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Subir esse morro com esse sol quente do caramba do Rio não é pra muitos.

Tinha saido cedo de casa pra ir fazer minha inscrição em uma faculdade, aproveitei que já tinha feito a prova do Enem lá na Bahia, e como tinha tirado uma nota boa, foi até mais fácil me inscrever.

Vou começar o curso de direito, desde nova, meu sonho sempre foi ser advogada criminalista, minha mãe sempre me incentivou, e vou fazer tudo para dar orgulho a minha coroa.

Tava passando perto da praça, quando escuto alguém me chamar, me viro de dou de cara com o K7, o menino com quem joguei carta ontem.

K7: Aqui sua parte da grana. - tirou um bolo de dinheiro do bolso. - Cara, valeu mermo. Eu não sou muito bom jogando aquilo, mas parece que você trouxe sorte, e esse dinheiro vai ajudar pra caraí no tratamento da minha mãe, obrigado mermo!

Dei um sorriso de canto, me sinto bem sabendo que a minha loucura vai ajudar alguém.

Vitória: E o que ela tem? - perguntei, o vendo ficar meio desconfortável. - Se não quiser falar, tá tudo bem, sério!

K7: Câncer, pô. Descobrimos no ano passado, tinha acabado de ser demitido do trampo, a única coisa que eu consegui foi ser vapor na boca, como dizem né, o crime te abraça quando tu mais precisa. Mesmo a coroa não gostando, nao posso deixar de saber que tá ajudando pra caralho dentro de casa, que tô botando comida na mesa, tendeu?

Vitória: É, entendo. Quer saber de uma coisa? Fica com a minha parte também.  - levantei a mão com o dinheiro, mas ele negou se afastando.

K7: Que isso, pô. Não é porque te contei os bagulho, que tô precisando que sintam pena de mim.

Vitória: Não é pena, eu não tava mentindo quando disse que te entendo. Eu vi a minha vó sofrer, e ir se desfalecendo aos poucos por causa dessa doença, eu sei como é perder alguém, e se eu puder te ajudar a não perder sua mãe, vou me sentir grata, por apenas poder ajudar alguém que está passando pelo mesmo. Então, por favor, me deixa ajudar.

Ele olhou por um tempo exitando, mas depois pegou o dinheiro da minha mão e me surpreendeu quando me deu um abraço.

K7: Obrigado, muito obrigado! Dona Helena nem vai acreditar, pô. Vou poder pagar um particular pra ela aí, puta que pariu!

No auge do momento, ele acabou me levantando um pouco do chão e começou a me rodar.

Comecei a rir com ele, e quando o mesmo me colocou no chão, comecei a arrumar meu cabelo, eu tava parecendo doida.

K7: Aí pô, tu não quer jantar lá em casa não? Assim né, é tudo simples, mas tenho certeza que tu vai ser recebida com mó carinho.

Vitória: Tenho certeza que sim. Mas não sei se vou poder ir. - disse, vendo o Oliveira passando do outro lado da rua.

K7: Ah, tudo bem, então fica pra qualquer dia aí que tu puder. - murmurou, depois de ver quem eu estava olhando.

Vitória: Okay, então, eu te ligo? - ergui uma sobrancelha.

K7: Tem meu número? - deu um sorriso de canto, cruzando os braços.

Vitória: Então né...

Tirei o celular da bolsa e entreguei pra ele, que salvou seu número e me devolveu.

K7: A gente se vê por aí, Vitória. - deu um beijo no canto da minha boca e saiu andando.

Eu fiquei por um tempo olhando ele saindo de perto de mim, e olhei pro lado, vendo o Oliveira conversando com um cara, mas me encarando.

Puta que pariu!

>>>><<<<

𝑀emórias - 𝐴𝑄𝑈𝐴𝑅𝐼𝐴𝑁𝐴 - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora