Os Herdeiros dos Marotos em: O Epílogo.

Entre Arrependimentos.

4 de Março de 1999.

Olhou em seu relógio com incerteza. O vento gelado do porto acalmava seus nervos e o deixava ansioso. Era agora, bastava alguns passos e a sua vida iria mudar. Iria para longe e, talvez, se sentiria bem melhor.

-Navio Paenitentiam  partindo para Nova York. -Um homem de chapéu azul andava por perto chamando os passageiros.
-Com licença...Que horas o navio parte? -Perguntou Rolf, apertando a alça de sua mala.
-Daqui quinze minutos, senhor. Se eu fosse você já entraria para pegar um compartimento. -Disse o homem.

Rolf assistiu o funcionário do porto partir. Ele não sabia o que estava fazendo, sinceramente, ele só sentia que deveria sair do Reino Unido o mais rápido possível. Tudo ali...O sufocava, até mesmo seu namorado, Edward, parecia estar o deixando cansado e com náuseas. Não que não amasse seu querido Teddy, amava com toda força possível e adorava os Lupin em um geral, mas...As mortes, as marcas e cicatrizes deixadas naquela terra, demorariam anos para sarar e ele, Rolf Scamander, não conseguia assistir tudo aquilo. As pessoas que tanto ele amava catando cacos atrás de cacos em busca de uma felicidade frívola. Não. Ele não sentia que Londres era para si.

Precisava de espaço, mudanças, diferenças, um novo ambiente em que todo sangue que ele havia visto pudesse ser apagado de sua mente, pelo menos, temporariamente.

Ele não era um médico e todos sabiam disso, demorou muito tempo na guerra para que se acostumasse com a falta de membros ou até mesmo com o fato que precisava cortar alguns para que o paciente sobrevivesse. Também não era um guerreiro e pouco sabia de duelos, tanto que muitas vezes teve que ser salvo pelos membros da Ordem que mandavam que ele ficasse quieto e escondido, pelo seu próprio bem. Era grato por Remus e Ninfadora, que precisaram dele em um momento tão delicado e que puderam o esconder naquele período de conflito. No entanto, ele mesmo só havia ficado no país por amar demais o filho deles, Edward, o garoto que ficou um ano sei lá onde, lutando e matando sei lá quantas pessoas e voltando sendo menos a pessoa que era.

Cacos.

Edward era um amontoado de cacos e cicatrizes que precisava que ele tivesse muita paciência para que pudesse sarar e por meses, Rolf teve essa paciência. Aguentava o choro, o pânico, os abraços....Até um certo ponto. Ele não queria voltar para Hogwarts e achava estúpido que o garoto quisesse ficar ao invés de ir consigo para um lugar novo. Tentou mais uma vez ser compreensivo, esperar uma resposta.

Só que...Não deu tempo. Seu avô mandou uma carta dizendo que havia tido um problema em sua reserva de criaturas mágicas, claro, não solicitou que Rolf fosse, mas...Por que não? Era sua chance de escapar por um tempo de todo aquele caos e, daqui um ou dois dias, poderia voltar e convencer Teddy a ir consigo.

Parecia um bom plano.

Até que, não parecia realmente ser. Sabia que Teddy ficaria magoado por não ter ido até ele se despedir. Era uma ferida enorme ao relacionamento deles, e sabia disso. Estava indo embora sem falar nada, deixando-o para trás e sem explicar o que sentia, enquanto Teddy sempre dizia tudo a ele. Talvez o seu namorado fique tão chateado que nem ao menos queira falar com ele...Um bilhete! É claro, poderia escrever um bilhete para que Teddy soubesse o que estava fazendo e ainda não o atrapalhasse. Abriu a sua mala no chão, caçando papel, pena e tinteiro. E no chão mesmo, escreveu para onde estava indo, o que iria fazer e, logo, enviaria outra carta explicando melhor a Teddy.

Achando que esse bilhete era bom o suficiente. Fechou a mala, se levantando e analisou as suas palavras. Mordeu seus lábios. Teddy ainda ficaria preocupado com isso e sabia que tudo parecia ser muito repentino. Passou a mão pelos cabelos, estava inseguro do que fazer. Queria tanto ir e fugir dali. Olhou em volta, respirando fundo. Talvez se fosse ao banheiro e lavasse o rosto, clarearia as ideias e seus pensamentos, conseguiria saber qual seria a solução apropriada para tudo.