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Manhattan — Nova York — 04:58.

Point Of View — Maia Carttini.

A mesa era enorme, só não era maior do que o ego de Aaron mencionando pela milésima vez o quanto sua equipe era a mais completa e à frente de todas as outras. As provas que eu coletei estavam todas no centro da mesa me encarando, como se estivessem estudando cada comportamento corporal meu, e nele dizia o quão tediosa eu estava, mesmo com a pressão de cada olhar ali.

Eu bocejo pela milésima vez. Foram duas horas de vôo e estamos nessa reunião há mais de três horas, ou seja, cinco horas completas sentada e ouvindo Aaron. Minha coluna já estava em formato de 'S' e as minhas pernas queriam ser esticadas, queria deitar e descansar, e..

— Carttini? — Aaron chama a minha atenção. — Há algo que você queira dizer?

E então eu bocejo novamente.

— Sim. Que horas essa reunião vai terminar? — Me escoro sob a mesa, trazendo cada olhar sobre mim. Uns assustados, outros apáticos, e ao meu lado a risada baixa de uma querida que aparentemente se sentiu representada por mim.

— Bom, eu acho que você está cansada, não é mesmo? — Uma moça bonita de olhos negros como a noite me questiona, ela parecia ser algo de Aaron.

— Estou, eu quero resolver esse caso tanto quanto vocês mas eu estou grávida e preciso descansar. — O olhar de Aaron era de contrariado, mas ele abaixa a sua cabeça e fecha a pasta que estava à sua frente.

— Vamos encerrar. — Ele diz apático.

— Ótimo. — Me levanto, sentindo uma perna minha estralar enquanto a outra luta para não ter câimbras. Pego a minha bolsa que estava pendurada na poltrona e me retiro dali, sem ao menos me preocupar em me despedir deles.

O barulho dos meus saltos ainda ganhavam do barulho dos murmurinhos quando saí da sala. Apresso os meus passos até o elevador mas a voz autoritária de Aaron os cessam.

— Carttini? — Eu me viro lentamente, bufando quente.

— Diga.

— Quero lhe mostrar isso. — Ele estende uma página de jornal e eu pego para ler.

Na matéria, Aaron dizia à imprensa o quão boa e competente eu era, por ter juntado mais provas de que qualquer outro perita que tenha passado por esse caso. E nela, ele também afirmava à imprensa de que eu iria resolver o caso não importa o que acontecesse.

Jogo o jornal em seu peitoral, fazendo-o recuar um passo para trás, eu odiei cada palavra que ele escolheu nessa entrevista.

— Que diabos é isso?

— Pensei que iria ficar feliz com a repercussão.

— Eu só espero que vocês não me crucifiquem como fizeram com Jesus caso eu não consiga solucionar isso. — Aperto o botão do elevador, ansiosa para sair da frente desse homem.

— Você vai conseguir.

— O 1% de fracasso existe. — O elevador se abre e eu entro dentro dele, e antes que o mesmo pudesse fechar, Aaron impede colocando os pés.

— Você não pode fracassar, tenha isso em mente. — Ele diz em um tom ameaçador, e eu franzo o cenho.

— Tire os pés ou eu os quebro. — Digo entre-dentes, e ele suspira antes de retira-los. — Na próxima vez que me ameaçar, lhe farei sentir o peso do meu sobrenome. — E então o elevador se fecha, sem chances de discussão.

Jogo a cabeça pra trás, batendo um pouco forte no vidro do elevador. Eu suspiro e sinto um ar quente saindo de mim, eu estava exausta, preocupada, com saudades dos meus filhos e... com saudades de Justin! Eu odeio admitir mas essa semana foi a pior desde que eu voltei da Argentina, estou há mais de uma semana longe da minha família e agora consigo perceber que eu não sou mais completa sozinha, eu preciso deles.

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⏰ Última atualização: Nov 20, 2023 ⏰

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