Um Doce Veneno

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Depois daquela noite no vilarejo, vieram outras, dezenas delas em que teve que usar as suas espadas para envenenar e matar comensais e outros aliados de Voldemort. Edward e Ronald seguiam a procura do seus amigos, mas aparatando de lugar a lugar, começavam a achar que era impossível prever onde eles poderiam estar. Então, se hospedaram em um albergue de Wiltshire, cansados das viagens e de tanto andar perdidos por vilas e cidades desconhecidas.

-Você ouviu? Pelo que parece o Cavaleiro esteve em Galway. Graças a ele diversas crianças nascidas trouxas foram salvas. -Dizia um homem baixo.
-Cortou as cabeças dos comensais, foi o que eu ouvi. Não sei dizer se é um bruxo, já que usa uma espada...-Disse uma bruxa.
-Imagino que seja, eram lâminas de goblin, tenho certeza! -Respondeu o homem.

Teddy abaixou o rosto, agradecendo por ter negado a ideia de Rony em vir com o seu disfarce de Cavaleiro. Desde do ataque naquele vilarejo, havia começado a ser conhecido por todo lugar "Cavaleiro da Noite", "O Grande Protetor", "O Crepúsculo". Tantos nomes que apenas refletiam seus atos horrendos. Ele odiava ter que matar aquelas pessoas, não importavam quem elas fossem. Gostava de ser um herói, claro, iria salvar todos que pudesse, mas não queria ser lembrado por aqueles que matou. E não, ele não cortava as cabeças. Na verdade, boa parte dos comensais morria envenenando, bastava serem acertados de raspão pelas espadas e morreriam, sem muito sofrimento. Ronald dizia que ele estava sendo muito bonzinho, já que os comensais torturavam aqueles que capturavam por dias e matavam de forma desumana, no entanto, o Lupin recusava-se a ser cruel.

Em Galway, na Irlanda, foi um dos pontos que eles aparataram porque sabiam que haveria um ataque de comensais, havia sido avisado por Evan por meio do Observatório Potter. Teddy chegou cavalgando em Whinny e impediu que os comensais se aproximassem da cidade, salvando algumas crianças no processo, foi o ato mais bem sucedido que tiveram e mesmo assim o garoto não sentia nenhum pouco feliz, já que a cada ataque, mais sangue pingava sob suas mãos.

-Whisky de fogo, por favor. -Ouviram uma voz fina e arranhada, quase engasgada. Ronald virou para trás e Teddy o puxou com força, sentindo seu próprio corpo tremendo. Nunca poderia superar as noites que havia passado nas mãos dele. Era impossível.

O que Pettigrew fazia ali?

O bar da hospedaria havia ficado completamente em silêncio e imediatamente desligaram o rádio, que passava o Observatório Potter. Teddy fez careta, eles haviam se hospedado ali só para conseguirem escutar as palavras de esperança e sabedoria dos membros da Ordem, que ainda participavam.

Todos olhavam fixamente pro homem com cara de rato, segurando suas varinhas de forma escondida, mas não atacando, já que bastava que Peter tocasse em sua marca para aquilo virar um inferno.

A guerra era um inferno em que muitos morrem e poucos tem escolha do que podem ou não fazer. Teddy era um desses, se ele não matasse, os homens ainda aparatariam e levariam aquelas pessoas que atacavam...Ele não poderia permitir que alguém passasse pelo que ele passou aos doze anos quando muito bem podia impedir.

Pettigrew bebeu seu whisky e se virou, encostando no bar e olhando em volta. Teddy sabia que o velho amigo de seu pai não o reconheceriaa, mas não pode sentir a vontade de sair correndo. Talvez fosse a pessoa que mais ele temia, mais que Voldemort, mais que Fenrir ou Umbridge. Pettigrew o torturou por semanas seguidas fisicamente e com feitiços. Sob os olhos azuis e frios do homem com cara de rato, Teddy se sentia uma criança e o pânico subia ao seu peito. Olhou para baixo e viu seu próprio reflexo em sua bebida, seus cabelos ainda estavam loiros e seu rosto bem mais velho, como se fosse um homem de quase quarenta anos, irreconhecível. Sentiu a mão de Ron na sua, o amigo estava usando a última poção polissuco que tinham...Eles precisavam ir pro quarto antes que a poção passasse e o revelasse, mas ninguém se mexia, não com o comensal presente.

Os Herdeiros dos Marotos em: O Epílogo.Onde histórias criam vida. Descubra agora