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Vitória: Tô bonita? - dei uma volta, parando de frente pra ela.
Larissa: Tá gatona, prima, Renan que lute, se eu te pego!
De risada e me voltei pro espelho pra passar brilho labial.
Hoje faz cinco meses que eu e o Renan estamos juntos, e ele me chamou pra sair, como eu não sabia pra onde era, coloquei um vestido florido e resolvi ir de rasteira mesmo.
Larissa tava desde mais cedo aqui em casa me ajudando a se arrumar, eu já tinha dado umas quinhentas crises de ansiedade, e já tava pra ter outra com Renan demorando pra chegar.
Terminei tudo no quarto e desci as escadas com a minha prima do meu lado, meus pais tavam sentado no sofá, fui direto pra cozinhar pegar um copo de água, enquanto lari ficou conversando com eles, mas logo se despediu indo embora.
Jacaré: Ainda acho sem necessidade isso aí, esse garoto podia muito bem ficar aqui em casa. - olhou pra mim sério.
Vitória: De novo, pai? Já disse, volto antes da meia-noite, igual o senhor pediu e nem vou fazer nada demais.
Jacaré: Independente Maria Vitória, tô gostando nada desse papo de sair aí - bufei, e me sentei no sofá de frente pra eles.
Vanessa: Deixa a menina, Jacaré! Até parece, quando era a gente você fazia eu pular a janela pra sair, a menina ainda tá falando que vai sair, eu em. - arregalei os olhos.
Vitória: Senhora pulava janela só pra ver o pai?
Vanessa: Isso e muito ma..
Jacaré: Qualé, Vanessa! Vai dar ideia pra maluco? Vitória precisa ficar sabendo dessas coisas aí não.
Quando a minha mãe ia responder, bateram na porta e eu levantei correndo pra abrir.
Renan tava todo bonito de cabelo penteado, short jeans de lavagem clara e uma blusa preta, na mão dele tinha algumas flores, ele estendeu pra mim e eu peguei sorrindo boba.
Vitória: Precisava disso não, Re. - dei um selinho nele.
Entramos pra dentro de novo e o meu pai tava em pé no meio da sala com uma cara de poucos amigos, olhei pra minha mãe suplicando e a mesma bateu nele que logo suavizou o rosto.
Vitória: A gente já tá indo, vejo vocês mais tarde. - dei um beijo em cada.
Vanessa: Se previna. - disse baixo no meu ouvido em meio ao abraço.
Fiz uma cara de sonsa e fui pro lado do Renan de novo, mas antes eu deixei as flores em um vaso que tinha ali na sala.
Jacaré: Olha lá o que tu vai fazer com a minha filha em, moleque. Levar tu lá pra cima é rapidinho.
Renan: Não vamos fazer nada de errado, senhor. Prometo cuidar da sua filha. - disse antes de sairmos.
[...]
Depois de andarmos uma eternidade pro lado de cima da favela, chegamos no mirante, tinha uma vista incrível da favela.
As luzes das casas deixavam a paisagem ainda mais linda, a favela de noite era uma coisa inexplicável.
Renan: Não sei cê tu lembra, mas foi aqui que a gente se conheceu. - olhou pra mim. Franzi o cenho tentando lembrar. - Tu tava com uma cara muito puta, com a mochila nas costas e a farda da escola, ia atrás da sua prima reclamando alguma coisa. Assim que eu vi você chegando o tempo parou, tá ligado? Tipo, tu vinha em câmera lenta em direção a rodinha, acho que de primeira você ficou com vergonha, mas assim que um dos cara fez uma piada você riu, e porra, sorriso lindo do caralho. Naquele momento eu descobri que tava fudido, literalmete. - sorri lembrando da piada de Breno, esse dia foi incrível mesmo. - O ápice de tudo foi você ter me passado seu número, achei mesmo que ia me deixar no vácuo, mas nem, começamos a conversar, e daquele simples dia surgiu uma amizade incrível.
Vitória: Tirando a parte que você vivia me atormentando, né? - rimos, mas nem é mentira, ele me atentava mesmo, dava vontade de sair da minha casa só pra ir bater nele.
Renan: Quando a gente se beijou pela primeira vez, lá no meu quarto, antes disso eu já sabia que tava apaixonadão por tu, aquilo foi só a confirmação, tá ligado? Sei que desde aquele dia decidimos namorar, mesmo que o pedido foi bem fudido, eu quero fazer de novo. - olhei sem entender, enquanto o Renan se ajoelhava. Ele retirou do bolso uma caixinha e abriu revelando dois aneis pratas. - Maria Vitória, aceita ser minha companheira, amiga, cúmplice, namorada e acima de tudo, minha aquariana?
Deixei algumas lágrimas caírem, e me ajoelhei junto dele, olhando bem em seus olhos.
Vitória: Eu aceito, aceito ser sua companheira, cúmplice, namorada - deixei um sorriso escapar. - Mas acima de tudo, aceito ser sua aquariana.
Me joguei em seus braços, e o abracei com força, esse tá sendo um dos melhores dias da minha vida.
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𝑀emórias - 𝐴𝑄𝑈𝐴𝑅𝐼𝐴𝑁𝐴 - CONCLUÍDA
Non-Fiction𝑺𝑨𝑮𝑨 𝑯.𝑹💅🏼 As memórias amargas não podem nos aprisionar. Elas fazem parte da vida - como o sorriso, o por do sol, o instante de oração. Curioso é que esquecemos rápido nossas alegrias, embora sempre façamos com que o sofrimento dure mais do...