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Lari: Cara, lembrei daquela vez que a gente fugiu da sua casa pra ir pro pagode, tia Neusa quase matou a gente. - disse rindo, enquanto caminhávamos em direção aonde iria ser o pagode.

Balancei a cabeça em concordância com um sorriso no rosto.

Vitória: Minha mãe me quebrou no pau, dói só de lembrar.

Lari: Pelo menos disso você lembra né, o Glória! - jogou os braços para cima.

Vitória: Chega né, Laripau. Passar vergonha, jamais! - segurei o riso, quando a mesma parou e colocou a mão na cintura.

Lari: Caralho, deveria não lembrar desse apelido escroto também! Juro que mato o Jota por isso! Aonde já se viu, colocar esse apelido em mim, eu heim.

Vitória: Foi ele? Nossa, ouvi isso em algum lugar, mas enfim, vamos beber!

Lari: Até que enfim algo que preste saindo da tua boca.

Ela segurou um braço meu e me começou a me puxou pra mais adentro daquele "quintal".

Tinha uma piscina do caralho, e várias pessoas, tanto dentro quanto fora, alguns homens ao redor de uma mesa jogando algo e várias mulheres dançando praticamente pelada perto deles.

Larissa: É uma resenha privada, fomos convidadas então tudo grátis, entorna o balde prima! - me entregou uma brahma.

Começou com isso, mas logo depois veio as bebibas fortes, ela realmente queria entonar o balde, e eu não ia deixar minha prima/melhor amiga pra trás né, até porque, pelo que eu me lembro eu ensinei essa viada a beber, mesmo ela sendo mais velha do que eu.

Um tempo depois, eu já tava  curtindo uma onda muito boa, aquela do "nada mais me abala", fui pro meio da algazarra e coloquei a bunda pra jogo.

Se tem uma coisa que eu aprendi bem na Bahia, é sambar. Carnaval em Salvador, ninguém segurava, novinha aqui dava show! Dançando pagodinho então.

Lari: Aí amiga, o Jota tá aqui, você acha que eu vou lá falar com ele? - parou do meu lado, se balançando conforme a música.

Olhei pra onde ela tinha olhado, e vi o tal do Jota com uma loira no colo, e do lado dele tava o Oliveira. Eles estavam sentados na mesa do jogo que parecia ser truco.

Vitória: Sinceramente? Faz o que tu quiser, já disse que ele não presta. O cara ta ali, no maior agarro com uma, e você quer chegar lá parecendo emocionada? Isso não dá certo, experiência própria. - respirei fundo, lembrando do traste.

Larissa: Mas eu amo tanto ele, sabe? É uma coisa inexplicável, eu faria tudo por ele!

Eu faria tudo por ele!

Foi assim, exatamente assim que tudo começou.

Larissa: Caralho, eu vou matar a Juliana, oxigenada do caralho! - resmungou, virando o copo de bebida na boca. Olhei sem entender, e ela apontou para trás de mim.

A loira que tava no colo do Jota, começou a beijar ele que nem uma maluca, e depois olhou pra nós piscando um olho e dando risada junto com o que eu acho ser as amigas dela.

Eu não iria deixar minha prima ser feita de trouxa por macho, como também não iria deixar ela ser assunto de rodinha.

Desde pequena sempre fomos unidas, mas a Lari é mais medrosa, eu sempre gostei de bater de frente com o poblema, e resolver logo de cara. Sempre quando alguém inventava de querer brigar com ela, eu me metia e arrebentava a fuça de quem quer que seja, nem que isso custasse tomar um coro da mãe depois. Fico pensando como foi os anos dela sem eu aqui.

Virei o resto da brahma que tinha na latinha na boca, joguei meus cabelos para trás, e ajeitei meu decote na blusa.

O que é uma mulher sem suas armas, não?

Larissa: Vai procurar macho, é?

Vitória: Não. Vou ver se dou mais dignidade para essa família.

Me virei e caminhei em direção a mesa de cabeça erguida, confiante de tudo o que eu vou fazer.

Mesmo com a música alta, pude ouvir os passos da Lari as minhas costas, ela podia ser medrosa, mas nunca me deixava na mão.

Tinha duas mesas juntas, e uma ponta que não tinha nenhuma cadeira. Cheguei e apoiei meus braços na mesa, encarei cada um que se fazia presente, mas meus olhos insistiram em parar em uma pessoa.

Xx: Aí boneca, posso te ajudar? - um cara disse, em tom malicioso.

O encarei de cima a baixo e tive muito vontade de revirar os olhos, mas me segurei.

Vitória: Na verdade, pode sim. Eu quero jogar!

Todos que estavam na mesa começaram a rir olhando um pro outro. Escutei a minha prima falar baixo que eu estava ficando louca, e na real? Sempre fui!

Xx: Meu amor, a gente pode jogar um joguinho mais tarde, só que isso aqui é pra homem de verdade. - riu com escárnio.

Quando eu ia abrir minha boca pra falar merda, aquela voz rouca se fez presente, fazendo como da primeira vez, todos os meus pelos se levantarem.

Oliveira: Vai apostar o que? Ou achou que é só chegar e pronto? - cruzou os braços, me encarando sério.

Larissa: Não sei se tu sabe, mas a gente não tem dinheiro, porra! - murmurou no meu ouvido.

Vitória: Em quanto tá a aposta? - perguntei, ignorando a voz da minha prima me xingando.

Jota: Cinco mil! Bora ou tá com medo?

A menina que tava no colo dele começou a rir e me encarar, já disse que não gosto de gente me olhando?

Dei um sorriso de lado sem mostrar os dentes, mas que demonstrava pura diversão.

Vitória: Eu quero aquele cara ali de parceiro, algo do contra? - apontei pra um pivete que tava no final da mesa.

Oliveria: Nada, pô. Aí K7, cola com nós. Vou jogar essa também, Jota vai comigo, algo do contra? - repetiu a minha pergunta, com um pouco de deboche.

Apenas neguei com a cabeça e puxei uma cadeira pra sentar. O carinha que tinha debochado de mim teve que sair pro K7 sentar. O Oliveira sentou de frente pra mim, e o Jota a minha esquerda.

Olhei pro Oliveira e ergui uma sobrancelha, dando um sorriso de lado.

Vitória: E claro, que vença o melhor!

𝑀emórias - 𝐴𝑄𝑈𝐴𝑅𝐼𝐴𝑁𝐴 - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora