7. Truth

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O silêncio reinava no espaço pequeno em que nós, os quatro, estávamos. Provavelmente, numa outra ocasião, não haver sons junto a mim era a minha escolha ideal, todavia, eu e a minha curiosidade estavam loucas para saber do sucedido. Os meus olhos caem, literalmente, no modo desconfortável com que Zayn estava e como a sua irmã do meio estava mais inibida. Sinto-me mal visto neste prisma de ter causado algum sofrimento para eles ao relembrarem do sucedido.

“Safaa e Waliyha vão para o quarto, por favor. Eu preciso de falar com a Aimee.” Assinto e espero o momento das meninas entrarem no seu quarto, ansiosamente. “Podes sentar-te. Queres um café ou bolachas?”

“Não, obrigada. Estou bem assim.” Aceitei de imediato a parte de puder sentar-me e assim o fiz, sentando-me no seu pequeno sofá de tecido azul-escuro, ao seu lado.

O clima está deveras pesado enquanto espero que ele possa acabar com o silêncio que continua em insistir ficar. Estico a minha mão, colocando-a sob o tecido dos seus jeans gastos e rotas na parte do joelho. Eu quero, de alguma forma, transmitir-lhe alguma força e fé, seja o que for que ele me vá contar. Tenho a certeza que pode haver algum lado positivo. Há sempre um lado positivo, basta tentar remediar o negativismo e ir em busca de luz. Há sempre uma luz ao fundo do túnel.

“Antes de mais peço-te que não ajas como se eu fosse um coitadinho, porque eu não o sou de maneira alguma.” Zayn suspira e deixa sobressair a sua voz mais ríspida. Outra vez não.

Não sei de qual maneira é mais fácil para mim encarar o rapaz que está diante dos meus olhos. Não sei se é a sua maneira de tentar ser arrogante, sem o ser na verdade. Ou se, por exemplo, é poder assistir ao vivo e a cores, na primeira fila, o seu estado mais emocional. Claramente que preferia que ele estivesse bem, mesmo que eu não o conheça a cem por cento, contudo já o considero um protótipo de amigo.

“Zayn, eu vou agir perante a educação que me deram, eu tal como tu, não consigo controlar os meus sentimentos e se a tua história de vida me fizer pensar mais detalhadamente, eu irei fazê-lo.” Pronuncio com toda a sinceridade. “Não me escondas nada, eu estou aqui e podes desabafar comigo.”

“Não te esqueças do que prometeste e isto não pode sair daqui. Nem mesmo os teus dois amigos podem saber.” Desenho uma careta no meu rosto, à maneira feia com que Zayn se pronunciou ao descrever as pessoas com quem me envolvo numa amizade, praticamente todos os dias.

“Este assunto é somente teu, eu não irei meter terceiros. São as tuas coisas pessoais e eu não vou desrespeitar isso. Agora para de inventar desculpas e expulsa o que tu realmente sentes Zayn. Eu não sou idiota suficiente para perceber que estás a tentar ser uma pessoa que não és. Estás a fazer tudo errado.”

“Na minha perspetiva, isto que tento fazer todos os dias não é errado. Eu preciso de arranjar alguma forma de puder esconder-me da vida que tenho de viver todos os dias.” Puxo o meu lábio inferior com os meus dentes, demonstrando o quão a sua mensagem havia machucado o meu coração. “Ninguém imagina o que eu ou as minhas irmãs estamos a passar neste momento, eu não desejo nada disto a ninguém, é cruel demais.”

“Calma Zayn…” Aperto a sua perna.

“Como é que tens coragem de me pedir calma quando no fundo, continuo revoltado com o mundo todos os dias? É isto que supostamente Deus me ofereceu? É isto que eu realmente mereço? Por mais porcaria que eu já tenha feito, eu acredito que não mereço. Ninguém merece.” Zayn está exaltado e a minha cabeça anda às rodas.

Eu não sei do que tanto ele fala, mas certamente é muito grave. Não sei se estou apta a aceitar facilmente a sua história de vida, mas pelo menos quero tentar. Eu devo-lhe isso.

Challenge {z.m}Onde histórias criam vida. Descubra agora