Vitória| 03 de 05.
Tava tentando manter todos os pensamentos em ordem, mas isso se tornou uma tarefa muito difícil, pra piorar eu ainda tava com uma enxaqueca horrível.
Desci do ônibus e atravessei a rua entrando na favela, fui bem plena canelando até em casa. Já devia ser umas 18 horas ou até mais, tava um climinha tão bom na favela, só paz.
Assim que ia abrir o portão de casa Larissa saiu por ele com pressa, eu que tava sentindo que alguma coisa ia acontecer fui atrás dela né, vou deixar minha bixa sozinha nada!
Depois do bafafá todo que aconteceu minha única vontade mesmo era de meter a mão no Jota, mas vou fazer a plena porque depois sobra pra mim né.
Assim que o Oliveira chegou se colocando entre nós o coração até errou as batidas, respiração na hora ficou ofegante. Quando ele me olhou pelo ombro parecendo verificar se eu estava bem, meu rosto ficou todo vermelho, e nem era de coisa sexual e tals, mas sim de vergonha.
Você traiu o Renan.
O papo que o Santos disse mais cedo me atingiu em cheio, me deixando mais sem graça ainda.
Devia ter uma explicação, eu sei que deve ter alguma, mas nem com cabeça pra perguntar eu tô. Agradeci mentalmente quando a Lari me puxou com ela, fui até sem reclamar pois eu não teria forças alguma pra sair dali.
Joguei a bolsa no sofá e sentei no mesmo esperando pela Larissa que sentou no meu lado se virando completamente pra mim.
Ela respirou fundo umas quatros vezes, se acomodou melhor no sofá e ficou olhando pro pé dela.
Larissa: Bom, na semana passada eu tava sozinha em casa, você tinha ido pra sei lá onde com o Oliveira então eu resolvi ir na praça, encontrei umas colegas e tals e ficamos conversando. Aí do nada uma mona apareceu roubando a atenção de todos e eu fiquei toda curiosa né, ela era linda pra caralho. Procurei saber mais até chegar aos meus ouvidos que ela era a fiel do Jota e que eles estão junto sei lá, desde sempre! - disse com deboche, ela fungou e eu nem tinha percebido quando a mesma tinha começado a chorar.
Vitória: Prima, se você não quiser continuar, eu vou entender. - apertei sua mão tentando passar conforto.
Larissa: Não, não, eu preciso falar, desabafar. - limpou o rosto. - Quando me disseram isso eu fiquei cega, porque porra, eu sou apaixonada naquele cara desde os 14 anos e ele me dizia tanta coisa prima, que queria me ter pra sempre e que ele iria me assumir de fiel um dia, eu tava cega, completamente cega por ele que fui tirar satisfação com a mona né. - negou com a cabeça.
"A gente nem precisou brigar porque o que ela disse já me deixou toda fudida. Ela disse que eles estavam juntos a mais de quatros anos, que tinham um filho e que ela estava esperando outro. Eu fiquei sem chão real, e quando eu menos percebi já tinha falado pra ela que nesses quatro anos aí eu sentava pra ele pensando que isso ia estragar o relacionamento. Mas a mona nem se deu ao trabalho de brigar, falou altas coisas que pesaram real na minha mente. Depois disso eu percebi o quanto otária eu tava sendo e daquele momento em diante resolvi que queria esquecer o Jota, que não queria mais nada com aquele filho da puta!"
Eu tava com os olhos regalados mesmo, sem reação nenhuma, porra, como que eu nao soube disso antes?
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𝑀emórias - 𝐴𝑄𝑈𝐴𝑅𝐼𝐴𝑁𝐴 - CONCLUÍDA
Non-Fiction𝑺𝑨𝑮𝑨 𝑯.𝑹💅🏼 As memórias amargas não podem nos aprisionar. Elas fazem parte da vida - como o sorriso, o por do sol, o instante de oração. Curioso é que esquecemos rápido nossas alegrias, embora sempre façamos com que o sofrimento dure mais do...