Lauren POV
Apertei a campainha e fiquei esperando a porta ser aberta, ao meu lado estava minhas amigas, cada uma com um embrulho diferente em mãos, depois que saímos do shopping fomos cada uma para suas casas, marcamos de nos encontrar na entrada do prédio de minha mãe e aqui estamos nós, escutei barulho de chave do outro lado e a porta foi aberta.
— Boa noite belas damas - meu irmão falou com um sorriso no rosto - podem entrar.
— Nem vem que tu não é cavalheiro não - Dinah falou passando por ele e empurrando o mesmo com seu ombro.
— Me deixa fingir por uma noite - ele disse dando de ombros e sorrindo - a mamãe está na cozinha.
— Vai ter bebida? - Vero perguntou baixo porém nem tanto e recebeu um olhar mortal de Lucy - quê? Só foi uma pergunta mulher - ergueu as mãos em rendição.
— A mamãe ainda não terminou de preparar o jantar? - perguntei assim que parei ao lado do meu irmão e recebi um beijo em minha bochecha e retribui.
— Já sim, ela só está trazendo as comidas para a mesa - ele olhou o arranjo e o embrulho que eu carregava - quer ajuda?
— Não - falei semicerrando os olhos - capaz de você entregar a mamãe e dizer que foi você quem comprou - ele deu uma risada alta.
— Você me conhece - apontou o indicador em minha direção e piscou - mas esse ano eu comprei um presente.
Ergui as duas sobrancelhas e fui em direção a cozinha, dona Clara estava parada ao lado da mesa recebendo abraços de minhas amigas, olhei para mesa e vi toda a arrumação e toda comida, a mesa de minha mãe era estilo bistrô, não sei de onde ela tirou a vontade de por um sofá como assento de mesa, mas ficou bonito devo admitir, ela me olhou e então abriu os braços.
— Parabéns mamãe - coloquei o arranjo e o embrulho em cima do sofá e fui até ela e a apertei em um abraço - está ficando mais velhinha.
— Me respeita - ela me deu um tapinha nas costas e eu sorrir - e se estou envelhecendo prefiro pensar que estou indo no mesmo rumo que o vinho...
— Eu posso garantir que está no caminho certo tia Clara - Keana falou olhando minha mãe dos pés a cabeça - com todo respeito, a senhora é toda gostosa.
— Keana! - Dinah gritou com a mão na boca e os olhos arregalados, por um momento muito curto eu achei que ela fosse mesmo repreender a minha amiga, mas suas palavras seguintes me mostrou que não - eu que ia dizer isso, tia Clara se você quiser eu quero - ela piscou e minha mãe começou a rir.
— Vocês não tem jeito - ela me soltou e apontou para as cadeiras - sentem-se, o jantar já está servido - ela sentou na cadeira da ponta e apontou os embrulhos - presentes depois, comida primeiro.
— Eu concordo muito com isso - Lucy falou deixando o embrulho dela e de Vero no balcão ali perto e se sentando - eu tô com muita fome, mas é fome da sua comida tia Clara.
— Vai ter um vinhozinho tia Clara - Vero perguntou sugestiva e mexendo as sobrancelhas, o que fez minha mãe rir - vocês falaram ai, agora estou com vontade.
— Você é muito da biriteira - Chris disse assim que entrou na cozinha com uma garrafa de vinho branco e nos serviu - é só pra apreciar e não para ficar bêbada.
— Pode deixar a garrafa aqui - Vero disse dando um gole no vinho e quase o cuspiu fora quando levou um tapa na cabeça vindo de Lucy - mulher eu vou criar um galo eterno na cabeça de tanto que tu bate nela.
— Eu falei que não seria uma boa ideia trazer elas mamãe - falei já levando o primeiro garfo de comida a boca, olhei para minhas amigas e elas estavam com expressões de incredulidade em seus rostos - que foi? Vocês não se comportam...
Minha mãe deu bronca em todo mundo, incluindo em mim que só queria ajudar, o jantar foi muito agradável, entre sorrisos, piadas, tapas, e mais duas garrafas de vinho, que dona Clara só nos deixou beber porque dissemos que íamos voltar de táxi, o que não era mentira, ninguém veio de carro, as meninas entregaram seus presentes e eu também entreguei o meu a qual minha mãe ficou repetindo "filha não precisava, eu sei que essa frigideira custa uma fortuna, mas eu amei, muito obrigada" ela ficou encantada com o arranjo de flores, os olhos dela até lacrimejou.
Hoje foi o dia de folga na cafeteria, é uma terça-feira, eu resolvi escolher esse dia para dar folga aos meus funcionários, isso foi decidido em uma pequena reunião entre todos, por isso eu pude passar o dia fora e jantar com minha mãe, o que não poderia ter sido melhor, já em meu apartamento que fica em um prédio na esquina da rua da cafeteria, eu abri a porta e fiquei parada no meio dela esperando o pequeno ser que iria vir correndo em minha direção como sempre fazia.
— Mami - falei quando vi a pequena bola de pêlos curtos e cinza correndo em minha direção - sentiu saudades da mamãe meu amor, sentiu? - peguei ela nos braços e deixei vários beijinhos em sua cabeça - vamos, mamãe vai colocar ração.
Entrei no apartamento e fechei a porta, fui até o armário da cozinha e peguei o estojo que estava a ração da Amora, não sei vocês, mas eu gosto de dar nomes de comidas aos meus bichinhos de estimação, despejei um pouco da ração em sua vasilha e a coloquei no chão, ela atacou a ração como se não comece a séculos, peguei sua outra vasilha, a que coloco água e fui até a pia e lavei a mesma, enchi e coloquei ao lado da outra, acariciei sua cabeça e me levantei.
Amanhã começa a batalha novamente, terei que acordar cedo, tenho que abrir a cafeteria, tenho que preparar tortas, donuts, cookies, brownie, bombas de chocolate, croissant, e muitas outras coisas, fora os cafés, já estou acostumada e também tenho a ajuda de Dinah na cozinha, ela trabalha comigo, foi a única que quis, as outras falaram que não levavam jeito pra coisa, para minha sorte, Dinah era ótima em tudo o que fazia.
Tomei um banho rápido e vesti uma roupa de dormir e me joguei na minha cama grande, fofa e quentinha, puxei o cobertor e fechei meus olhos, eu queria dormir, eu estava com sono, meus olhos estavam pesados, quando achei que iria dormir meu cérebro falou comigo "ela tinha um belo sorriso" abri os olhos rapidamente e balancei a cabeça para os lados várias vezes, não acredito que meu cérebro não vai me deixar dormir, mas ele não está errado, ela realmente tinha um sorriso deslumbrante, queria ter tido coragem de ir até ela para pagar as flores, assim eu poderia ver de perto seu sorriso, seus olhos que não pude ver, poderia também ter desfrutado do som de sua voz, creio que deve ser linda, assim como tudo que pude ver nela, eu não comentei nada com nenhuma de minhas amigas, talvez eu fale com Dinah, não sei, ela ao mesmo tempo que parece uma boa opção para desabafo parece também a pior, ela vai ficar me zoando eu tenho certeza você é muito emocionada" "nem conhece a mulher direito e já tá assim?" "palmito você é gada demais Deus me livre" eu só espero pelo dia que alguém vá fisgar aquela girafa loira e assim então eu poderei zoar da cara dela assim como ela faz comigo. Eu comecei a rir sozinha e então apaguei...
—
Não julgo a menina Lauren, se fosse eu vendo a Camila eu iria admirar a beleza dela também.
tt: lmjmilika
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Soul Meraki
Roman d'amourMeraki (v); do grego μεράκι, fazer algo com alma, criatividade ou amor. Colocar parte de si em algo que esta a fazer. Uma tarde chuvosa em Melbourne na Austrália obriga uma jovem de cabelos castanhos a entrar em uma pequena e aconchegante cafeteria...