Capítulo 25

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Katherine Lancarte

Fique parada senhora!

A Teresa fala impaciente tentando puxar o pedaço de vidro do meu joelho. Mordo os meus lábios sentindo o gosto metálico nos mesmos.

Já perdi a conta da quantidade de cacos que ela retirou com a pinça e depositou na bandeja cada pedaço.

A dor é insuportável. Não parava um segundo de berrar e de me debater.

Eu sabia que ela estava sendo cuidadosa pra que eu não sinta muita dor, mas era inevitável no momento em que a mesma começa a tocar.

— PARA!

Berro apavorada sentindo o meu joelho latejar, a dor era tanta que eu cravava os meus dentes no travesseiro tentando abafar os meus gritos.

— Desculpe senhora, mas eu realmente preciso tirar. Fique calma! Já está acabando!

Solto um grito abafado pelo travesseiro ao sentir ela puxar o último caco de vidro que havia penetrado na minha carne.

— Pra ser sincera eu não sei como a senhora não teve tétano ou infecção com o ferimento.

— Com certeza foi sorte!

— Pois a senhora não devia desafiá-lo dessa maneira! Por acaso, não tem amor a vida?

Mesmo de costas e sentindo muita dor, conseguia perceber na sua voz um tom de indignação.

— O que queria que eu fizesse? Não posso permitir que ele me submeta dessa forma!

— A Senhora já percebeu o quanto aquele homem é inteligente? Pois saiba de uma coisa: Se quiser vencer essa luta você precisa jogar o jogo dele! Seja mais esperta e inteligente, use o que tem a seu favor!

Escuto a sua voz determinada e franzo as sobrancelhas confusa.

O que ela quer dizer?  Será que estou indo pelos métodos errados?

Fico pensando naquilo e sinto um líquido gelado tocar no meu joelho e reprimo um grito agonizante.

Olho horrorizada pra Teresa e vejo a mulher molhar o meu joelho com álcool, limpando o sangue.

Aquilo ardia demais! Afinal no que eu tinha me metido??

Quando ela finalmente terminou de fazer o curativo, olhou pra mim fixamente e segurou as minhas mãos.

— Agora, você vai entregar aquele café novamente pro chefe!

Arregalo os meus olhos assustada e faço sinal negativo.

— Como pôde me pedir algo assim?

Porém, a empregada dá um sorriso acolhedor e segura as minhas mãos me tranquilizando.

— Acredite, eu sei o que estou fazendo. Com certeza ele não vai estar esperando por isso, se tem algo que o surpreende é a insistência e a lealdade.

— Você já levou um tiro por ele, tenho certeza que a sua intenção foi outra!

Olho pra mulher com os olhos arregalamos e sem saber o que dizer.

Como ela sabe disso? Não me lembro de ter dito em momento algum.

Ela parecendo ler os meus pensamentos, levanta uma das suas sobrancelhas enrugadas.

— Acredite, eu sei das coisas. Trabalhei pro pai do Touro e o conheci quando ainda era pequeno.

Olho pra mulher e sinto uma enorme curiosidade em perguntar sobre a sua infância.

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