trinta e seis

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Finalmente, sábado. Eu planejei esse dia a semana inteira, queria que saísse tudo perfeito.
Ela tinha me feito uma pergunta tão simples e eu podia só dizer que sim, estava apaixonado por ela, mas eu quis fazer alguma coisa diferente. Queria que fosse algo que ela nunca fosse esquecer, mesmo se por um acaso nós não ficassemos juntos "pra sempre".
Mas algo estava me preocupando e eu não sabia o que fazer pra que ela ficasse aqui e não fosse embora com os avós.

— Mãe - Bato na porta que estava entreaberta.
— Pode entrar, bebê - Diz e eu abro toda a porta - O que foi?
— A gente pode conversar?
— Claro - Ela fica surpresa, eu não era muito de pedir pra conversar com ela - Vem, deita aqui.

Fui até a cama e ela deixou o livro que estava lendo de lado, então me ajeitei no abraço dela enquanto sentia ela fazer carinho no meu braço. Fazia anos que eu não ficava assim com a minha mãe e me senti extremamente bem.

— O que foi? - Pergunta.
— Você sabe a Violetta?
— Uhum, o que é que tem?
— Ah mãe, eu gosto muito dela, tipo, muito mesmo - Digo e ouço ela soltar um riso - Eu nunca me senti tão bem como me sinto desde que conheci ela. Ela me deixa calmo, mais leve ... Ela me deixa feliz.
— E isso é bom, certo?
— Sim.
— Então o que é que tá te incomodando?
— Ela mora com o pai dela, sabe? E tipo, ela tem alguns problemas, tipo os meus, talvez até mais sérios e eu fico com medo de que alguma coisa aconteça, de que ela ... E agora, o pai dela quer mandar ela pra longe, porque acha que viver aqui não tá fazendo bem pra ela.
— Se o pai dela acha, é porque provavelmente é o que está acontecendo, João Vitor. A gente não faz nada pros nossos filhos que não seja pro bem.
— Não mãe, aí é que tá, se ela for, alguma coisa pode acontecer com ela ... E comigo.
— João Vítor ...
— Mãe, eu não posso ficar sem ela, entende? - Me levanto bruscamente - Eu não vou conseguir, eu tava bem, mas só de pensar na idéia de não estar perto dela, eu ...
— Calma, respira - Diz e só então percebi o quanto estava eufórico, estava prestes a ter uma crise - É só uma garota, você ainda vai conhecer muitas outras.
— Não como ela.
— E isso talvez seja bom, você não pode ficar dependente de uma pessoa, não é saudável pra nenhum dos dois.
— Tarde demais isso.
— João ...

Saí do quarto sem deixar ela terminar de falar. Peguei minha mochila e meu violão, então desci as escadas correndo e logo estava com a minha bicicleta andando sem rumo. Ainda eram sete da noite e nós tínhamos combinado de nos encontrar a meia-noite.

•••

— Oi? - Diz abrindo o portão e fica surpresa ao me ver.
— Você pode sair agora?
— Eu não sei - Olha pra dentro de casa - Preciso ver com o meu pai, mas ... Achei que a gente só ia se ver mais tarde.
— É, aconteceu uma coisa em casa e eu saí mais cedo.
— O que aconteceu? - Fica mais perto de mim - Tá tudo bem?
— Tá, só me desentendi com a minha mãe, mas tá tudo bem.
— Porque você não entra e janta com a gente?
— Não acho que seja uma boa, você sabe que seu pai não gosta de mim.
— E daí? - Diz e eu ri - Vem, entra.

Entrei e ela fechou o portão. Deixei minha bicicleta ao lado da dela e meu violão e a mochila encostados próximos.
Caminhos até a porta da sala e a TV estava ligada, conecta ao YouTube e tocava a via láctea, do Legião Urbana.

— Você que tá ouvindo? - Pergunto.
— Meu pai - Diz rindo - O gosto musical de vocês é bem parecido.
— Legal - Sorrio - Mas ele também ouve One Direction forçado?
— Com certeza - Ri enquanto caminhamos pra cozinha - Pai.
— Oi meu amor - Ele está de costas, dando atenção as panelas.
— O João tá aqui e vai jantar com a gente, tá?
— Ah - Ele olha pra traz - Tudo bem. Oi, João.
— Oi - Digo receoso - Desculpa vir na sua casa assim do nada e ...
— Não, tudo bem - Fala indiferente - Não tem problema.
— Senta aí - Ela diz se sentando também - Tô cortando as coisas pra salada.
— Precisa de ajuda?
— Pode cortar esses tomates - Indica.
— Tá bom.

Lavei as mãos e então sentei de frente pra ela, então comecei a cortar os tomates.
Ela e o pai entraram em um assunto sobre o universo e eu ri sozinho por saber que não era só pra mim que ela fazia perguntas malucas. Apesar de tudo o que estava acontecendo, ela e o pai se davam bem, eles mantinham uma conversa natural e divertida e pareciam se entender muito bem.
Depois do jantar, ela e eu arrumamos a cozinha e depois de muita insistência da parte dela, o pai dela deixou que eu ficasse ali até onze horas, então ele foi deitar e nós ficamos na sala.

— Você se esconde dentro do meu guarda-roupa pra ele achar que você foi embora - Ela diz - É fácil.
— É, pode ser, mas eu queria que a gente fosse pra minha casa.
— Porque?
— Porque eu queria te mostrar uma música que eu aprendi a tocar e se ele ouvir, vai saber que ainda tô aqui.
— Não da pra ouvir nada, o quarto dele e o último. Além do mais, o ar condicionado dos dois quartos vão estar ligados e o sono dele é super pesado.
— Tem certeza? - A encaro.
— Absoluta - Sorri  - Aliás, você não tá me devendo uma resposta não?
— Espera - Me aproximo sorrindo - Você vai ter a sua resposta.
— Ótimo.

Encostei nossos lábios e logo começamos um beijo calmo, mas intenso. Deslizei a mão pela cintura dela até alcançar a parte de dentro da sua coxa e apertei, a fazendo suspirar em meio ao beijo. Nos afastamos e então dei alguns beijos e leves mordidas no pescoço dela e senti suas mãos apertarem meus ombros.

— Princesa - O pai dela chama vindo do corredor.
— O... Oi, pai - Diz se afastando enquanto tentamos nos recompor.
— Não esquece de trancar o portão quando o João sair, noite passada o portão ficou destrancado.
— Tá bom, vou trancar.
— Ótimo, mantenham os limites e boa noite.
— Boa noite - Respondemos juntos.

Esperamos alguns segundos e assim que a porta do quarto fechou, voltamos a nos beijar.

[ ... ]

𝙖𝙣𝙩𝙚𝙨 𝙙𝙤 𝙩𝙚𝙢𝙥𝙤 𝙖𝙘𝙖𝙗𝙖𝙧 ⏳ • konaiOnde histórias criam vida. Descubra agora