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Monterey — Califórnia — 13:15am.

Point Of View — Maia Carttini.

Eu pego minha bolsa e começo a jogar todas as minhas roupas dentro dela. As lágrimas percorriam meu rosto constantemente, sem nenhuma trégua. Parecia que o meu mundo estava caindo embaixo dos meus pés, eu não conseguia senti-los. A única coisa que eu estava sentindo nesse momento era: Ódio, rancor, dor, angústia.

Como uma pessoa que eu conheço à um mês é capaz de despertar algo tão ruim em mim? Era como se eu tivesse sido traída em um relacionamento. Não é o tempo, não é base, um mês foi tempo suficiente pra eu me abrir com ele, desabafar, contar meus poucos medos. E quando eu estava contando sobre mim, eu poderia jurar que tudo o que ele me contava era verdade. E agora descubro que ele era apenas um personagem, o mesmo que durou pouquíssimo tempo até a máscara cair.

Me jogo na cama e caio no choro, estava sendo impossível pra mim aceitar que eu tinha sido tão ingênua. Meyer estava certo em desconfiar dele, desde o início, e a investigação seria cumprida com sucesso se eu não tivesse desistido. Ele me ganhou, ele ganhou minha amizade e confiança. Meyer morreu na hora errada. Se não, eu jamais teria parado de desconfiar dele.

Eu fui grata, até ontem eu estava o agradecendo por tudo o que ele já fez por mim. Agora, porquê ele sempre me ajudou se não liga pra ninguém?

Me assusto com o barulho da porta sendo aberta de forma bruta, fazendo-me sentar na cama rapidamente. Enxugo as lágrimas e encaro o homem de olhos fulminantes em cima de mim. Agora eu sinto o que eu nunca havia sentido por ele antes: Medo.

— Pra onde você pensa que vai? — Ele encara a minha mochila e o closet aberto. Ele me encara esperando uma resposta, mas nem se eu quisesse eu conseguiria dizer. Algo me cala, e eu travo diante de todos os meus pensamentos.

Eu sorrio irônica.

— O que foi? Você esperou que eu fosse continuar aqui depois de tudo o que eu acabei de descobrir sobre você? — Levanto da cama de forma firme, mas por dentro ainda vulnerável. As lágrimas caiam intensamente é tudo o que eu queria era fazê-las parar.

— Você disse que tinha algo pra me contar se eu te dissesse a verdade. Posso saber o que era? — Ele cruza os braços, ignorando tudo o que eu havia dito antes.

Eu olho em volta e percebo o quanto eu estou rodeada de homens que eu nem conheço. Dois deles sendo seguranças, sem contar no restante que há na casa. E mais um bem na minha frente, totalmente frio e calculista. Um homem na qual eu achei que conhecesse pelo menos 1% dele, mas agora vejo que ele é só mais um desconhecido. Eu não posso contar tudo agora, pelo meu bem, pela minha vida, seria muito arriscado aqui e agora, eles podem me matar e sumir com o meu corpo sem deixar rastros, como tudo o que ele faz. Então eu decido inventar algo de última hora.

— Eu sabia que Meyer estava desconfiado de você desde sempre. As paredes daquela empresa tinham ouvidos, e eu ouvir uma vez ele dizendo que você investia mais do que todos os investidores. E ele também colocou uma pessoa pra te seguir, mas acho que era uma pessoa bem incompetente e... Ela não conseguiu finalizar o trabalho, afinal, você sempre deixou as coisas muito bem escondidas, conseguindo esconder tudo de todo mundo, não é? — Pergunto irônica, engolindo seco.

— E porque não me contou isso antes?

— Medo. Eu não te conhecia direito, mas... Eu estou te falando agora.

— Medo? Eu não sou um assassino, Chérie. — Ele me olha com ódio, mas respira fundo e tenta se acalmar. — Mas essa sua notícia não é quente, na verdade já está vencida. Eu descobri há semanas atrás que eu estava sendo seguido por uma mulher. — Eu assinto e engulo seco, segurando todo o meu ódio e minha vontade de pular no pescoço dele. Como ele conseguia conversar numa boa comigo depois de tudo o que eu acabei de descobrir? Depois da máscara dele ter caído bem na minha frente?

Ruin above causesOnde histórias criam vida. Descubra agora