Camila POV
O clima hoje está tão gostoso que eu demorei mais que o normal para sair da cama, sabe quando o tempo está fechado e você abri os seus olhos e tem a impressão de que ainda não é dia mesmo? Então o dia hoje está assim, demorei a me levantar, demorei a tomar banho, demorei a comer.
Vesti uma calça jeans marrom escuro e uma blusa branca de gola alta e mangas cumpridas, uma bota cano baixo e peguei meu sobretudo, não vou secar meus cabelos vai que pegue chuva no caminho, deixarei ele secando ao natural, peguei as chaves da floricultura e coloquei em meu bolso, peguei a bolsa e meu celular, andei apressada até a porta e sai pelo corredor.
— Bom dia menina Camila - o porteiro me cumprimentou sorrindo.
— Bom dia João, já tomou seu café hoje? - parei perto dele, quase sempre eu ouvia sua neta reclamar pois ele quase nunca tomava seu café e ela insistia em por na cabeça dele que era a refeição mais importante, mas ele não dava ouvidos.
— Já sim menina, se eu não tomasse a Gina enfiava de goela a dentro - ele disse sorrindo e eu o acompanhei.
Acenei com a cabeça e sai porta a fora, parei na calçada e não avistei nenhum táxi, como Normani precisou fazer uma entrega depois do expediente ela ficou com a kombi então eu estou a pé, continuei sem avistar táxi nenhum, não querendo chegar tão tarde optei por ir a pé mesmo, o tempo estava fechado ainda e estava ventando bastante, um vento frio e muito agradável, apertei o sobretudo em meu corpo e caminhei pelas calçadas passando por entre as pessoas e ouvindo algum início ou fim de conversa, crianças sorrindo e chorando, cachorros latindo e barulhos de carros.
Senti uma gota pingar em minha bochecha direta e olhei automaticamente para o céu, as gotas começaram a cair com mais força, olhei para os lados e avistei uma cafeteria. Já que iria me atrasar de qualquer forma melhor que eu fique em um lugar que sirva algo e quente, corri até a porta e a empurrei ouvindo um tilintar acima, caminhei até uma mesa no canto do estabelecimento a qual ficava ao lado da vidraça que dava para a rua.
— Café moça? - um rapaz me perguntou enquanto segurava um bloquinho em sua mão esquerda e uma caneta em sua mão direita.
— Oh sim, por favor, quero um cappuccino é um pedaço de torta de limão, tem? - tirei meu sobretudo e deixei no canto da mesa perto da vidraça.
— Tem sim, daqui a uns minutos eu volto trazendo o seu pedido, com licença - ele se retirou e foi a outra mesa.
Olhei pela vidraça e vi algumas pessoas correndo da chuva que parecia ficar mais forte a cada minuto que passava, olhei o ambiente a qual escolhi para me abrigar e me encantei, era em tons de marrom, claro, escuro, alguns desenhos apenas de linhas pretas enfeitavam as paredes e algumas fotos de artes em espuma de café, o local era calmo e uma música baixa tocava por todo ambiente, olhei em direção ao balcão e vi uma moça de costas, ela parecia preparar algum café, seus cabelos médios e pretos balançavam um pouco quando ela mexia em algo, então ela se virou.
Inclinei minha cabeça para o lado e apoiei em minha mão direta, fiquei olhando seu rosto de um tom claro, ela sorriu para o garoto que me atendeu a minutos atrás, ela não sorriu apenas com sua boca e deixando os dentes a amostra, seus olhos também sorriam, seus olhos, eles eram de um tom lindo de verde, bem clarinho e brilhante, eles me encontraram por milésimos e desviou rapidamente mas logo voltando a me encarar de novo em seguida, sabe aquele momento que você vê alguém e vira rapidamente mas volta a olhar para ter certeza se é quem você pensa ser? Acho que foi isso que aconteceu.
Ela abriu um pouco os olhos, parecia estar surpresa, sua boca abriu um pouco também e eu acompanhava cada movimento seu, ela virou-se de costas e seus cabelos balançaram violentamente e eu continuei olhando, ela parecia tensa e eu pisquei meus olhos várias vezes para sair daquela bolha a qual criei sozinha quando ouvi o rapaz me chamar.
— Aqui está seu cappuccino e sua torta de limão, espero que esteja tudo do seu agrado - ele disse sorrindo.
— Muito obrigada e tenho certeza que deve está tudo muito gostoso.
Ele concordou com a cabeça e saiu, olhei novamente a garota por trás do balcão e ela continuava de costas, eu dei um pequeno sorriso soltando uma lufada de ar pelo nariz e neguei com a cabeça, olhei para torta a minha frente e peguei o garfo e levei um pedaço até minha boca, fechei os olhos sentindo o sabor e puxei o ar, estava uma delícia em seguida olhei a xícara e vi o desenho na espuma, admirei por uns segundos a arte e em seguida levei a xícara até meus lábios e tomei um pouco do líquido que também estava uma delícia, desfrutei de ambos calmamente.
A chuva parecia não parar, ouvi um barulho vindo de meu casaco e tateei sobre ele tentando pegar meu celular, olhei a tela e vi o nome "ManiBear" piscando na tela e o atendi levando até o meu ouvido.
— A chuva me pegou no caminho e estou em uma cafeteria esperando ela passar um pouco pelo menos - falei assim que atendi.
— Você quer que eu vá te pegar? O Nick está aqui também - ouviu um barulho do outro lado da linha - eu posso fechar rapidinho e ir te buscar...
— Pode ser, eu estou tomando um cappuccino e comendo um pedaço de torta, você já tomou café Mani? - mexi na torta com o garfo.
— Já sim Mila, inclusive eu fiz isso aqui, não só eu como o Nick - ouvi ele falar do outro lado e sorrir ao ouvir meu apelido - você já terá terminado quando eu chegar aí?
— Acho que sim, quando você ligou eu tinha acabado de começar a comer, quando você chegar creio que já tenha terminado - ela fez um som nasal - venha devagar por favor, a pista está molhada, não queremos acidentes, não é mesmo?
— Não queremos mesmo - ela disse sorrindo - então vou fechar e daqui a pouco estarei aí para trazer você para seu paraíso particular, beijos.
— Tá bom, beijos Mani - ela desligou a ligação.
Voltei a comer minha torta que estava esplêndida e a tomar o meu cappuccino que também não ficava atrás, levei o garfo até a boca e o prendi ali quando olhei novamente a garota atrás do balcão e a peguei me olhando, ela se assustou e se abaixou rapidamente atrás do balcão o que me fez rir, o rapaz que estava na parte da frente do balcão se inclinou e vi que ele tentava falar algo com ela, eu rir mais uma vez e neguei com a cabeça, uma garota extremamente linda, com um talento de cozinha inquestionável, digo pelo café que ela fez e creio que a torta tenha sido ela também, me parece engraçada por suas atitudes e ainda é tímida, terminei de comer a torta e o cappuccino e acenei com a mão para que o rapaz me trouxesse a conta, achei melhor pagar, assim quando Normani chegar apenas vou com ela sem impedimento algum.
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Soul Meraki
RomanceMeraki (v); do grego μεράκι, fazer algo com alma, criatividade ou amor. Colocar parte de si em algo que esta a fazer. Uma tarde chuvosa em Melbourne na Austrália obriga uma jovem de cabelos castanhos a entrar em uma pequena e aconchegante cafeteria...