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Abri os olhos lentamente já que a claridade não ajudava muito, me remexi um pouco desmontável no colchão meio duro e pela intravenosa no meu braço constatei que devia estar no postinho.

Olhei pra cima e vi que estava recebendo soro, o que eu não entendi já que não estava fraca e o meu desmaio foi pelo susto.

A porta se abriu e uma enfermeira morena passou por ela e me cumprimentou com um sorriso doce nos lábios, checou os aparelhos e avisou que logo o médico viria falar comigo. Acabei perguntando pela minha prima ou qualquer um que fosse e ela só disse que eles precisaram ir em casa mas que logo voltariam.

Agradeci e ela saiu, minutos depois um homem alto e magro com a barba por fazer entrou no quarto, desejou bom dia e começou a me examinar.

Ele se afastou anotando algo na prancheta e voltou seus olhos para mim com um sorriso nos lábios.

Xx: Eu sou o Dr.Carlos médico obstetra, e vou ser seu médico por longos meses se você não tiver outro, é claro. Então mamãe já começou o pré natal? - perguntou com um sorriso nos lábios e parecendo se lembrar de algo, começou a escrever novamente no papel sobre a prancheta.

Minha mente ficou branca, eu não conseguia pensar em nada e um desespero começou a tomar conta de mim.

Mamãe?

Pré natal?

Mas que porra?!

Parecendo perceber o estado de desespero em que eu me encontrava, o médico arregalou os olhos e sorriu sem graça.

Dr.Carlos: Você não sabia não é? Bom, a senhora se encontra agora com três meses de gravidez, e por saber agora, presumo que o pré natal ainda não iniciou, mas posso fazer isto agora mesmo. Fizemos uma ultra e o seu bebê  está bem e saudável, e presumo que pelo crescimento daqui algumas semanas já poderá saber o sexo. - explicou de forma paciente fazendo alguns gestos com a mão.

Bebê?

Três meses?

Grávida,

Era só isso que eu conseguia pensar, mas como uma lâmpada algo se acendeu em minha mente.

Alguns dias depois que eu saí do hospital, eu e o João transamos a noite toda, mesmo ele querendo ter cautela a todo momento. E como um estopim, a lembrança de não usarmos camisinha e eu não ter tomado o remédio depois me venho a mente também.

Puta que pariu!

Vitória: Então eu vou ser mãe? - perguntei baixinho a mim mesma.

Eu não sabia o que sentir naquele momento, a minha ficha ainda não tinha caido e um misto de sensações diferentes se apossaram do meu corpo.

E agora? O que eu deveria fazer?

Isso é pra ser uma notícia boa não é? E porque eu não sinto isso? Porque eu sinto que se eu ficar feliz, algo fará toda essa felicidade desaparecer de uma hora pra outra?

Eu não sabia o que pensar, o que sentir, o que falar.

Esse sempre foi meu sonho, formar minha família, mas porque parece que algo está errado? Que o bebê que carrego em meu ventre não está seguro lá?

Que merda acontecendo?

Ou melhor, que merda vai acontecer?

𝑀emórias - 𝐴𝑄𝑈𝐴𝑅𝐼𝐴𝑁𝐴 - CONCLUÍDAOnde histórias criam vida. Descubra agora