𝙖𝙣𝙩𝙚𝙨 𝙙𝙤 𝙩𝙚𝙢𝙥𝙤 𝙖𝙘𝙖𝙗𝙖𝙧 ⏳ • konai

quarenta e seis

No dia seguinte, acordamos bem cedo. Minha mãe concordou com a idéia de mudança do quarto, então foi com o meu padastro comprar algumas tintas e materiais pra que pudéssemos fazer tudo e enquanto isso, Violetta e eu ficamos cobrindo os móveis e tirando algumas coisas da parede como posters e prateleiras.

— Porque você tem medo de alienígenas?
— Porque eles abduzem as pessoas? - Pergunta como se fosse óbvio e eu ri.
— Mano, isso é mentira. Eles não existem.
— Existem sim.
— Quem te disse que existem?
— Quem te disse que não existem? - Rebate.
— Desculpa, esqueci que você acredita em fadas - Ri.
— E eu esqueci que você não tem fé em nada - Resmunga.
— Tenho sim.
— No que?
— No amor - Sorrio e ela faz o mesmo.
— E quem te disse que o amor existe? - Agora ela ri.
— Você, toda vez que fala que me ama.
— Então porque eu falei, você acredita? - Pergunta e eu faço que sim com a cabeça - Então fadas também existem, acredite.
— Isso chega a ser engraçado - Digo - Mas, o amor eu sinto de inúmeras maneiras - Me aproximo dela e a abraço - Quando eu te abraço, quando te beijo, quando ...
— Licença - Minha mãe diz entrando com o meu padastro - Tudo aqui.
— Valeu mãe - Observo tudo - Tomara que dê certo.
— Se Deus quiser, vai dar - Diz sorrindo.
— Ou se a gente fizer tudo direito, pode ser também.
— João Vitor! - Violetta me repreende.
— Eu menti?
— Eu não vou falar mais nada, quando isso tudo passar no seu telão pós morte, eu vou estar lá pra rir de você - Diz dando de ombros e minha mãe e meu padastro riem.
— Ele é muito cético pra algumas coisas - Minha mãe diz sentando na cama.
— E sem fé pra nada - Violetta acrescenta.
— Então é isso, vocês vão ficar falando mal de mim agora? - Pergunto e meu padastro ri.
— Mulheres, você ainda não viu metade - Ele diz.
— Mas olha como ele é - Violetta me olha - Você acredita em Papai Noel?
— Óbvio que não - Ri.
— Porque?
— Porque ele não existe. Ninguém nunca viu ele e isso é uma invenção do capitalismo pra lucrar com as crianças iludidas.
— Mas você acredita no amor, que ninguém nunca viu e é uma invenção do capitalismo pra lucrar em cima de casais iludidos e afins? - Diz e eles três riem.
— Uma coisa não tem nada a ver com a outra.
— Pra mim, tem.
— E é por isso que você precisa de psiquiatra.
— E você também - Rebate.
— Depois disso, acho que eu preciso de um psiquiatra - Minha mãe diz rindo.
— Conheço uns ótimos, posso te indicar, se quiser - Violetta diz.
— Por favor, eu aceito.

As duas começaram um assunto aleatório enquanto todos nós organizamos as coisas no quarto e eu estava extremamente feliz.
Minha mãe tinha dito que a opinião dela sobre a Violetta não tinha mudado, mas eu aposto que agora sim. E era tudo o que que queria, que as duas se dessem bem, com certeza isso me faria feliz, assim como eu estava naquele momento.
Passado longos minutos, no meio da conversa surge uma pergunta que não estava esperando que acontecesse.

— E sua mãe, faz o que? - Minha mãe pergunta pra ela.
— Ela ... era bailarina - Diz simples.
— Não é mais?
— Mãe, a ... É ...
— Minha mãe morreu - Violetta me interrompe e responde.
— Nossa! Eu sinto muito, João não me disse nada, eu ... Sinto muito, deve ser difícil.
— Tudo bem - Sorri - Hoje em dia dói menos que antes.
— É, com o tempo vai passando - Coloca o último livro na caixa - Se você precisar de alguma coisa, uma conversa que às vezes não quer ter com o seu pai, pode falar comigo.
— Oh! Isso é muito ... bom - Vejo ela sorrir largamente - Muito obrigada, de verdade. Sei que você não gosta muito de mim, mas ...
— Não pense isso, isso não existe mais - Sorri - Vou descer pra preparar o almoço, vocês terminam aí?
— Sim, valeu mãe - Digo sincero.

Ela e meu padastro saem do quarto e nós esperamos alguns segundos antes de começar a pular e dançar pelo quarto.
Nós obviamente estávamos felizes pela relação que ela e minha mãe acabaram desenvolvendo. Eu sabia que isso era importante pra Violetta, já que ela se sentia acanhada perto da minha mãe, mas agora isso não existia mais. Tudo estava perfeito.

[ ... ]