A porta do quarto abriu-se, por ela entrou Whaliyha com uma cara preocupada. O seu rosto pigmentava as suas rugas naturais na testa e olhos, deixando-me inseguro acerca de algum possível acontecimento. Comecei, primeiramente, por pensar que a minha irmã não tenha conseguido afastar o nosso pai de Safaa, visto ele saber qual o novo caminho que fazíamos para que não nos cruzássemos, contudo, sabia que Whaliyha era capaz de proteger a irmã das garras daquele homem. Depois, pensei que ela viesse perguntar acerca da nossa mãe e do desconforto que sentiu após a sua consulta. Ela estava triste e era notório. Mas algo não batia certo, deixei a minha mãe no quarto com um sorriso e uma promessa que com o tempo tudo iria voltar ao lugar.
- Precisamos de falar. – Ela volta a exigir. Assenti e com a minha mão, pedi que se sentasse ao meu lado.
Whaliyha fecha a porta do meu quarto e caminha até à minha cama, sentando-se à minha frente com as pernas cruzadas. Os seus olhos estão em cima do meu corpo, esperando que falasse.
– Por mais quanto tempo irias esconder-me isto? Visitaste-me tantas vezes e vivi na ignorância enquanto lá estive. Eu tinha o direito de saber que o meu pai tinha voltado. – A minha irmã julgou-me.
- Tens razão. Eu devia ter-te dito que ele tinha voltado, mas faltou-me a coragem. Fiquei muito magoado com a sua chegada, houve situações desagradáveis entre nós e eu não queria prejudicar a nossa luta por vocês. – Agarrei as suas mãos. – Ele apareceu aqui no Natal, já de madrugada. Estava pior de quando o viste ainda há pouco. Estava sujo, cheio de fome e sede, mas o meu ódio veio ao de cima. Não consegui ajudá-lo, mesmo ele sendo o meu pai. Quase lhe bati nessa noite, fiquei mesmo frustrado com o seu aparecimento. Depois fui para o hospital, desabafar com a mãe. Foi surreal.
- Passaste por tudo sozinho... - Whaliyha rastejou a sua voz. – Devias ter-me contado tudo, eu iria apoiar-te e talvez das poucas pessoas a compreender-te. Não te julgo por não teres conseguido ajudar o nosso pai, aliás, ele não o merece. Podem dizer-me que é um ser humano, que tem sentimentos, contudo ele não se lembrou disso quando arranjou coragem para deixar a família e partir para a sua vida solitária.
- O pai já falou com a nossa mãe e ela que meio meteu um ponto final na relação. Ela não consegue perdoá-lo. – Completei. – E eu também não. Não consigo esquecer o sofrimento que passámos, as lágrimas da mãe. Não consigo, simplesmente, apagar a imagem de tu a chamares o pai e eu entrar no seu lugar para apaziguar o teu choro. Não consigo ignorar o facto de que eu me tornei um homem, sem um papel por quem me seguir.
- Tens razão. – Sorriu. – Eu sei que tens a razão do teu lado. É certo que a Safaa não vai aceitar um não como resposta. Ela era um bebé quando tudo aconteceu, continuará com o bichinho de saber quem é o seu pai e conhecê-lo. Não queria que ela se desiludisse, mas a Safaa tem que aprender com as cabeçadas da vida.
- Eu sei. – Suspirei. – É por esse mesmo motivo que temos que prepará-la antes desse momento acontecer. Não podemos deixar que eles tenham o primeiro contacto sem a presença de um de nós.
- A minha vontade é ir lá fora e espetar-lhe algumas verdades na cara. Eu era uma miúda e ele abandonou-me. – Ódio via-se na cara da minha irmã. Apertei a sua mão contra a minha e pedi, baixinho, que se acalmasse. Não queria levantar suspeitas da nossa conversa, nem mesmo a minha mãe sonhava que as suas filhas já tinham avistado o pai. – Eu não vou perdoá-lo, não vou.
- Não tens que o fazer. – Afirmei. – O mano também não o vai fazer. Tens apenas que fazer o que te vai na consciência e se esse amiguinho, - Apontei para o seu peito, perto do coração. -, acha que estás no direito de não lhe dares uma oportunidade, só tens que o ouvir. Desculpa por tudo. Não estive bem contigo.
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Challenge {z.m}
FanfictionZayn Malik é apenas mais um adolescente adulto no meio de tantos em Bradford, cidade e distrito metropolitano de West Yorkshire, Norte de Inglaterra. Encontrar-se-á num meio ao qual não pensaria estar, cuidar da sua família. Precisará de aprender a...