dezessete

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— Então te vejo só semana que vem? - Ela pergunta encostando no muro da casa dela.
— Provavelmente. Já tá com saudade, né?
— Tô, demais - Rimos.
— Se você acabar sua lição antes da meia noite, me fala que a gente sai pra dar uma volta.
— Tá bom, se tiver bolo, traz um pedaço pra mim, tá?
— Aham - Sorrio - Vou nessa então.
— Tá - Se aproxima e me abraça - Já vou te desejar boa viagem, porque acho que a gente não vai se ver mais, então... Boa viagem.
— Valeu - Aperto ela no abraço, a tirando do chão - E você se cuida, viu?
— Pode deixar.
— Não vai arrumar outro maluco enquanto eu estiver fora não, tá?
— Ah, vai que aparece um mais legal que você, né? - Rimos - Tô zoando, cê é o meu maluco favorito.
— Eu sei.

Soltamos o abraço, mas continuamos bem próximos e inevitavelmente, nós nos encaramos. Ela desceu os olhos pra minha boca e fiz o mesmo, olhando pra dela. Isso acontecia direto, mas nós nunca ficamos. Óbvio que eu achava ela bonita e eu ficaria com ela, mas não sei se ela sentia a mesma coisa, além do mais, eu gostava dela mais pela amizade do que por qualquer outra coisa.

— Tá, vai logo - Me empurra devagar - Manda mensagem quando chegar em casa.
— Tá bom - Me aproximo de novo e beijo a testa dela - Fica bem, tá?
— Você também - Sorri meiga.

•••

— Oi - Digo entrando na sala de casa.
— Oi meu amor - Minha mãe sorri - Chegou cedo.
— Pois é, a Viol...
— O que que é isso no seu rosto, João Vitor?
— Onde? - Digo já indo em direção a escada.
— Embaixo do olho direito, João Vitor.
— Ah, é um piercing.
— Outro? Já não tá bom os que você tem? Meu filho, você tá acabando com o seu rosto.
— Nossa mãe, pra que esse exagero?
— Exagero? - Se levanta - Você tem só dezesseis anos e olha pro seu rosto. Você tá acabando com ele.
— Tá bom mãe - Subo os primeiros degraus - Ah, acho que não vou com vocês pra minha vó não.
— Como não? - Vem atrás de mim.
— Não indo mãe, não tô afim.
— João Vitor, o que tá acontecendo com você?
— Tô impondo as minhas vontades, só isso - Sigo pro meu quarto.
— Mas eu já disse pra sua vó que nós iríamos.
— Vocês podem ir, eu não vou.
— Isso tem alguma coisa a ver com aquela menina, né?
— Porque você acha que tudo é culpa dela? Não sei se você sabe, mas eu sou um ser humano racional, capaz de pensar e tomar minhas próprias decisões.
— Eu não sei mais o que fazer com você, de verdade mesmo.
— Pode começar me deixando em paz, por cinco minutos, pode ser? - Me jogo na cama.
— Então você não vai mesmo pra sua vó?
— Não.
— Então tudo bem, mas não vai sair de casa até segunda-feira.
— Cê tá me zoando, né? - Sento.
— Não - Diz simples - Você vai ficar, nós vamos, mas vamos levar as chaves.
— Cê vai me deixar trancado em casa por três dias?
— A escolha foi sua - Diz saíndo e fechando a porta do quarto.

[ ... ]

𝙖𝙣𝙩𝙚𝙨 𝙙𝙤 𝙩𝙚𝙢𝙥𝙤 𝙖𝙘𝙖𝙗𝙖𝙧 ⏳ • konaiOnde histórias criam vida. Descubra agora