Cravo - Banoffee

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Lauren POV

E então ela saiu e me deixou lá em pé sem me dá o direito de resposta - falei para Dinah enquanto passava um pano no balcão da cafeteria, já era outro dia e eu estava contando o que aconteceu na lavanderia noite passada.

— Meu anjo ela fez mais do que certo, você não iria responder nada com nada mesmo - ela disse revirando os olhos e eu fiz uma cara de indignada.

— Não faz essa cara que você sabe que a Dinah está certa - Keana falou com a boca cheia de torta de maçã.

— Fecha essa boca porca imunda - Vero deu um tapa nas costas de Keana que quase cospe a torta longe.

— Matou a menina Vero - Lucy disse rindo enquanto Keana tentava dar um tapa em Vero.

— E quando ela vai vir aqui comer essa torta aí com você? - Dinah perguntou enquanto se escorava no balcão e tomava seu café.

— Ela não disse, eu não sei de nada, não sei nem se o que aconteceu ontem foi real ou se eu estava fantasiando - disse depois de guardar o pano que eu estava passando no balcão e então me sentei no banco e tomei um gole de café.

— Do jeito que você é eu não duvido nada que tenha sido coisa da sua cabeça mesmo, tu tem a mente bem fértil - Lucy falou me encarando por cima de sua xícara.

— Só saberemos se foi real ou não se ela aparecer aqui e como tenho certeza que não vamos estar aqui, só saberemos quando a branca de neve aí nos contar - Vero falou apontando para mim.

— Mais fácil a gente ficar sabendo pela boca grande da Dinah, pense na bicha fofoqueira, mas eu gosto muito disso em você - Keana falou arregalando os olhos quando percebeu que iria levar outro tapa e dessa vez iria ser da pequena mão da Dinah.

— Tenha amor a tua vida Keana eu dou só um tapa nessa sua fuça que você vai perder esses seus dentes lindos - Dinah disse semicerrando os olhos.

— Se quiser me bater tem que ser na cama viu Dinah, e tem que vir uns beijinhos primeiro antes do sexo - Keana disse com cara de tédio.

— Vamos ali atrás que eu te dou uns beijos - Dinah disso gesticulando para cozinha.

— Ninguém vai se pegar na minha cozinha não, podem baixar o fogo no cu de vocês - elas começaram a rir e eu revirei os olhos e então olhei a hora - vocês cuidem em terminar logo de comer que daqui a pouco começa a chegar clientes.

— Eu também sou cliente - Lucy disse sem humor algum - qual o problema?

— Vocês zoam demais e ainda por cima não respeitam meu ambiente de trabalho? - fui irônica e elas, todas elas me olharam seriamente e então concordaram com a cabeça como se me dessem razão ao que acabei de dizer.

— Os amassos ainda está de pé Dinah? Só pra ter certeza, pois se não pode aqui a gente marca em outro canto - Keana piscou pra Dinah.

— Só acredito vendo - Vero disse sorrindo.

— Pois vai ficar sem ver - Dinah falou e se aproximou de Keana - e você, eu vou pensar no seu caso - deixou um beijo no canto da boca de Keana e todas nós arregalamos os olhos inclusive Keana.

Logo dispensei todas elas e a cafeteria começou a encher, adolescentes que estavam indo para a escola ou faculdade, empresários e outros trabalhadores, senhores e senhoras, mães com seus filhos, famílias, eu amava trabalhar aqui, podia observar as pessoas e fazer aquilo que eu gosto que é cozinhar e desenhar, a cada novo desenho em uma xícara de café me sinto mais renovada.

O dia estava sendo tão cheio que por um milagre eu não pensei na garota de cabelos castanhos que agora eu sei se chamar Camila, fechei meus olhos por segundos e pude ouvir nitidamente o som de sua voz e de sua risada, será que ela viria realmente aqui na cafeteria para comer torta comigo ou ela só quis ser simpática mesmo?

Bom, uma semana se passou e ela não apareceu, as meninas começaram a cogitar que a conversa que eu contei a elas tinha sido apenas fruto da minha imaginação e eu não vou negar que até eu mesma estava achando isso. Durante todos esses dias que se passou eu sempre olhava rapidamente toda vez que o sino acima da porta tilintava, meu coração acelerava e então doía um pouco quando via que não era ela, como eu não sabia qual a torta favorita dela, todos esses dias eu estava fazendo tortas variadas para o caso dela aparecer.

Hoje se inicia mais uma semana e eu apenas preparei as mesmas tortas de sempre do cardápio, Dinah não parava de encher meu saco dizendo que o meu encontro era apenas imaginação e que a única companhia que eu iria ter seria a torta, ela fazia isso toda manhã mas quando dava a noite ela me abraçava e repetia que estava apenas brincando e que se a Camila não aparecesse era ela quem estava perdendo e não eu.

Já ia dar três horas da tarde e eu estava conversando com o Leandro, o rapaz que serve as mesas aqui na cafeteria, como não somos tão grande assim e eu também ajudo servindo não precisávamos de mais do que uma pessoa ali, ele estava me contando sobre um encontro fracassado que ele teve essa semana e então eu ouvi o tilintar do sino mas dessa vez eu não olhei, já tinha perdido as esperanças, continuei prestando atenção na conversa de Leandro.

Ouvi uma pequena batida no balcão e olhei na direção pensando que fosse alguém querendo algum café expresso ou algo do tipo para vir até o balcão e então eu paralisei, ela estava escorando me olhando com um sorriso enorme e era como se nenhum dia houvesse passado desde a última vez que a vi, ela estava linda como sempre e seus cabelos estavam um pouco úmidos. Olhei para Leandro e ele apenas acenou com a cabeça e se afastou balcão, eu andei de lado e vagarosamente até ficar frente a frente com ela, ela cruzou as mãos em cima do balcão e me encarou.

— Vim comer aquela torta que falei que viria comer com você - meu coração saltou rapidamente e várias vezes e eu abri um sorriso imenso sem nem ao menos perceber.

— E-eu pensei que não tinha... que não vinha, que não vinha mais - neguei rapidamente com a cabeça e ela soltou uma pequena risada.

— Vamos comer aqui mesmo no balcão ou podemos escolher alguma mesa, na verdade, você pode sair agora no horário de trabalho? - ela derreou a cabeça um pouco pro lado com uma cara de preocupação.

— Posso sim, escolha uma mesa e eu já chego lá, eu vou sentar... digo falar, vou falar com uma pessoa ali e já vou - ela concordou e desceu do banco e foi em direção a mesma mesa que ela esteve da primeira vez e eu corri para a cozinha.

— DINAH PELO AMOR DE DEUS - entrei quase berrando na cozinha e Dinah derrubou um pacote de farinha no chão com o medo que teve e tudo ficou branco.

— Vai matar outra desgraça branca dos infernos - ela gritou batendo os pés no chão e em seguida tossindo pela massa que havia subido após a queda - a cafeteria tá pegando fogo?

— Não, a Camila está lá fora e ela disse que veio comer a torta comigo e eu não preparei nada de diferente hoje e a única torta que tem é a banoffee e eu não sei se ela... - parei de falar quando senti a mão enorme de Dinah tapar minha boca e então ela andou até a porta da cozinha e olhou pela vidraça redonda que tinha na porta.

— Ela veio mesmo, você está perdendo tempo aqui comigo porque? - ela se virou para mim e fez careta - vá lá que eu vou mandar o Leandro levar a torta para vocês.

— Tudo bem, deixa só eu tomar uma água com açúcar e me acalmar um pouco pois eu tô nervosa - estendi as mãos e mostrei o quanto estava tremendo - eu vou falar o que com ela?

— Não sei, fala sobre qualquer coisa, fala sobre o quanto o presidente é horrível, te vira que tu não é tartaruga, da teus pulos e só some da minha vista agora - ela disse com as mãos na cintura.

Pisquei várias vezes e fui beber água, puxei bastante ar pelo nariz e em seguida soltei pela boca, coloquei a mão na maçaneta da porta e abri. Olhei em direção a mesa e ela estava olhando pela vidraça as pessoas que passavam lá fora, eu tomei coragem e dei o primeiro passo para ir em sua direção, seja o que Deus quiser, falei para mim mesma.

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