- Cap. 5 -

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Acordei com dor de cabeça, bem forte por sinal. Sentia que minha cabeça iria explodir, tava até latejando.

Levantei meu tronco, colocando minha mão esquerda de apoio e a direita na cabeça.

Virei pro lado e Yoongi ainda dormia. Ri baixinho quando lembrei que passamos a madrugada em claro só conversando de coisas aleatórias, meu primeiro dia aqui foi diferente, um diferente bom.

Sai de minha cama com muita preguiça, peguei na minha mala as cápsulas do meu remédio e deixei em cima da pequena mesinha perto das nossas camas e fui pro banheiro. Fiz uma concha com as mãos, deixando uma boa quantidade de água cair sobre elas, e joguei no meu rosto, acordando mais um pouco.

Fui pegar a roupa do hospício e pegar água para tomar o remédio, mas no meio do caminho, vi uma mancha vermelha da cama de Yoongi. Não é o que tô pensando...

Cheguei perto dali, toquei sem nenhum nojo ou frescura, e vi o que temia.

- Yoongi...!

- Me deixa dormir. - Sua voz saiu rouca por conta do sono.

- Acorda, Yoongi. É sério!

- O que foi, ein? - Diz levantando o tronco e pela sua expressão, está com um pouco de raiva.

- Por que tem sangue na sua cama?

Por um momento, ele fez cara de interrogação, porém se lembrou de algo e murmurou algo.

- N-Não aconteceu nada! - Tentou mentir.

- Yoongi, o que fez? - Pergunto me sentando em sua frente.

- Já disse que não foi nada! - Aumentou só um pouco sua voz e virou seu rosto pro outro lado.

- Sei que está mentindo, até me dizer o que fez, não vou parar de encher seu saco. - Confirmei cruzando os braços.

Parece que ganhei, o mesmo bufou e me mostrou onde está saindo tanto sangue.

Ele cortou os pulsos.

Levantei num só pulo, fui em direção ao banheiro procurando algum kit de primeiros socorros. Acabei achando atrás do espelho.

Levei em sua direção, abri e vi que tinha tudo. Comecei com um pequeno pano que tinha e limpei com calma toda aquela região, depois peguei uma atadura e enrolei em volta do corte.

- Se quiser falar, fala, mas... - Iria fazer o mesmo procedimento no outro pulso, só que parei pra olhar sua face. - Por que se cortou?

- Coisa pessoal...*Suspiro*...não tô pronto pra falar disso, pelo menos ainda...

- Tudo bem. - Voltei minha atenção de seu outro pulso. - Quando sentir que pode desabafar comigo, não hesite em falar, não é bom descontar em si mesmo. Acredite, já tentei!

- Sério?!

Assenti pro mesmo.

- Antes de vir aqui, não tinha uma relação legal com minha mãe por conta do meu padrasto. Eu já estava cansada psicologicamente, então um dia ela e eu tivemos uma briga bem feia, e ela me disse umas coisas que fiquei profundamente magoada. Meio que tocou numa ferida que ainda estava aberta no meu coração. Se a Sun não tivesse me ligado, provável que teria cortado uma veia tamanho minha mágoa. - Disse enrolando a atadura no seu outro pulso, assim que terminei, olhei para ele com um sorriso pequeno. - Não vou te forçar a falar, mas quando tiver necessidade de dizer o que sente, só me procurar.

- E se estiver ocupada?

- Eu vou ouvir, não importa aonde e nem quando! Promete que vai desabar comigo, ou no caso com o psicólogo daqui, e não se cortar? - Pergunto estendendo meu dedo mindinho.

O Garoto do HospícioOnde histórias criam vida. Descubra agora