51. Family.

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Com olhos brilhantes e prontos a soltar algumas lágrimas de pura tristeza, desligo a chamada com a minha mãe. Contar-lhe algo da minha vida que me será tão importante por via telefónica parte-me o coração de uma forma inexplicável. Confortou-me primeiramente, sabendo perfeitamente que o bebé até à data não era de todo um projeto de vida e que não estando nos meus planos, baralhou-me. Apesar de sair frágil, fiquei rendida às sensações positivas que me passou e moldou diretamente para mim. Ela é a minha âncora e prometeu vir visitar-me assim que possível. Tenho tantas saudades dela, do meu pai e do meu irmão. Quanto a eles, prometeu-me que espalharia a novidade por mim, o que eu agradeci de imediato. Encarar o meu pai numa altura destas não era algo que queria, honestamente, especialmente sabendo que quererá ter uma conversa séria com Zayn para, segundo as suas palavras, "meter o rapaz na ordem".

- Correu bem a conversa? – Zayn entra dentro do quarto.

- Sim, ela apoia-me. – Sorri enquanto limpavas das poucas lágrimas que me corriam no rosto.

- Não quero ver-te chorar. – Pede. Os seus dedos vagueiam pelo meu rosto com o intuito de limpar as gotas nada doces que interagem comigo e com a minha tristeza passageira. – Tens de animar-te, tenho algo para te dizer que te pode deixar mais feliz.

- Diz. – Digo sem qualquer tipo de humor na voz. Zayn desconfiado com o meu tom, afasta os meus cabelos mais rebeldes para trás da orelha e fixa o meu olhar. – Não olhes assim para mim, só fiquei com pena de não estar lá com eles.

- Sobre isso... Acho que podemos arranjar uma solução. Vou deixar o orgulho de lado e perguntar à Mermaid se pode trocar a sua folga comigo. De certeza que não se irá importar, logo quando estamos a falar da ti e do teu bem-estar. – Sorriu. Senti-me igualmente feliz por ele estar, finalmente, a fazer um esforço para interagir com uma das pessoas que mais me é chegada e, de certa maneira, me tentar proporcionar um bom momento.

- Ela pode ter coisas combinadas a contar que terá a folga. – Alertei o tão, ultimamente, sonhador que é o meu namorado. Zayn revira os olhos com o meu aviso e cruza os seus braços.

- Isso não significa que não possamos tentar. Fico preocupado com a ideia de que deixarei a minha família por dois dias sozinhas, mas tenho de fazer isto por ti, por nós. Eu sinto-me responsável por parte da tua felicidade neste momento.

- Obrigada, a sério. – Esboço um sorriso. – Tens sido um suporte fundamental na minha vida.

- Não tens de agradecer. Antes de sermos um casal, éramos e continuamos bons amigos e como bons amigos que somos, vamos manter a nossa confiança, a nossa fidelidade e ajudar-nos mutuamente. – Sorriu. Fazendo uma pausa e afastando-se um pouco de mim, volta a encarar-me nervoso com alguma situação. – Achas que é possível tocar na tua barriga?

A sua pergunta caiu em cheio à minha frente. Fiquei claramente desconfortável, ainda assim permiti que ele o fizesse. Sei o quão importante é para ele qualquer passo mais próximo do filho. O abandono do seu pai causou-lhe graves memórias de desespero, receio e incapacidade e essas pretendem não sair. Levantei ligeiramente a camisola e observei cada movimento da sua parte. Primeiro suspirou e continuou a fixar o seu olhar no meu, depois avançou com a sua mão até tocar na minha pele a medo. Senti múltiplas sensações indecifráveis quando a pouco e pouco, a mão dele se mexia por caminhos por mim ainda desconhecidos. Zayn sabia perfeitamente que não ia sentir nada, afinal ainda é uma pequena sementinha.

- Começo a gostar da ideia de ser pai. – Admite. Sorrio com o seu comentário tão carinhoso.

- Eu estou a aprender a aceitar a gravidez da melhor maneira. – Sorri também. – Onde foste ontem? Queria ter estado contigo um bocadinho.

Challenge {z.m}Onde histórias criam vida. Descubra agora