P.V Guilherme
Durante o resto do jogo eu e o Gabriel não melhorámos a nossa forma de estar, talvez um pedacinho, mas muito pequeno, o que nos valeu um valente raspanete no final do jogo, apesar de termos ganho por 1-0, e o mais irónico é que foi na única jogada que fizemos em sintonia, sendo por isso ainda maior o raspanete.
Mas eu não me tinha esquecido do que ele me tinha dito, e ainda iria tirar umas coisas a limpo.
XXX
Saí do autocarro a bocejar, por causa do teste de geografia quase nem tinha dormido, não que tivesse estudado muito.
O António como sempre encontrava-se sentado nas paragens á conversa com uns amigos quaisquer. Aproximei-me dele, saudando-o com um simples “bom dia”, recebendo-o de volta e dirigimo-nos para a escola.
Queria-lhe contar o que tinha feito. Não tinha falado com ele no fim-de-semana, isolei-me do mundo exterior, nem às redes sociais tinha ido. Talvez por ter medo de a encontrar por lá, medo de algo que ela me pudesse dizer.
- Fiz o que tu disses-te. – Quebrei o silêncio em que estávamos. Ele olhou para mim confuso, certamente não percebera ao que eu referira. – Lúcia. – Elucidei-o.
- Ah! – Exclamou. – E?
- E nada, ela não respondeu. – Respondi desanimado.
- O que lhe disses-te? – Questionou-me curioso. Retirei o telemóvel do bolso e procurei a mensagem que tinha mandado á Lúcia, não tinha coragem de repetir o que escrevi em voz alta.
Ele leu muito atentamente, parecia sério, mas rapidamente se desmanchou a rir. Não percebi onde estava a graça. Até porque não me saía da cabeça como iria olhar para ela nas aulas, se tivéssemos de falar, e não tinha coragem de o fazer.
- Está muito bom. – Respondeu, tentando parar de rir.
- E se fosses gozar com o pai natal? – Falei, começando a ficar chateado.
Eu precisava de apoio, não de uma pessoa que me criticasse, ainda mais do que eu próprio já tinha feito, e ainda por cima gozasse com a minha cara. Estava desesperado, ainda estava para descobrir como é que me tinha levantado da cama, e não tinha inventado uma desculpa qualquer para passar o dia em casa.
- Descontrai. O mais provável é que fale contigo pessoalmente. É a Lúcia, ela é imprevisível. – Acalmou os ânimos.
Ele tinha razão, era a Lúcia, a pessoa mais imprevisível que eu conhecia, mas em vez de me reconfortar, só piorou, o que iria ela me dizer, o que iria ela fazer.
Agora é que a porca torce o rabo.
Chegamos á sala, e pousamos as malas no banco, sentando-nos de seguida. Não toquei mais no assunto, mas havia algo que eu também lhe queria contar. Não me tinha saído da cabeça o fato de o Gabriel ter dito “Só descanso quando tiver a certeza que não lhe tocas.” Até parecia que era dono dela, que ele é que coordenava o que ela fazia e com quem fazia, mas isso era um assunto a discutir mais tarde.
Várias pessoas foram chegando á sala, dando-me os parabéns pelo jogo do dia anterior.
- Foi um golo espectacular Guilherme. – Felicitou o Rodrigo. Eu agradeci com um gesto com a mão, e várias pessoas o seguiram com as felicitações.
- Bom dia! – Ouvi uma voz que fez o meu coração disparar. Lúcia. Será que ela me vai dirigir a palavra? – Parabéns, Guilherme, fizeste um bom jogo. – Virou-se para mim com um sorriso no rosto.
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Love Will Tell Us Where to Go || ✔️
Roman pour Adolescents[COMPLETA] Quem conhece Lúcia, sabe do que ela é capaz, ou seja de tudo. Doida e amante de pura adrenalina, atrai confusões por natureza. Por outro lado Guilherme veio ali parar por engano, mas rapidamente começa a derreter corações, mas apena...