três

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— Eu moro ali naquela casa do muro verde - Ela diz e então começo a frear a bicicleta.
— Sua casa é a mais vibrante da rua - Digo quando finalmente paramos em frente ao portão.
— A mais chamativa, né? - Diz se virando de frente pra mim, ainda sentada mas agora com os pés no top tube.
— É, também - Digo rindo.
— Meu pai acha que isso vai me animar de alguma forma, mesmo eu tendo dito mil vezes que não gosto dessa cor. Acho que na real ele faz isso pra lembrar da minha mãe.
— Ela foi embora?
Morreu - Diz simples.
— Putz, sinto muito.
— É, eu também - Me encara com um sorriso fraco no rosto - Faz quatro anos, às vezes eu sinto falta dela.
— Nem posso imaginar como seja, mas espero que cê fique bem - Digo sincero.
— Vou ficar - Suspira fundo - Mas vida que segue, né?

Sorrio pra ela e então suas mãos se apoiam nos meus ombros e ela se aproxima muito, o que faz meu coração acelerar, já que eu não estava esperando aquilo, mas logo ela desce um pé e o outro, me usando apenas como apoio pra alcançar o chão e eu ri sozinho por isso.

— Você quer ir com a minha bicicleta? - Pergunta - Pode me devolver depois.
— Não, eu vou a pé, não é tão longe assim.
— Eu acho - Diz rindo - Sério, eu não me importo.
— Quando é a sua próxima consulta?
— Quinta, no mesmo horário de hoje.
— A minha também, te devolvo na quinta então, pode ser?
— Pode - Sorri - Obrigada por me trazer, foi legal.
— Foi. Ah, sua mochila - Tiro das minhas costas.
— Obrigada - Pega da minha mão - Você quer entrar? Meu pai ainda não chegou.
— Melhor não, minha mãe já deve estar pronta pra ligar pra polícia - Falo e nós rimos.
— Tá bom, te vejo na quinta então?
— Aham.
— Então tá, tchau João.
— Tchau Maria - Digo e ela ri - Cê que me pediu pra te chamar assim.
— É, eu sei, mas é engraçado.
— Tá, né?

Ela sorri mais uma vez e então se vira em direção a casa. Observei até ela chegar ao portão e já estava pronto pra ir quando vejo ela parar por alguns segundos e se vira pra mim novamente e volta.

— Me passa seu número?
— Sério?
— Aham - Pega o celular na mochila e me entrega - Só pra eu ter certeza de que cê não vai sumir com a minha bike.
— Ah, claro que vou - Falo enquanto anoto meu número - Vai me chamar mesmo?
— Assim que eu entrar em casa - Sorri pegando o celular - Tchau João.
— Tchau.

Mais uma vez observei ela seguir pro portão, mas dessa vez ela entrou depois de acenar pra mim, então voltei a pedalar, agora em direção a minha casa.

•••

— Não precisa ligar pra polícia, cheguei - Digo abrindo a porta da sala.
— Já ia ligar mesmo, onde você estava, João Vitor?
— Fui levar a Maria em casa, já disse - Pego meu celular em cima da estante.
— E você conheceu essa menina hoje? Na clínica?
— Foi - Sorrio falso - Gente boa ela, inclusive.
— Meu filho, você não pode sair por aí fazendo amizde com estranhos.
— Engraçado, eu jurava que era assim que se começava uma amizade - Subo os dois primeiros degraus da escada - Aliás, foi você quem disse que eu deveria socializar mais, lembra?
— Lembro filho, mas...
— Mãe, eu tenho lição da escola pra fazer - Digo - Mais tarde a gente fala sobre isso.

Não deixei ela dizer mais nada e subi as escadas rapidamente em direção ao meu quarto. Entrei, tranquei a porta e me joguei na cama, então fui direto no WhatsApp em busca da mensagem dela e depois de salvar seu contato, fui responder.

Violetta 🦋

Salva aí,
Cinderela aqui 💁🏻‍♀️

Tá bom, Cinderela antes
da Fada Madrinha aparecer

meu Deus,
cê me magoou 😔😭💔😣

não era minha intenção kkkkk

𝙖𝙣𝙩𝙚𝙨 𝙙𝙤 𝙩𝙚𝙢𝙥𝙤 𝙖𝙘𝙖𝙗𝙖𝙧 ⏳ • konaiOnde histórias criam vida. Descubra agora