18. What happened.

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{Zayn On}

Sem dizer uma única palavra, limitei-me a fechar os meus olhos tentando interiorizar as palavras desagradáveis de Whaliyha e em como as próprias me afetaram de imediato. Senti a minha mão a ser apertada pela pertencente à da minha irmã mais nova e fora isso que provavelmente me dera a coragem para voltar a abrir os meus olhos e direcionar o meu olhar para a rapariga à minha frente.

- Eu não mereço que tu digas uma coisa dessas de mim, Whaliyha. Eu faço os possíveis e os impossíveis para puder dar o meu melhor em relação a vocês. – Mordisquei o meu lábio inferior e aproximei-me aos poucos da minha irmã novamente. – Eu só queria que tu entendesses isso de uma vez.

- Eu não consigo entender Zayn! Tu estás sempre fora de casa e nós temos de ficar sozinhas, o tempo todo! Estou farta de tudo isto. Eu sim, não mereço todo este sofrimento, não mereço ter a minha mãe numa cama de hospital. Não imaginas o quanto eu te odeio por provocares tudo isto em mim.

- Whaliyha… - Murmurei enquanto as suas palavras continuam a entrar por um ouvido e a ficar na minha mente. Nunca imaginei que tivesse que acontecer uma tragédia para finalmente saber a veracidade dos pensamentos da minha irmã. Quando olhei para Safaa, pude vê-la também com uma expressão de choque e com uma sobrancelha arqueada.

Tudo fora novamente como uma facada bem certeira nas costas e o facto é que mesmo que eu quisesse agir, não havia como. Levantei-me e tirei as minhas mãos das suas pernas, mantendo-me numa posição ereta ladeado por Safaa. Novamente, eu senti a minha mão ser apertada e o seu corpo a encostar-se contra a minha anca. Quando olhei ao meu redor, continuava a assistir a uma agitação anormal por parte da pouca população que vivia no bairro e dos bombeiros que subiam e desciam as cinco escadas até à entrada do apartamento numa correria. As sirenes azuis haviam sido apagadas e o meu nome alcançado pelos lábios de alguém cujo não fazia ideia de quem seria o proprietário.

Encarando determinado individuo, pude ver que se tratava do bombeiro chefe do ocorrido. Aquele quem me avisara do sucedido e do estado das minhas irmãs, o que eu não tive oportunidade de agradecer. Sinto-me mal-educado por agir de uma forma irreconhecível, todavia naquela altura a única coisa que queria ver à frente eram as minhas irmãs. As miúdas que me davam força todos os dias para continuar a lutar, as que eram a coisa mais importante que tinha na vida ao meu lado e que não entendiam o tamanho da importância que tinham para mim. Contudo, o facto de as minhas irmãs terem tantas imperfeições tal como eu, apenas causava com que eu as amasse mais.

- Boa noite mais uma vez Senhor Malik, eu gostaria de puder dar-lhe uma palavrinha. – O homem que envergava uma farda vermelha captou a minha atenção e eu sentia-me no dever de lhe fornecer a mesma.

- Boa noite. É claro. – Afirmei. - É sobre o ocorrido? – Coloquei as minhas mãos dentro dos bolsos das calças e encarei o homem que aparentava ter cinquenta anos, tenso e claramente preocupado. Talvez eu não conseguisse entender a gravidade da situação e as consequências bastante negativas que isto nos pudesse trazer eventualmente.

- Eu vou falar do que passou concretamente em relação à explosão e de como se sucedeu. Só você pode conseguir respostas do que aconteceu anteriormente ao ocorrido através das suas irmãs. Somente elas podem descrever a situação que viveram. – Assenti, prendendo o meu lábio inferior com a ajuda dos meus dentes.

- Eu irei fazê-lo. – Disse desanimado. Eu sei como é que são as duas raparigas com quem vivo e quão teimosas e persuasivas conseguem vir a ser. Eu mesmo caio nas partidas que todos os dias me pregam e me fazem preocupar mais ainda. – Desculpe-me por ainda há bocado, eu estava digamos que… nervoso. – Arrastei e pus os olhos no chão, literalmente.

Challenge {z.m}Onde histórias criam vida. Descubra agora