Lauren POV
De todas as coisas que eu poderia pensar em acontecer naquele dia receber um beijo de Camila estava em último, na verdade isso nem me passava pela cabeça, não que eu não quisesse beija-lá, eu queria muito. Mas não imaginaria que ela queria me beijar.
Quando o ar começou a nos faltar e outro vento nos atingiu bagunçado nossos cabelos eu afastei minha boca da dela com cautela e bem devagar, eu abri meus olhos lentamente e encarei seu rosto. Ela continuava de olhos fechados e com a boca entreaberta, estava sentindo sua respiração bater em meu rosto, alguns fios de cabelo de Camila estavam em seu rosto e eu ergui minha mãos esquerda e comecei a retirar eles dali.
Ela continuava de olhos fechados, passei a ponta dos meus dedos em sua testa retirando os fios e ajeitando a sua franja. Com o indicador eu desenhei suas sobrancelhas e desci por seu nariz e em seguida por seus lábios, foquei em suas pálpebras que estavam se abrindo lentamente e focaram aqueles olhos castanhos nos meus.
— Eu não vou me desculpar por ter feito isso e se você quiser correr - ela olhou meus lábios e voltou a olhar em meus olhos - a sua chance é agora...
— E-eu não quero que se desculpe - olhei para o pingente de girassol que ela tinha em seu delicado colar no pescoço, queria olhar para qualquer canto que não fosse em seus olhos, caso contrário eu não iria conseguir falar e ia ficar gaguejando - e eu falei pra você fazer...
Ela segurou a minha mão que estava acariciando o seu rosto a poucos minutos e que agora estava descansando na lateral de minhas coxas, ela a segurou e entrelaçou seus dedos nos meus.
— Olhe pra mim - pediu baixo e eu fechei meus olhos fazendo força em meus dentes e trincando meu maxilar - eu sei que você é tímida e Lauren, eu realmente acho isso algo fofo em você - ela passou a ponta do seu nariz no meu como se quisesse com aquele movimento me fazer erguer a cabeça e olhar em seus olhos - mas eu gosta também da cor dos seus olhos e da forma que você me olha.
Eu passei minha língua entre meus lábios e mordi meu lábio inferior soltando devagar enquanto meus dentes passavam por ele, ergui um pouco a cabeça e olhei em seus olhos castanhos que me olhavam agitado e com um brilho lindo, meus olhos desceram para os seus lábios que se abriu em um lindo sorriso e eu peguei memorizando aquelas covinhas que se formaram em ambos os lados de sua boca, olhei em seus olhos novamente.
— Eu - neguei com a cabeça e ouvi um riso baixo dela e sua mão soltou a minha e passou a acariciar minha cintura - eu gosto da cor dos seus olhos...
— Que coincidência - ela ergueu as duas sobrancelhas - eu também gosto do seu...
Eu fiquei ali observando aqueles olhos castanhos enquanto ele me observava, ela me olhava tão intensamente que eu ficava sem jeito. Suas mãos sempre me fazendo carinho no rosto, na minha cintura, ela passou as pontas dos dedos quase que não tocando em meu braço, repetindo um movimento de sobre e desce.
Acho que o tempo parou, não reparei nas horas e só sai daquele transe quando ouvi a voz de Anderson, me sentei rapidamente e olhei na direção da entrada que dava até aquele local no meio do campo de girassol, ele estava em pé segurando o chapéu e com um sorriso no rosto.
— A minha esposa pediu pra chamar vocês pro almoço - estava ventando demais.
— Claro, já estamos indo - dobrei a perna direita e apoiei minha mão no joelho para pegar impulso e me levantar - muito obrigada por nos chamar, nem vi a hora passar...
— Bem sei - ele disse risonho e eu senti minhas bochechas queimarem - vamos logo que a senhora minha esposa não gosta de esperar e também ela só vai me deixar comer quando vocês estiverem na mesa.
Olhei pro lado e vi que Camila estava se levantando e sorrindo do que Anderson tinha falado, ele deu as costas e ergueu um dos braços fazendo sinal para que o seguíssemos e então saiu andando. Eu esperei Camila se ajeitar e pegar sua bolsa que estava ali junto com seu celular.
Quando começamos a caminha na direção de Anderson eu senti os dedos de Camila tocarem a palma da minha mão e deslizarem entre os meus dedos, eu olhei para nossas mãos com os dedos entrelaçados e em seguida a olhei, ela não me olhou, ela estava olhando para o lado direito e passava a mão direta com cuidado em cada girassol que passávamos por aquele imenso corredor.
Anderson subiu a escada na lateral de sua casa e sentou-se na imensa mesa que havia ali, estavam sentados à mesa seus três filhos que nos cumprimentaram assim que subimos a escada também e paramos junto a mesa.
— Podem se sentarem - dona Sandra falou tirando um pano de prato de seu ombro e abrindo nas costas da cadeira que ela iria sentar.
— Muito obrigada... - Camila me olhou esperando que eu falasse o nome da mulher que estava sentada nos olhando e sorrindo.
— Dona Sandra - falei rapidamente e Camila soltou minha mão e se inclinou um pouco sobre a mesa para apertar a mão da mulher que estava estendida em sua direção.
— Muito prazer dona Sandra, eu sou a Camila e sou grata por nos deixar estar aqui hoje e também por esse almoço - ela olhou para a imensa mesa que tinha de tudo - o cheiro está uma delícia.
— Espero que o gosto também esteja - dona Sandra falou sorrindo e se servindo.
— Tenho certeza que o gosto vai estar tão bom quanto o cheiro - eu disse puxando a cadeira para que Camila sentasse e ela o fez, me sentei ao seu lado.
Camila pegou o meu prato antes mesmo que eu fizesse isso e eu ergui as duas sobrancelhas, ela foi perguntando o que eu queria e o que não queria ali de cima da mesa, depois de colocar tudo em meu prato e deixar a minha frente ela foi fazer o dela, Anderson e dona Sandra olhavam para tudo aquilo e ficavam sorrindo um para o outro e eu semicerrei os olhos corando violentamente.
No decorrer do almoço o Anderson ficou perguntando a Camila sobre a floricultura dela e dona Sandra parecia muito interessada em tudo que Camila falava, elas falavam sobre ervas e chás e eu apenas observava tudo com a boca cheia de comer, a comida estava deliciosa e perdi a conta de quantas vezes Camila elogiou dona Sandra pela comida espetacular.
— Espero que possam vir mais vezes - Anderson falava enquanto nos acompanhava até o carro, dona Sandra vinha ao seu lado e trazia dois potes de vidro em suas mãos.
— Eu espero vir outras vezes Anderson, eu estou encantada com tudo isso - Camila falou gesticulando com as mãos para o campo de girassóis ao nosso redor - obrigada pelo dia de hoje!
— Não precisa agradecer - dona Sandra se aproximou e estendeu um dos potes na direção de Camila - toma, isso aqui é pra você, é geleia de framboesa - Camila segurou o pote e abraçou a mulher - eu mesma quem fiz...
— Tenho certeza que deve está divida assim como tudo que você faz - Camila disse ao se separar da mulher e olhando o pote em sua mão.
— Esse é pra você - me estendeu o outro e eu segurei sorrindo, ela sempre me dava um pote de geleia todas as vezes que eu ia na fazenda.
— Obrigada dona Sandra - me despedi deles com um abraço apertado e entrei no carro logo depois de Camila.
Liguei o carro e acelerei com cuidado para sair dali do campo e pegar a pequena estrada de areia que me levaria até a saída da fazenda e assim pegar a pista de volta para a cidade.
O dia hoje havia sido bem melhor do que eu pude imaginar, Camila era uma companhia maravilhosa. Seu sorriso era contagiante e ela cativava todos ao seu redor, por falar nela, ela está olhando pela janela enquanto nos afastamos e passamos pelo portão pegando a estrada, pude vê um pequeno sorriso em seu rosto e eu também sorri sem que ela pudesse ver. Tudo tinha dado certo e tinha sido maravilhoso aquela manhã e começo de tarde com ela ali, eu poderia me acostumar com isso com certeza.
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Soul Meraki
RomanceMeraki (v); do grego μεράκι, fazer algo com alma, criatividade ou amor. Colocar parte de si em algo que esta a fazer. Uma tarde chuvosa em Melbourne na Austrália obriga uma jovem de cabelos castanhos a entrar em uma pequena e aconchegante cafeteria...