Ruin above causes

42.

Monterey — Califórnia — 15:35

Point Of View — Justin Bieber.

Dizem que quando uma mentira está prestes a ser descoberta, e você é o protagonista dela, a sensação de vergonha e impotência te domina antes mesmo da vítima descobrir.

Nesse caso, eu sou o protagonista e a Maia é a vítima.

Errar com a Maia significa errar com os meus próprios sentimentos, significa errar com tudo o que eu aprendi e venho aprendendo com ela durante esses oito meses de convivência. Ela era benigna, pura, justa, e honesta, eu nunca me senti digno de seu amor, tampouco por eu ter a deixado presa em casa durante meses.

Os olhos de Maia me encaravam como dois talismãs castanhos, e as lágrimas que ameaçavam a cair do seu rosto fazia-me sentir sujo, como nunca havia me sentido antes. Nem mesmo quando cometi os meus piores pecados.

— Justin? — A voz turva de Maia tira-me dos meus devaneios, e então me situo de que os olhos de todos ali estavam sobre mim, esperando alguma reação minha. — Você não irá fazer nada? — E pela primeira vez, eu não sabia o que fazer.

Trair o Ryan significa trair tudo o que construímos durante esses anos de parceria. Eu não me importo com o íntimo dele, porém ele era um profissional sem igual. Além de ter descoberto uma brecha no maldito contrato de Bryant e hoje ter salvo todo um plano. Ele nunca me traiu, ele era o único em que a minha filha confiava, existe toda uma história e uma promessa feita à sangue, e traidores não merecem perdão.

E eu não mereço ser perdoado.

— Não minta, Ryan. — Umedeço os lábios, pois tão grande era a tensão correndo em minhas veias. — Você tem alguma coisa com isso?

Ryan me olha incrédulo, supostamente por eu não seguir o suposto roteiro criado em sua mente. Ele tinha certeza que eu ficaria do seu lado, mas eu não posso. E ele confessaria, agora, ele irá simplesmente tomar os seus atos para si para me proteger.

Lamento, eu sou o chefe aqui.

E eu escolho a Maia.

— Fui eu quem apostei alto com o velho caquético. — Ele zomba, porém ainda com ódio na íris dos seus olhos. — Ele estava me devendo, atrasou o pagamento, e eu quis lhe dar uma liçãozinha... O que tem de errado nisso? — Ele abre e fecha os braços. — Eu não tenho culpa se o pai dela é um viciado.

— Ele não é mais um viciado. — Maia praticamente rosna.

— E eu não aposto mais. — Ele encara Maia com desdém. — Ninguém morreu, está todo mundo bem, e afinal, alguém ainda se lembra desse maldito dia? — Ele ironiza à cada fala dita, o que deixa Maia ainda mais inquieta.

— Todo mundo precisa pagar pelos erros cometidos. O meu pai pagou com juros, e você precisa pagar por isso.

Ele dá uma risada incrédula.

— Vamos acabar com isso. — Interrompo o momento que para ele era crucial. Olho nos olhos de Ryan e nos conectamos apenas com o olhar. Ele implora para que eu não fizesse o que estava em mente, por me conhecer há anos ele já tinha o poder de ler a minha mente em segundos. — Você irá se entregar, Ryan.

Ele pesa os seus ombros para baixo enquanto ainda me encara nos olhos, havia uma decepção extrema em sua feição. Ele estava sendo traído por aquele que sempre diz que traição entre nós não teria perdão, e que quem traísse sofreria as consequências.

— Você está brincando, Chefe? — Ele engole seco, enquanto encara todos ali presente. Eu estava me sentindo em um filme recorde de bilheteria, mas isso estava o caos.