Cravina - Você não acha Jauregui?

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Lauren POV

Não sei se posso nomear o dia de hoje como um dia de sorte ou um dia de azar, sorte pois a garota da floricultura pela primeira vez entrou na minha cafeteria, ela nunca foi lá se tivesse ido eu saberia eu teria visto, é praticamente impossível uma mulher dessas entrar em um estabelecimento e não ser notada. E o azar é a Dinah, se ela ver a garota aqui ela vai fazer de tudo pra falar com ela e saber seu nome, ainda bem que até agora ela não saiu da cozinha, mas também nada impede dela fazer isso.

Não sei se quero que a garota vá embora logo ou se permaneça pelo resto do dia para que eu possa observá-la, se bem que eu tô evitando olhar muito pois ela já me olhou umas três ou mais vezes e eu não consigo ficar normal, me sobe umas coisas e eu fico toda nervosa e olha que ela está de longe, imagina se estivesse de perto.

— Me explica o motivo de você está abaixada atrás desse balcão - ouvi a voz de Dinah e me levantei rapidamente o que fez com que eu metesse minha cabeça na lateral do balcão.

— Puta que pariu - falei baixo e mordendo o lábio inferior logo em seguida, levei minhas mãos até minha cabeça e alisei rapidamente com os olhos fechados.

— Tá devendo a quem mulher, tá assustada demais você viu Jauregui - ela me olhou semicerrando os olhos.

— Eu só me assustei, você chegou aí do nada eu não te ouvi chegar, não ouvi seus passos, parece que faz de propósito - coloquei uma mão na cintura e a outra deixei em minha cabeça ainda acariciando onde estava doendo, olhei rapidamente de canto de olho e ela ainda estava lá sentada na mesa olhando pela vitrine a chuva que caía lá fora.

— E agora eu tenho que andar feito cavalo fazendo barulho? Eu ainda sei andar de salto Jauregui, você que tá toda estranha ai - ela estava desconfiada, ela apoiou a cintura no balcão ficando de costas para as mesas e eu agradeci mentalmente.

— O que tá fazendo aqui? Já acabou tudo lá dentro ou está precisando de ajuda? - ela ficou me olhando fixamente e me analisando, ela cruzou um dos braços e apoiou o cotovelo do outro em sua mão e encostou o dedo indicador na sua têmpora esquerda o que puxou um pouco de sua pele para cima.

— Sabe, você é estranha todos os dias pra falar a verdade, mas hoje você está mais estranha que o comum, ou você me fala ou eu coloco sua boca embaixo dessa máquina de café e faço descer café goela abaixo - ela ergueu uma das sobrancelhas e gesticulou com a cabeça como se quem diz "e aí? Você que sabe"

É que... bom, não é nada demais, eu só estava aqui pensando numas coisas - gesticulei rapidamente com as mãos e no modo automático eu olhei em direção a mesa e ela estava me olhando, eu arregalei os olhos o que não passou despercebido nem por ela e nem por Dinah que na mesma hora virou a cabeça parecendo a garota do exorcista na mesma direção a qual eu estava olhando.

— Caralho, eu sabia que estava acontecendo alguma coisa - ela falou assim que se virou para mim novamente e eu estava dura olhando para ela, um sorriso enorme surgiu em seu rosto e um olhar de desespero surgiu em mim.

— Não faça nada, por favor, você prometeu lá na casa das meninas, falou que não ia se meter e que iria dar o meu tempo - falei me aproximando dela e falando cada palavra baixo pois estava com medo de algum ouvir, ela ia abrir a boca para me responder mas o sino acima da porta tilintou e ambas olhamos na mesma direção, Normani entrava com algumas gotas de chuva pingando de seus cachos.

— Que visão mais maravilhosa meu Deus, obrigada deuses do Olimpo, obrigada a todos os deuses por ter colocado essa mulher na terra para nossa apreciação - Dinah falava praticamente sozinha, eu só conseguia observar ela ir na direção da garota sentada que abriu um sorriso tão lindo que parecia até estar em câmera lenta.

— Normani veio pegar ela será? - me encostei no balcão ao lado de Dinah que estava com os cotovelos no balcão e o queixo apoiado em ambas as mãos olhando com cara de trouxona para a negra a nossa frente.

— Talvez, mas eu queria mesmo era que ela me pegasse, seria mais justo e bem mais lógico. Você não acha Jauregui? - ela me olhou de canto de olho e eu revirei os olhos.

— Eu sabia que um dia você iria ficar arriada por alguém e eu iria poder te encher o saco, chegou a minha vez e os humilhados serão exaltados - falei rindo e ela me olhou com cara de tédio.

— Tenta Jauregui, só tenta pra você vê se eu não esqueço a promessa de te dar tempo e não vou ali agora e trago aquela garota que tem duas bolas de basquete dentro das calças até onde você está - eu arregalei os olhos e neguei rapidamente com a cabeça - foi o que eu pensei.

Olhei na direção da mesa novamente e elas já estavam indo em direção a porta de saída, soltei um suspiro de decepção e fechei os olhos por poucos segundos, assim que os abri novamente dei de cara com ela me olhando, ela estava parada de lado esperando algumas pessoas entrarem na cafeteria para que ela pudesse sair, eu queria desviar o olhar pois eu nunca consigo olhar por muito tempo, ou eu começo a rir do nada ou eu simplesmente entro em desespero e agora estou em uma mistura dos dois, meu peito saltou tão rápido que eu posso jurar que ficou igual aquelas animações de desenho quando o coração fica saltando do peito e voltando várias vezes, e o motivo disso? Ela sorriu para mim, diretamente para mim e fez um gesto quase imperceptível com a cabeça como um cumprimento antes de sair porta a fora.

— Vixe Jauregui, você tá fodida, ela sabe seu rosto agora e se ela ver você perto da floricultura ou na lavanderia ela vai te reconhecer - Dinah falou rindo e bateu em meu ombro.

— Eu não vou mais na lavanderia - falei já entrando em desespero, eu sempre ficou nervosa quando se trata de mulher, mas essa mulher em especial parece me deixar totalmente fora dos meus eixos.

— Você vai sim que não vai ficar com as roupas fedidas, imagina só chegar na cafeteria com a blusa embaixo do sovaco fedendo a peixe podre, credo - ela fez cara de nojo e tapou o nariz como se realmente estivesse sentindo o odor.

— Não tem só aquela lavanderia, existem muitas outras e eu posso muito bem achar outra - dei de ombros.

— Se você trocar eu busco ela na floricultura e levo na sua nova lavanderia e ainda digo o motivo de você ter mudado - ela me olhava seriamente - sei que você tem todos esses seus trecos quando vê ela mas não é motivo de deixar de fazer coisas comuns que sempre fez, e outra, você tem que falar com ela uma hora isso vai acontecer.

Ela me deu as costas e foi em direção a cozinha, eu fiquei olhando os clientes da cafeteria e as palavras de Dinah ficaram ecoando em minha cabeça, ela está certa, uma hora eu vou ter que falar com ela eu só tenho que me preparar para na hora eu não ficar falando tudo embolado e ela achar que eu estou inventando uma língua nova, imagina se eu vou dar um "oi" e fico só o Joey quando a Phoebe tentou ensinar francês a ele "Je depli mblue" gente não dá, eu vou passar a maior vergonha.

Coitada Lauren...

Soul Meraki Onde histórias criam vida. Descubra agora