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Califórnia — Monterey — 21:40.

Point Of View — Ashley Bieber.

Todos sabem que é impossível me vencer em qualquer esporte. Se existe algo que eu tenha que ser grata pelo meu pai, é o fato dele ter sempre exigido que eu praticasse exercícios e fosse acadêmica.

Meus colegas da escola comentavam entre si o quão frustrados eles estavam por perder em uma simples lutinha. Ou, o time adversário comentando que sou uma peça chave.

— Vamos jogar na rua? É bem mais emocionante do que ter todos esses olhares em cima da gente. — Um colega comenta, deixando claro sua insatisfação ao ter os olhos pesados dos seguranças sobre nós.

— O pai dela não deixa. — Minha melhor amiga, mais conhecida como cabelo de fogo, apelidada pelo meu próprio pai, se adentra no assunto.

— Ah, vamos? Meia hora não irá matar ninguém e o seu pai nem vai ficar sabendo.

— Não, Dylan! — Digo firme. — Eu não posso pisar na rua sem a permissão do meu pai.

— E ainda está fazendo quinze anos. — Ele debocha, e os demais riem ou seguram suas risadas.

Eu ignoro, esse ego de pré adolescente quando não recebe o que quer eu conheço bem, e o meu pai sempre me ensinou a não ser esse tipo mimada. Eu não posso, eu não vou, e não há nada e nem ninguém que me fará quebrar as ordens de meu pai.

Eu viro de costas, estava prestes a deixá-los se divertindo sozinhos, sinto-me como se eu não me encaixasse mais. O estranho é que há minutos atrás eu estava me divertindo, porém, parece que há algo prestes a acontecer e eu não quero saber o que é diante de tantos adolescentes com os hormônios saltitando.

— Patroinha? — Ouço a voz de Domenic, vindo em minha direção, e então lhe recebo com um sorriso. — Estava te procurando.

— Me achou. — Sorrio. — Eu pensei que você estava andando por aí procurando uma presa.

Ele dá risada.

— E estava, porém só tem menores de idade por aqui, não faz muito o meu tipo. — Ele debocha e eu nego com a cabeça. Como pode ser tão sínico? Eu o adoro.

— Como você tem passado? Fiquei sabendo sobre o que você teve que fazer com o Joseph, e eu sinto muito. — Digo receosa pela sensibilidade do assunto, e isso nitidamente mexia com ele.

— Eu confesso que tem sido uma missão quase impossível sobreviver sem ele. — Ele diz de forma genuína. — Estávamos afastados, brigando por causa de cargo e importância, e... nem me dei conta de que nunca foi isso o fator mais importante pra mim! Ficamos cegos.

— Eu sinto muito... — Fico cabisbaixa, pensando que as coisas na fase adulta poderiam ser tão diferentes. — Às vezes o meu pai consegue ser um monstro, e é quando eu não consigo reconhece-lo.

— É assim que as coisas funcionam nesse meio, Ash. Uma traição jamais deve ser perdoada, esse é o primeiro mandamento. — Ele suspira pesado. — Joseph o traiu e teve o que plantou, infelizmente.

— Ele deveria ter mandando outra pessoa para matá-lo, e não você, o melhor amigo.

— É tudo uma tática do Bieber. — Ele diz compreensivo, embora sua feição ainda seja de dor. — Ele queria que eu fizesse o trabalho para que eu veja o quão sujo ele consegue ser caso alguém o traia. Porém, eu jamais seria capaz de trai-lo, acredite.

— Eu vou sentir a falta dele! — Acaricio os ombros de Domenic, e ele deposita suas mãos fortes sobre a minha.

— Eu também, patroinha. — Ele sorri forçado, umedecendo os lábios. — Embora o seu pai seja um monstro na maioria das vezes, como você já sabe... não misture as coisas, ok? Ele te ama, você é o maior tesouro da vida dele e talvez a única pessoa possível capaz de o virar do avesso.

Ruin above causesOnde histórias criam vida. Descubra agora