- Cap. 22 -

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      Respirei profundamente e comecei a tossir por conta da poeira no chão. Já sentia minha garganta seca e meu nariz arder para caralho, agora que fico com dificuldade de respirar nessa porra.

      Gemi de dor por sentir as cordas nas minhas mãos e pés muito apertadas, sentia até a circulação parada. E tinha um pano um pouco grosso cobrindo meus olhos, me impedindo de ver onde eu estava.

      Além disso, sentia um líquido quente escorrer pela lateral do meu rosto, uma parte latejar e arder um bocado. Eu levei uma paulada?

      Que porra tá acontecendo?

      Tremi de frio, pois o local onde to tava gelado, e algum infeliz me deixou só de roupas intimas nessa porra. Então, se eu pegar hipotermia, já sabem.

      O que não faz sentido é: como parei aqui, o que tá acontecendo e quem está por trás de tudo isso? Assim que descobrir, vou chutar tão forte a bunda desse infeliz que cês não tem noção.

      Por eu estar vendada, os outros sentidos ficaram mais apurados, e consegui escutar passos, já que meu ouvido estava perto do chão, e deduzi que to numa sala e os passos estão do lado de fora.

- Então, ela acordou?

- Não tenho certeza, senhor. Uma hora atrás, quando verifiquei seu estado, ela estava inconsciente.

- Qual foi a droga que deram para ela ficar dessa forma por tanto tempo?! Era pra estar acordada a horas atrás!

      Ah, que maravilha! Como descobrir que foi drogada em dois passos, menines. Aprendem direitinho ou vão parar nessa situação que estou.

      Que inferno, viu!?

- Eu não sei, meu senhor. Talvez tenhamos injetado além da conta e-

- Além de pegarem a droga mais forte, vocês são tão imprestáveis que dão uma dose maior que o necessário!?  Eu a quero viva!

- M-Mas ela está viva, s-senhor...

      Ih, alguém vai receber um couro bonito e nem vai ser eu.

      Eu espero...

- Quer saber? Pouco importa! Saia da minha frente que quero vê-la.

      Não escutei mais nada por uns segundos, até que a tranca da porta é aberta e escuto passos pesados caminhando até mim. Acalmei minha respiração para que quem fosse pensasse que ainda estava "dormindo".

      Me segurei muito para não fazer uma careta, pois senti um cheiro forte de cigarro e whisky bem perto de mim, escutei os dois joelhos do ser estralar - E foi alto pra cacete, deixando bem claro. - e quase engoli em seco por sentir sua mão áspera fazer carinho nos meus cabelos e depois bochecha.

- Você sempre foi bonita, Lara. Sempre te admirei dos pés à cabeça... por que nunca me olhou como te olhei?

      Ah, vai se fude!!!! Por que logo essa praga e agora, puta que pariu?!?!?

      Como que JaeBeom me capturou, tio? Quando que permiti tal coisa, universo? Vai toma no cu!!

      Ele continuou a fazer carinho, porém sua mão foi descendo bem lentamente... foi da minha bochecha e pescoço, alternando entre essas duas áreas.

- Sempre quis saber qual era a sensação de amar você por inteira... não faz ideia o quanto te desejava, e ainda desejo... fiquei louco de ciúmes quando me contou que tinha achado alguém.

O Garoto do HospícioOnde histórias criam vida. Descubra agora