O Touro

Capítulo 4

Katherine Lancarte

Já estava quase anoitecendo,onde as estrelas estavam começando a se formar. Porém, não importava quanto tempo eu passa-se ali, sentia que precisava daquele momento. Encontrava-me ajoelhada em um túmulo, o túmulo do meu pai. Infelizmente ele morreu em um acidente de carro a três dias atrás e todos os dias vinha no seu túmulo o visitar.

Meu pai sempre foi um homem bom, que preocupava-se demais com a sua família. Fazia tudo por mim e pela minha mãe. Infelizmente seu único defeito era a bebida e as drogas o que causou a sua morte. Dirigiu bêbado e drogado e acabou batendo em um carro, perdendo a sua vida na hora.

Olho para o seu túmulo e lágrimas descem lentamente do meu rosto. Saudades papai! Das suas risadas, brincadeiras e dos seus conselhos.

— Filha...nós precisamos ir! – Minha mãe segura no meu ombro tentando me tranquilizar, mas eu não queria ir. estava com saudades do meu pai.

Olho pra cima e vejo uma protuberância na sua barriga, meu pai não nos deixou totalmente, ele deixou um lembrete de que sempre estaria presente através da criança que minha mãe gerava. Ainda não tinha noção se era menina ou menino, no entanto já o amava mesmo assim. Quando descobrimos que minha mãe estava grávida de novo, ficamos felizes e ao mesmo tempo triste...aquela criança nunca terá um pai. No entanto, farei o possível para dedicar todo o meu amor para o meu irmão ou irmã.

Lágrimas descem lentamente pelo meu rosto, e no mesmo instante os limpo rapidamente. Tenho que encontrar forças para levantar, não posso entregar-me assim.

— Sinto muito filha...ele vai nos fazer uma enorme falta. Mas você não pode desistir, seu pai não iria querer isso. Agora você tem um enorme motivo pra continuar lutando. – Minha mãe sussurra, acariciando a sua barriga e sorrindo triste.

— Eu sei mãe mas é muito difícil... ele nos deixou tão cedo – Murmuro com uma voz triste.

Minha mãe suspira mas não fala nada, ela sabia que eu precisava daquele momento.

Quando minhas pernas encontravam-se dormentes, levanto-me tirando toda a poeira da roupa. Pelo visto, fiquei mais tempo do que era esperado. Começo a caminhar apressadamente já escutando o barulho de chuva forte e sentindo as gotas caírem pelo meu rosto.

— Vamos filha, parece que a chuva vai aumentar mais ainda... temos que ir logo.

Minha mãe estende as suas mãos e ajuda-me a sair daquela estrada de terra. Começamos a caminhar até o carro que estava estacionado ali. Minha mãe é uma negra muito linda, seus cabelos são negros e lisos um pouco ondulado nas pontas. Sua personalidade é muito forte, pois por eu ser filha única sempre me protege em excesso. Nunca entendi porque tanta proteção da sua parte, nunca fiz nada de errado, que possa decepciona-la, no entanto insiste em me proteger.

Dentro do carro, começo a dirigir e tento arranjar alguma forma de falar com ela. Precisava ir no shopping. Meu salário não é muito bom, sou apenas professora de biologia e os salários dos professores são péssimos, recebo muito pouco.

— Mãe, deixa eu sair um pouco. Preciso ir ao shopping fazer umas compras

Ouço a sua respiração ficar alta em sinal de relutância. Ela tem que entender que não sou mais uma criança, já tenho 18 anos.

— Filha... é muito perigoso, não quero que se machuque ou que corra o risco de ser estuprada, decapitada ou assaltada.

Suspiro profundamente, era sempre o mesmo assunto, eu nunca podia sair por causa dos seus temores, mas eu não ia fazer nada errado, apenas queria me divertir um pouco.