9. Thank You

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Aimee On

“Mas assim do nada Aimee? Eu estou preocupada contigo miúda.” Uma vez mais, Mermaid está no meu espaço a intrigar-me com perguntas desnecessárias, e remover o pensamento de que há algo de errado comigo, na sua cabeça está a ser realmente uma coisa impossível.

Mermaid, eu estou bem e de ótima saúde. Aliás, a minha saúde está boa para dar e vender.” Agarro no meu casaco castanho e ajeito as mangas da minha camisa branca listrada antes de o vestir.

Hoje o tempo parece estar com intenções de chover e o tempo nublado com a mistura do vento forte, não ajudam. Mermaid continua com o seu olhar exposto na minha silhueta definida enquanto permaneço a caminhar aleatoriamente pela minha casa. Vejo se tenho tudo o que preciso para mais um dia de trabalho, depois de um bom dia de descanso. Carteira, telemóvel, algum dinheiro, chaves de casa… E paciência para as histórias mirabolantes da minha amiga, confidente e colega de trabalho.

“Tu sais do nada de ao pé de mim e do Scott, sem dizeres alguma coisa e depois não se passa nada? Onde é que tens a cabeça?” Teoricamente, eu ainda fiz um favor ao seu coração abandonado.

“Devias agradecer-me em vez de estares aqui a atormentar-me com perguntas desnecessárias.” Não uma pessoa que se gosta de sentir presa ou ter de dar justificações a alguém, mesmo que seja uma pessoa a quem tenho imenso respeito e carinho. Isso notou-se pelo facto de ter adquirido o meu próprio canto, ainda muito nova e ter deixado facilmente a asa da mãe. Existem sempre vantagens quanto a isso, mas a solidão, por vezes, não é das coisas mais simpáticas, principalmente quando só queríamos ter uma simples conversa ou soltar umas gargalhadas com alguém. Em contrapartida, sinto falta que alguém roube o meu coração. “Eu tive apenas que tratar de uns assuntos, coisas banais.”

“Eu vou acreditar em ti, contudo continuo a achar que me estás a esconder alguma coisa. Sabes… Eu sou muito desconfiada.” Dá para ver Mermaid, o meu pensamento fala por si.

“Falemos de outras coisas. Estive a pensar na conversa que tivemos há alguns dias e acho que tens uma certa razão, eu preciso realmente de renovar um pouco o meu armário.” Será que se eu pedisse ao Zayn para levar as suas irmãs, ele aceitaria? Aquelas meninas não devem entrar em lojas de roupa há muito tempo. Já nem devem saber como é tocar numa roupa pendurada nas estruturas locais, ou simplesmente, cheirar o cheiro a novo. Eu tenho a certeza absoluta e não o condeno por tentar proteger as irmãs e as suas vastas ilusões, mas se eu gastar mais uns dinheirinhos a comprar uma ou duas blusas para elas, não prejudicará nem a mim e ainda consigo meter duas crianças felizes.

“Alguma vez tu tinhas de me ouvir. Deus te abençoe, querida!” Ambas rimos enquanto abandonávamos o meu apartamento. Não que a minha vontade fosse muita para trabalhar, mas este é um dever e o dever espera-nos.

Depois de vestir a minha bata e estar cem por cento preparada para oito longas e duras horas de trabalho, atravesso o tão conhecido corredor para ir em direção da minha área de trabalho. Zayn ainda não havia chegado, o que de facto era estranho. Ele é sempre dos primeiros a chegar. Os meus lábios chocam um contra o outro depois de um mero suspiro ser expulso pelos mesmos. Sinceramente, por vezes penso que me meti numa embrulhada ao qual já não consigo sair, e honestamente, porque não quero mesmo sair. Este rapaz ou homem, ou qualquer sinónimo que eu lhe possa determinar como ser do sexo masculino, faz-me ficar confusa com certos atos, palavras, e pensamentos que eu gostaria de vir a saber. Eu nem se quer sei se ele tem algum de tipo de opinião formada sobre mim, ou se a sua impressão de mim é relativamente boa. E talvez isso me preocupe um pouco.

“Bom dia Aimee.” Clico no botão de desligar da minha máquina de trabalho e limpo as minhas mãos numa toalha, regada de óleo e de graxa preta dos sapatos. Solto um sorriso dos meus lábios quando vejo a silhueta da minha mais recente conquista, mas este logo desaparece quando noto que os seus olhos estão relativamente pesados do sono acumulado. Estes estavam ainda mais escuros que o habitual e as suas olheiras mais pareciam dois buracos negros perdidos na imensidão do seu rosto. No entanto, fico feliz por ele ter mudado um pouco o humor desde ontem à tarde e que tenha sido ele mesmo a vir ter comigo. Isso faz-me pensar que eu não sou assim tão má pessoa.

Challenge {z.m}Onde histórias criam vida. Descubra agora