Vitória🦋
Olhei pros lados e depois pros acesos no meu braço, minha cabeça doia um pouco e eu tava meio zonza.
A porta do pequeno quartinho abriu me dando a visão de uma loira com jaleco vindo na minha direção.
Xx: Boa noite eu sou a Emily, sou a interna responsável por você - disse abrindo meus olhos e apontando uma lanterna pra eles. - Sabe me dizer quantos dedos tem aqui, Vitória?
Ela se distanciou um pouco e levantou os dedos, apertei bem os olhos tentando enxergar melhor e assenti com a cabeça.
Vitória: Quatro dedos - murmurei. - Vou poder ir pra casa quando?
Emily: Siga meus dedos - ela fez uma série de coisas e foi anotando tudo em uma prancheta. - Bom, não vemos sinais de algum trauma, você se lembra o que aconteceu?
Vitória: Eu tava indo pra casa e me bateu uma falta de ar, depois disso não lembro de mais nada. - suspirei, me lembrando daquela sensação horrível.
Emily: Interessante, passou por algum trauma recentemente?
Flashes de uma noite passou rapidamente pela minha cabeça, um carro e alguém ao fundo gritando.
Neguei com a cabeça e olhei pra médica, perguntando novamente quando eu ia poder sair daqui.
Emily: Você só precisa passar essa noite em observação para termos certeza que não houve nada, amanhã poderá ir. - disse ainda anotando na prancheta. - Tem uma menina ali fora querendo te ver, o nome dela é Larissa Alves disse que é sua prima, pode autorizar. - assenti. - Tudo bem, tenha uma ótima noite de descanso, nos vemos pela manhã e se acontecer alguma coisa clique nesse botão aqui que uma enfermeira vai vir na hora, okay?
Vitória: Tudo bem.
Ela saiu da sala e um tempo depois a Lari apareceu toda afobada, parecia ter corrido uma maratona inteira e essa visão deu uma tremenda vontade de rir, mas é capaz dela me bater ainda.
Larissa: Porra Vitória, tava fazendo o que? Caçando chifre em cabeça de égua só pode! - ela respirou fundo e passou a mão pelo rosto, voltando a falar um pouco menos alterada. - Caralho prima, fiquei mó preocupada, o que aconteceu?
Do lado da minha cama tinha uma cadeira de plástico onde ela sentou e segurou a minha mão, me olhando aflita.
Vitória: Tá tudo mec, Lari, relaxa a buceta. - fiz careta.
Larissa: Sua mãe vai matar nós duas, sua filha da puta. - disse baixo parecendo pensar.
Vitória: Tu contou pra ela? - arregalei meus olhos, mas ela negou, me fazendo ficar mais calma.
Se dona Vanessa sonha que eu estou em um hospital, é capaz de vir lá da Bahia só pra terminar de me matar.
Larissa: O Oliveira passou pra te ver, K7 também. - falou chamando minha atenção.
Vitória: Tu disse o que pra eles?
Larissa: Nada, a médica disse que só podia entrar um por vez, aí eles foram embora porque eu disse que ia fazer um barraco se não me deixassem entrar.
Comecei a rir porque sabia que ela era capaz mesmo de fazer isso, como eu também seria capaz de fazer só pra ver ela.
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𝑀emórias - 𝐴𝑄𝑈𝐴𝑅𝐼𝐴𝑁𝐴 - CONCLUÍDA
Não Ficção𝑺𝑨𝑮𝑨 𝑯.𝑹💅🏼 As memórias amargas não podem nos aprisionar. Elas fazem parte da vida - como o sorriso, o por do sol, o instante de oração. Curioso é que esquecemos rápido nossas alegrias, embora sempre façamos com que o sofrimento dure mais do...