Challenge {z.m}

27. Money

{Zayn}

Ontem aconteceu algo que conseguiu pôr a minha vida de pernas para o ar e que marca cada hora do meu sofrimento, ainda que este não seja expulso por opção. Não consigo encarar os lugares por onde passei com as minhas irmãs e não sei se terei forças suficientes para entrar na minha própria casa sem me lembrar que fui lá tão feliz com elas. Eu não sou um lutador como todos me pintam, eu sou um fraco, um desistente e só a minha irmã consegue ver a realidade nas coisas. Deixei-me de pensamentos que me metiam cada vez cabisbaixo e dediquei-me apenas ao trabalho que me foi solicitado pelo patrão, podia ser que estando com a cabeça ocupada, pudesse distrair-me e afastar-me um pouco de todos os problemas.

Olhei para o lado, reparando que a fábrica estava cheíssima de trabalhadores, depois de ter estado dois dias de folga para resolver os meus conflitos, é estranho. É muito estranho estar de volta ao trabalho e ter que encarar personagens da qual devem ter uma vida que eu gostaria de ter, contudo, é ainda mais estranho entrar neste espaço junto de Aimee e vê-la a trabalhar na secção ao lado. Há uns meses atrás, nunca pensaria estar nesta situação. Sempre fui empenhado a realizar as tarefas que me competiam e nunca estabeleci uma amizade tão forte com alguém que fosse até ela aparecer. Agora que olho para trás, não sinto falta da vida tristonha que tinha. Uma vida sem amigos verdadeiros com quem pudesse realmente contar. Todos precisamos de alguém que nos transmita energias positivas, que nos ajude numa certa fase, que nos dê amor e carinho e eu pude encontrar tudo isso na bondade da rapariga dos cabelos negros. Encarando-a, noto na forma como ela sorri enquanto fala com os seus amigos de longa data, amigos esses que nunca tive oportunidade de conhecer por achá-los demasiado extrovertidos para mim, por achar que eles se intrometem demasiado na vida dos outros, mas isso também são apenas suposições. Aimee gosta deles e não me parece que ela se fosse meter com pessoas que não lhe fariam bem.

Neste momento, só queria que as horas de trabalho passassem a correr para que pudesse ir ao hospital ver a mulher que me trouxe ao mundo. Quero encará-la e pedir-lhe desculpas por não ter segurado as suas filhas e pedir-lhe que não fique zangada comigo depois do seu acordar. Sonho todos os dias com o dia em que a minha mãe vai conseguir respirar sem a ajuda das máquinas e me possa encarar sem estar zonza. Sinto falta de ouvir as suas sábias palavras sem estarem arrastadas. Todas estas pequenas coisas que não acontecem, deitam-me abaixo. Não consigo, ultimamente, ver um lado positivo na minha vida, por mais que puxe pela cabeça. Eu estou abalado, sem eira nem beira e não tenho vontade de mudar... por ninguém. Estou completamente perdido.

- Zayn, posso ter uma pequena conversa consigo? – Quando olho para o dono da voz, encaro o homem responsável pela fábrica. Espero que não venham mais más notícias porque eu não tenho mais espaço para elas. – Não é nada de grave, quero apenas dar-te uma coisa. - Provavelmente, o patrão notou na forma como o meu rosto endureceu e ficou estático sem proferir quaisquer palavras que fossem.

- Peço desculpa, fiquei realmente assustado. – Desculpo-me e volto a concentrar-me no homem com estatura média.

- Eu vim ter consigo porque não posso virar costas a uma situação como a sua. Com isto, não quero dizer que tenho pena de si porque já percebi que é uma pessoa reservada e não tolera esse tipo de sentimentos. Contudo, eu quero apenas salvaguardar-lhe e adiantar-lhe algum dinheiro, para começar a ajudar a sua mãe. – Fiquei petrificado com as suas palavras. Para além de Aimee e Serena, nunca uma outra pessoa me tentou ajudar a nível monetário ou apenas com alguns afetos que mudaram a minha vida. Noto na forma como Palvin hesita em falar do assunto, por este mesmo ser um assunto delicado. Sei que ele apenas sabe da parte em que a minha mãe está deitada numa cama a lutar pela vida, não sabe da parte em que metade do meu coração foi para um sítio melhor, pior a meus olhos.