Califórnia — Monterey — 15:30.
Point Of View — Justin Bieber.
George andou até mim, inclinou-se, e sem que eu esperasse, cospe no chão. Sua feição era de nojo, e se Maia não tivesse agora no andar de cima numa ligação com sua nova amiga, certamente ele me deserdava.
Voltei alguns passos para trás e me acomodo à uma boa distância dele.
— Controle-se, George Carttini. — Dou uma risada baixa pela situação. — Em alguns instantes a sua filha descerá aquelas escadas, e será difícil pra você fingir que está tudo bem.
— É isso o que eu estou fazendo desde a hora que eu cheguei. — Ele cospe as palavras em ódio. — Aliás, fingir que está tudo bem é o que eu mais faço desde que descobri que a minha filha estava tendo um caso com você.
— Poupe-me de suas lamúrias. — Franzo o cenho pateticamente. — Você finge que está tudo bem desde que virou um maldito viciado em apostas. — Jogo na sua cara o seu maior ponto fraco, as lembranças. — Colocou o seu vício acima da sua própria família, e agora quer agir como se fosse a porra de um santo?
— Eu não sou um santo, mas não sou como você. — Ele se aproxima prepotente. — Eu não sou como o restante da sociedade, que acredita que você é um homem íntegro, bondoso, ditador dos bons costumes... Você roubou a minha casa.
— Alto lá. — Aponto o dedo indicador na sua direção, de forma intimidadora. — Eu não roubei nada de ninguém. Você quem perdeu a casa naquela maldita aposta.
— E como não bastasse, levou Maia até o Cassino para presenciar tudo. — Diz com nó na garganta.
— Graças à isso ela mandou os seguranças lhe levarem a força para uma clínica de doentes. De certa forma, eu faço grande parte da sua melhora. — Sou irônico. — Fico feliz.
— E o que você ganhou com isso? Minha filha?
— Maia não é nenhum objeto no qual eu poderia ganhar. — Sou firme. — Porém conquista-lá não foi um dos objetivos mais fáceis da minha vida. Sua filha é integra, embora eu ainda não saiba quem ela puxou.
— E na primeira oportunidade, você a trouxe para a mansão e a enganou? — Ele sorri metódico. — Previsível demais, senhor Bieber.
— Nada disso. — Nego com a cabeça freneticamente. — Eu a tranquei aqui, por alguns meses. — Ele fica boquiaberto em seguida. — Ela não tinha escolha, ela já sabia quem eu era e não lhe custava muito colocar a boca do mundo.
— Eu... Eu não posso acreditar em tamanha barbaridade.
— Nunca ouviu falar que o vilão sempre se apaixona pela mocinha? É o melhor dos clichês.
— E mesmo depois de tudo ela continua por aqui? — Ele indaga assustado. — Você ainda está a mantendo presa aqui. — Ele diz firme, porém com a voz quase falha.
— Nos apaixonamos. — Digo a realidade, enquanto seus olhos lacrimejados se negam a acreditar em tudo o que saía da minha boca. E sua boca seca transparecia o quão nervoso ele estava.
— Isso é loucura...
— Loucura é sacrificar a própria filha para pagar uma dívida que era sua. — Começo a aumentar o tom de voz, mas logo me corrijo após lembrar que o segundo andar não era muito longe do cômodo.
— Ela foi decidida naquele dia, não foi eu quem a levei lá. Eu queria ter pago essa dívida sozinho, sem colocá-la em perigo.
— Pois você falhou. — Digo divertido, com as mãos dentro da calça. — Não lembra do tiroteio que teve em seguida? Ela poderia ter sido vítima de uma bala perdida, talvez. — Dou ombros. — Eu ainda não estava apaixonado por ela, poderia muito bem ter agido de má-fé.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Ruin above causes
ActionJustin Bieber é um dos homens mais respeitados da Califórnia, com seu "coração enorme" e suas causas nobres. Ele se esconde atrás de suas diversas máscaras, enganando não só todos à sua volta como à ele mesmo. Atrás do grande homem bondoso que a soc...