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"Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo"

A bala tava correndo solto, altos rajante atravessando o céu e o dia quase amanhecendo já.

Já dava a visão de vários dos nossos estirados pela rua, visão triste pra caralho, mas sabemos que quando seguimos por esse caminho essa é sempre uma das opções.

Os filho da puta pegou nós desprevinidão, mas nunca vou abaixar a cabeça não, nós vai trocar até o fim aqui.

Oliveira: BORA PORRA, LARGA O DEDO SEM DÓ NESSES FILHO DA PUTA!

Tava pra atravessar o beco dando cobertura pra um menor mais a frente quando o tiro passou certinho na minha frente, corpo travou, suei frio na hora. Acabou acertando de raspão minha sobrancelha mas nada certo ainda, a adrenalina tava a mil e nem dava de parar agora. Metralhei o filho da puta com tudo e entrei no beco da nove, joguei a arma pra cima de um muro que tinha ali e subi pra lage.

Fui pulando de uma em uma tomando um cuidado do caralho pra não sair e quando eu tava chegando quase na entrada escutei uma nova onda de tiros, parei me escondendo atrás de umas telhas e posicionei a parafal. Tentei ter uma visão melhor pela mira mas tava tudo embaçado já pela chuva que tinha começado a cair.

Busquei o radinho na cintura e acionei os cria esperando um responder, enquanto isso semicerrei os olhos tentando enxergar melhor e assim só sai descendo tiro nos vagabundo que tentava subir.

Radinho📲

-/ passa o mapa porra, que caralho tá acontecendo!?

LL: tão subindo mais...CORRE NÃO PORRA! Caralho chefe, parece que eles tão ajudando, deve ser morro aliado se liga.

Neguei com a cabeça tentando entender, tive nem tempo de acionar os ronca pra dar aquela moral, mas a notícia deve ter chegado neles lá. Agradeci ao pai que tá no céu e desci da lage pra bater de frente com os filho da puta.

Atravessei o fuzil nas costas e tirei a camisa amarrando na cabeça, já tava sentindo uma ardência do caralho mas não ia parar não. Pulei da lage e peguei a pistola na mão saindo por ali na maciota, quando avistei os cria em um canto e tava quase atravessando senti um bagulho atravessar minha barriga. Minha vista ficou turva na hora e depois mais outro, e outro.

Meus joelhos fraquejaram e eu caí ajoelhado no chão. Os menor que tava um pouco mais a frente notou a movimentação e se virou atirando pra caralho pro lado aonde eu tava, depois vieram até correndo pra me socorrer.

LL: porra, desgraça... Fica com nós irmão. - me balançou.

Eu só escutava algumas vozes mas bem longe de mim, e por um momento eu parei pra pensar no que sempre falavam, que quando tu tá morrendo sua vida toda passa diante dos seus olhos.

Mas naquele momento a única coisa que me via a mente era que eu não ia ver mais a maluca e nem meu menor, que não ia poder segurar ele pela primeira vez, ensinar a jogar bola e os caralho todo. Que eu não ia mais abraçar minha nega, beijar e falar que amava ela pra caralho.

- Fecha o olho não cria, porra, teu menor logo tá aí fica com nós chefe!

Senti meu corpo ser erguido mas depois nada mais fazia sentindo, minha visão foi ficando preta aos poucos e depois eu só deixei ir.

Só deixei o lá de cima me levar, porque se assim for da vontade dele, mesmo eu sendo contra vou acatar.

😭😭

𝑀emórias - 𝐴𝑄𝑈𝐴𝑅𝐼𝐴𝑁𝐴 - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora