo o que estava a fazer era de risco. O Jaime era louco, e eu tinha cada vez mais certezas disso. Raptar uma rapariga por ser platonicamente apaixonado por ela era características de uma pessoa muito desequilibrada.

Love Will Tell Us Where to Go || ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora